Nas últimas semanas, Neymar voltou a ocupar amplamente os noticiários e, novamente, não é por conta do seu desempenho do nos campos de futebol, mas sim por mais uma polêmica de traição. Desta vez, o episódio envolve seu relacionamento com a influencer Bruna Biancardi, grávida do segundo filho do craque, e a também influenciadora Fernanda Campos, com quem o craque saiu às vésperas do Dia dos Namorados.  A atitude recorrente de Neymar provocou uma onda de comentários nas redes sociais.

“O que torna a atitude do jogador “pior”, não é a condição de gravidez da namorada, muito menos a data em que os fatos se deram, já que o único responsável pela traição foi quem escolheu trair. Afinal, somos responsáveis por nossas escolhas sempre”, diz a  psicanalista Andrea Ladislau, colunista da seção ‘Palavra de Especialista’ do Portal ViDA & Ação.

Para Henri Fesa, especialista em relacionamentos, embora essa situação seja apenas um exemplo entre muitos casos de traição que ocorrem diariamente em todo o mundo, ela nos faz refletir sobre a importância de construir relacionamentos baseados na confiança, no respeito e na honestidade.

“Precisamos reconhecer que as situações de traição são complexas e emocionalmente carregadas, trazendo à tona questões sobre fidelidade, respeito e confiança, mas que nem sempre têm o mesmo significado. A comunicação aberta e honesta é uma das principais necessidades para que os relacionamentos tenham a devida harmonia e companheirismo dentro dos acordos que estabeleceram para si”, ressalta.

Após tamanha repercussão, o jogador assumiu o erro publicamente, através de uma carta de pedido de perdão para a noiva traída. Mas para Andrea Ladislau, nada diminui ou justifica a dor de quem é traído.

“A questão é que expõe, machuca, dói e quebra a confiança. É uma forma de decepção, de rompimento ou violação da presunção do contrato social que produz conflitos morais e psicológicos entre os relacionamentos individuais, gerando desequilíbrio e desconforto entre os envolvidos e expondo fraquezas psíquicas, não só do traído, mas também do infiel”, ressalta. 

Para a psicanalista Andrea Ladislau, apesar de a traição ser muito comum em dias atuais, ela pode ser mais complexa do que uma mera falha de caráter. Os motivos podem ser vários insatisfação pessoal; necessidade de viver aventuras; enraizamentos de infância; interesse ou atração por outra pessoa, entre outros. A análise passa por um aspecto ainda maior: a traição pode ser caracterizada por imaturidade? Ou seria falta de caráter do traidor?

Para Andrea, do ponto de vista psicológico, atitudes recorrentes de traição podem denunciar traumas, faltas enraizadas ou mesmo crenças limitadoras. Pode ser, inclusive, o reflexo de uma busca constante por preencher uma falta, uma dor ou um amor não correspondido, frente aquilo que se desejava. Em muitas situações, também pode estar relacionada a condições vistas e aprendidas na infância, que se internalizaram, como: um pai traidor e desrespeitoso ou uma relação problemática com a mãe”.

“Ou seja, cada caso é um caso, não se pode generalizar ou apontar dedos. Visto que, os padrões comportamentais têm raízes profundas, o que tornam os relacionamentos cada vez mais complexos’, ressalta a especialista. 

Traição gera impactos negativos para a saúde mental

Especialistas destacam que a traição pode ter um impacto negativo na saúde mental e física das pessoas envolvidas. “Aqueles que foram traídos muitas vezes enfrentam sentimentos de baixa autoestima, depressão, ansiedade e estresse. A dinâmica do relacionamento também pode ser alterada, com um aumento da desconfiança e da vigilância, tornando difícil restabelecer uma conexão saudável”, diz Caio Bittencourt.

Segundo Andrea, a traição acarreta sintomas semelhantes ao transtorno de estresse pós-traumático e ativa inseguranças, carências, baixa autoestima recalcadas na vítima, bem como a quebra da confiança.

“Impactos e consequências negativas que afetam, significativamente, o emocional do par, a ponto de desencadear ou agravar quadros de ansiedade intensiva e hipervigilância. A sensação de vulnerabilidade ruminativa potencializa a ideia da perda de controle e pode gerar insônias, baixa concentração, raiva, isolamento e desejo de vingança”, esclarece a especialista.

Qual a atitude que a vítima traída deve tomar após descobrir a deslealdade?

Claro que cada pessoa vai reagir a uma traição de forma individualizada, conforme seus conceitos e vivências pessoais. Mas os eventos de deslealdade mostram que superar uma traição é um processo longo e desafiador.

“Por isso, o diálogo e a sinceridade são sempre bons aliados em uma relação amorosa, dentro de uma métrica de confiança, onde ambos experimentam a sensação de ter uma base sólida, o que aumenta a probabilidade do relacionamento permanecer feliz a longo prazo, sem a necessidade de enfrentamento por feridas do apego”, ressalta Andrea Ladislau.

Causas e consequências da traição para o relacionamento

Para o especialista em relacionamento do site MeuPatrocínio, Caio Bittencourt, explica que a traição é uma questão complexa e delicada que afeta muitos casais em todo o mundo. Embora cada caso seja único, existem fatores comuns que podem levar à traição, como a falta de comunicação efetiva, a insatisfação emocional ou sexual, a busca por novidades, a dificuldade em lidar com a intimidade ou até mesmo a impulsividade.

“É importante ressaltar que nem todos os relacionamentos enfrentam a traição e que cada casal é responsável por definir seus próprios valores e limites. Embora o caso envolvendo Neymar possa chamar a atenção do público, ele serve como um lembrete para a sociedade refletir sobre as complexidades dos relacionamentos e a importância de cultivar o respeito mútuo e a fidelidade”, afirma.

Caio Bittencourt explica que a confiança é um pilar fundamental em qualquer parceria amorosa, e a traição abala profundamente essa confiança.

“A base de qualquer relacionamento é a comunicação, o casal tem que ser transparente, mesmo que seja sobre desejar outro alguém. A traição pode gerar cicatrizes emocionais duradouras, resultando em dificuldades para reconstruir a confiança e até mesmo em rompimentos definitivos. Sendo que se tudo fosse esclarecido e aberto, poderia ainda ser um laço para fortalecer a relação.”

Para o especialista em relacionamentos, a comunicação é essencial. “A comunicação aberta e honesta, a empatia e o compromisso mútuo são aspectos fundamentais para a construção de uma relação saudável e duradoura”.

“Traição é falta de responsabilidade afetiva e de honestidade”, diz especialista

Para Henri Fesa, representante da Casa das Magias, diante de uma situação de traição, é possível ir além da decepção e do rancor e utilizar o momento para reflexão e crescimento a longo prazo, entendendo a necessidade da transparência nas relações,

Isso pode permitir a criação de um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para expressar seus sentimentos, preocupações, desejos, evitando assim ocasiões que possam levar à traição. “Apesar de ser notório que, na maioria das vezes, esse é um problema mais de quem traiu, em não seguir com os acordos de fidelidades estabelecidos e não ser claro com suas intenções”, ressalta.

Ele ainda desta a importância da responsabilidade afetiva, um tema ainda pouco falado na sociedade.

“É o movimento de assumir o seu papel quanto às expectativas criadas em uma relação. Afinal, não é correto estimular um relacionamento, sobretudo monogâmico, planejar e fazer juramentos para depois ter atitudes contrárias e que desestabilizam emocionalmente a outra pessoa. Responsabilidade afetiva precisa ser a prioridade”, continua Fesa.

No entanto, ele acredita que situações difíceis podem ser oportunidade para o crescimento pessoal e a evolução dos relacionamentos. É importante refletir nos erros cometidos, reconhecer os impactos que eles têm nos outros e, para quem se decepcionou, observar as possíveis dependências emocionais e expectativas que se cria em cima da pessoa amada.

“Todo relacionamento, por mais amor que tenha, não deve ser motivo de retirar os planos que podemos fazer para nós mesmos ou até mesmo nosso amor próprio”, conclui o especialista.

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