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Em meio a tantas opções de brinquedos, ela preferiu um cachorrinho de verdade adotado. O presente de Maria Antonia, de 6 anos, para este Dia das Crianças foi escolhido com acerto, diz o pediatra Carlo Crivellaro, especialista e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo ele, conviver com animais traz grandes e importantes benefícios na vida das crianças, pois ajuda na formação de competências e habilidades para a vida adulta.

Membro da Highway to Health International Healthcare Community, ele recomenda presentear com um bichinho de estimação por vários motivos. “O desenvolvimento infantil está dividido em crescimento biológico (aspecto físico) e o desenvolvimento das habilidades e das capacidades (cognitivo, emocional e social). Foi comprovado cientificamente que apenas 30% do desenvolvimento infantil é genético, e 70% depende de estímulos externos (brincadeiras, atividades e exercícios), principalmente até os 3 anos de idade”, explica.

Segundo ele, ao permitir que a criança conviva com animais de estimação desde pequena, os pais estão oferecendo ao filho uma maneira incrível de experimentar o mundo físico e social, estimulando habilidades motoras e cognitivas, e, ao mesmo tempo, diminuindo problemas emocionais por meio do vínculo afetivo com o animal. Este relacionamento pode trazer para a criança conforto, aumento da autoestima, apoio e confiança.

Crivellaro reuniu estudos que mostram que crianças com animais de estimação desenvolvem benefícios nas seguintes áreas:

  • Benefícios físicos:

Uma pesquisa sobre desenvolvimento infantil, realizada nos Estados Unidos, mostrou que crianças que interagem com seu animal tendem a não desistir com facilidade de atividades que julgam ser difíceis. Junto com o animal, a criança tenta novamente, com persistência, até conseguir realizar seu objetivo, de maneira que nenhum programa de televisão, jogo, videogame ou brinquedo conseguiu estimular.

Quanto mais estímulos a criança tiver, mais conexões neurológicas se formarão e, portanto, mais habilidades a criança vai ter. A presença de um animal de estimação em casa, interagindo diretamente com a criança, incentiva a realização de atividades de coordenação motora global (engatinhar, ficar em pé, andar, equilibrar-se, correr, subir e descer escadas) e atividades de coordenação motora fina (desenhar, pintar, segurar objetos pequenos). Crianças de famílias que possuem um animal de estimação tem maior desenvolvimento motor.

 

  • Benefícios psicológicos:

O vínculo que surge entre a criança e o animal faz com que ela desfrute de um amigo e companheiro que sempre estará ao seu lado e que a aceita sem pedir nada em troca. Os animais de estimação fazem a criança se sentir mais segura, confiante, útil, valorizada e importante, ajudando na sua autoestima. São necessidades humanas indispensáveis para o desenvolvimento saudável até a vida adulta.

 

Cuidar do animal (alimentar, educar, treinar) ajuda a criança a se sentir competente, de maneira muito mais eficaz do que quando aprendem a fazer coisas da vida diária. Os animais não sabem, mas ajudam e muito os pais a ensinar experiências que envolvem as emoções, responsabilidades e consequências, desenvolvendo paciência, autocontrole, respeito, autonomia e liderança em seus filhos.

 

  • Benefícios sociais:

O ser humano precisa das interações sociais para a satisfação de suas necessidades. Essa interação começa quando uma pessoa tem a percepção do outro. Para que essa percepção seja bem-sucedida, é importante perceber o outro de forma correta.

 

Quando uma criança convive com algum animal, ela aprende a fazer a leitura corporal, que é um elemento fundamental para a empatia (capacidade de compreender o sentimento ou a reação do outro). A criança aprende a ver o próximo com mais facilidade, como alguém com características e sentimentos diferentes dos seus.

 

Essa aprendizagem ajuda a criança a não olhar apenas para si mesma, e a não ser egoísta. A compreensão dessa diferença faz dela um ser humano mais sociável, com uma personalidade sadia e com uma ótima interação social.

O animalzinho também pode servir como forma de comunicação, pois favorece a aproximação entre pessoas, fazendo com que conversem de assuntos diversos.

 

As crianças mais tímidas podem ser muito beneficiadas pelo bichinho de estimação. Em situações novas, com pessoas desconhecidas, tendem a se fechar. A presença do animalzinho reduz a ansiedade do ambiente e tira o foco de atenção da criança. Ao se sentir mais relaxada e segura, suas chances de se relacionar com os outros aumentam significativamente.

 

  • Benefícios cognitivos:

O desenvolvimento cognitivo é o processo de adquirir conhecimentos como: pensamento, linguagem, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação. É nessa área do desenvolvimento que a criança percebe o ambiente externo em que vive e que nos relacionamos. Para adquirir esses conhecimentos, não há segredo, somente aprender. O desenvolvimento cognitivo da criança passa por fases. A passagem de uma fase para a outra depende dos estímulos que a criança recebeu e da reação da própria criança sobre esse novo conhecimento.

 

Se os pais enxergarem no animal de estimação um instrumento facilitador para a aprendizagem de seus filhos, eles terão um grande aliado. Um animal de estimação tem o “poder” de despertar o interesse e o prazer pelo conhecimento na criança. Por si mesmo, o animal representa um elemento motivador.

 

Pesquisas mostram que as crianças que interagem, constantemente, com os animais apresentam maior desenvolvimento cognitivo, obtêm pontuação maior em testes de QI (Quociente de Inteligência) e melhoram o rendimento na leitura, ao longo do tempo. Os bichinhos de estimação também ajudam na criatividade.

 

Mas antes de levar o animal para casa, não se esqueça de que ter um bicho requer muito compromisso. O animal não deve ser tratado como um brinquedo, precisa de cuidados em relação a vacinas, higiene, alimentação adequada e, claro, receber carinho e atenção.

 

A criança, na maioria das vezes, vai amar estar ao lado do animal, mas também haverá situações em que ela poderá sentir raiva ou se sentir frustrada. Isso pode ocorrer no caso de o bichinho não a obedecer ou morder suas coisas. Provavelmente, a primeira reação da criança será de querer bater ou gritar. É aí que os adultos devem interceder e explicar que o animal não sabe o que está fazendo e orientar a criança de forma a aprender a lidar com ele com respeito e dedicação.

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