Casal decidiu gerar Antonella após 16 anos juntos
Segundo a assessoria do casal, Antonella, antes de tudo, representa o amor de Jarbas e Mikael, que estão juntos há 16 anos. Eles sempre sonharam em ter uma filha e foram “presenteados”, como afirmam, com a possibilidade que a medicina proporcionou ao realizarem o tratamento que possibilitou a chegada da Antonella por meio da fertilização in vitro.
O processo foi feito com o sêmen de Jarbas e o óvulo da irmã de Mikael — o que fez com que Antonella carregasse, de fato, o DNA dos dois pais. A gestação foi realizada por uma amiga do casal, que se ofereceu como barriga solidária, tornando o sonho possível com muito afeto, generosidade e em caráter de altruísmo.
Desde que Antonella nasceu nossa vida se transformou, nossa rotina mudou e hoje o sentimento é de que nossa família está completa”, afirma Mikael. “Nós nos enxergamos como qualquer família. A chegada da Antonella mostra à sociedade a naturalidade das diversas formas de gerar amor. Nosso objetivo é que a normalidade prevaleça aos olhares da sociedade. Amor, temos de sobra para dar”, completa Jatbas.
Sucesso e inspiração nas redes sociais até entre casais heterrosexuais
De acordo com a nota da assessoria do casal, “a história de Antonella tem inspirado as pessoas que os acompanham nas redes sociais, o crescimento da Antonella e o dia a dia de seus dois pais, que a criam com muito amor e consciência para enfrentar o preconceito”.
Para o casal, o nascimento de Antonella é “um marco na luta pela visibilidade e aceitação de famílias homoafetivas”. Jarbas e Mikael compartilham sua jornada nas redes sociais, onde uma crescente rede de apoio os acompanha e celebra suas conquistas.
Eles nos perguntam sobre o processo de fertilização, querem saber sobre a barriga solidária e também dar palpites na criação da Antonella. São todos muito participativos e nos apoiam de uma maneira incrível”, comenta Jarbas.
Diariamente, Jarbas e Mikael recebem mensagens de apoio e dicas valiosas de seguidores. “É emocionante ver o carinho que recebemos. As dicas, desde cuidados básicos até conselhos parentais, são muito valiosas”, compartilha Mikael. “A participação dos nossos seguidores é essencial e nos faz sentir importante.”
A visibilidade nas redes sociais trouxe um impacto significativo: “Conseguimos mostrar ao mundo a normalidade de um casal homoafetivo criando sua filha”, explica Jarbas. “Queremos que nossa história se torne conhecida para mostrar que somos uma família normal, com amor e desafios como qualquer outra.”
Antonella já é uma inspiração e, com o apoio de uma comunidade online carinhosa, continua a crescer rodeada de amor e aceitação. A história de Jarbas e Mikael inspira outros casais homoafetivos que buscam orientação sobre o processo de barriga solidária. “Estamos sempre dispostos a ajudar e compartilhar nossa experiência”, afirma Mikael.
Amor e ódio: bebê e pais são alvos de agressões nas redes sociais
“O amor que enfrenta o ódio”, é assim que um dos pais de Antonella resume o que tem sido a vida da família desde o nascimento da menina. “Nós criamos uma página no Instagram para inspirar outras pessoas a seguirem os nossos passos e mostrar como a ciência encontrou a solução para que casais homoafetivos masculinos possam ter um filho com o DNA dos dois”, relata Jarbas.
Nas postagens, o casal compartilha os momentos da vida familiar. Mikael é fotógrafo profissional e responsável por registrar os momentos vividos pelo casal ao lado da filha, sempre com muita beleza e expressando toda a felicidade que estão sentindo. Jarbas cuida da estrutura familiar e se nutre das dicas que recebe diariamente dos seguidores.
A Antonella é a nossa maior alegria. Cada momento que compartilhamos é uma celebração do amor que construímos juntos”, afirma Mikael. “Queremos que ela cresça cercada de amor e respeito, e que saiba que a diversidade é uma riqueza, não uma barreira.”
O casal também enfrenta desafios, como mensagens de ódio, mas mantém uma postura firme. Se por um lado o amor e a superação dos obstáculos enfrentados pela família têm conquistado corações, por outro estão aqueles que não se importam de fazer manifestações de ódio e intolerância.
O perfil se tornou um campo de batalha contra “hates”. “Decidimos não dar palco para o preconceito. Nossa história é de amor e não será abalada por negatividade”, afirmam. Os ataques de ódio e intolerância se manifestam nos comentários, o amor expresso pela família é frequentemente ofuscado por mensagens de desprezo e crítica.
A menina vai crescer e dizer, quem é minha mãe?”, diz um comentário. Outro acrescenta: “É melhor ter 16 seguidores do que ter 16 anos de casado com outro homem”, evidenciando a hostilidade que ainda permeia a sociedade.
“Infelizmente, ainda enfrentamos esse tipo de reação. É desanimador, mas ao mesmo tempo, nos fortalece”, declara Jarbas. “O amor que temos pela nossa filha é maior do que qualquer mensagem negativa. Queremos que ela saiba que é amada e aceita, independentemente da opinião dos outros.”
Os ataques não se limitam a críticas veladas; alguns são abertamente agressivos. “Meu Deus, venha senhor Jesus. O mundo está uma M…”, diz um comentário, enquanto outro expressa: “Que situação triste aos olhos do altíssimo”, o que para Jarbas reflete uma mentalidade difícil de ser mudada: “Esse é o fundamentalismo religioso expressado por uma parte da sociedade. Que escolheu odiar em vez da compaixão e o olhar fraterno pelo outro”.
Segundo os pais, as mensagens fizeram de Antonella um símbolo de resistência contra a intolerância.
Quando olhamos para a Antonella, vemos a esperança de um futuro mais inclusivo”, ressalta Mikael. “Ela é a prova de que o amor pode prosperar em qualquer circunstância. Esperamos que nossa história inspire outras famílias, sejam elas homoafetivas ou heterossexuais.”
Os pais de Antonella acreditam que, ao expor sua vida nas redes sociais, estão contribuindo para mudar a mentalidade daqueles que ainda perseguem quem pensa ou age de forma diferente da crença deles” temos fé de que, ao mostrar nosso amor, estamos ajudando a construir um mundo mais acolhedor”, finaliza Jarbas.
Símbolo da luta contra homofobia vira estrela da publicidade
A fama da menina nas redes sociais chamou a atenção do mercado publicitário — especialmente de empresas engajadas em causas sociais e na defesa dos direitos das minorias. “Estamos felizes com o interesse cada vez maior de empresas comprometidas com causas das minorias, especialmente o apoio à luta contra a homofobia”, destaca Jarbas.
O casal também tem sido convidado para eventos importantes, como o da Lago — Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Unisinos, no Rio Grande do Sul. Recentemente, participaram de dois simpósios em Porto Alegre, também dois em Florianópolis, através do Projeto Nós Tentantes, que incentiva mulheres a doação de óvulos e sua importância.
“Nossa participação se dá compartilhando a experiência com a doação de óvulos e a importância dessa alternativa para quem sonha em formar uma família. Nas palestras, mostramos que o processo de barriga solidária não é exclusivo para casais homoafetivos. Ele também é uma opção para pais e mães solos, além de casais heterossexuais que por alguma razão, não conseguem engravidar naturalmente”, explica Mikael.
Estamos aqui para inspirar e encorajar mulheres a serem doadoras de óvulos, mostrando que nossa história é um exemplo de como a doação pode realizar o sonho de ser pai ou mãe, independentemente da orientação sexual”, finaliza Jarbas Bitencourt.