A fibromialgia, caracterizada principalmente por dor crônica persistente, fadiga e mudanças de humor, é mais comum do que muitas pessoas imaginam. Pesquisas recentes indicam que a doença afeta entre 2% e 4% da população global, com prevalência em mulheres.  No Brasil, estima-se que a fibromialgia atinge 2% da população. No entanto, ainda é frequentemente subdiagnosticada e mal compreendida.

A reumatologista Morgana Ohira, vice-presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ), que atua na Santa Casa da Misericórdia, uma das principais pautas relacionadas à doença é o diagnóstico desafiador.

Pacientes com fibromialgia ainda enfrentam dificuldades em conseguir informações concretas sobre a condição” e precisam lidar com julgamentos, sobretudo dos sintomas, de quem não compreende a complexidade e os impactos da doença”.

Para disseminar mais conhecimento sobre o tema e esclarecer algumas das principais dúvidas sobre o assunto, ouvimos dois especialistas a respeito: a reumatologista Morgana Ohira, professora de Reumatologia da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro, e o médico neurocirurgião, Marcelo Valadares, pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A prevalência da fibromialgia é maior em mulheres

VERDADE – A predominância da fibromialgia em mulheres adultas é real e tem sido objeto de pesquisas ao longo dos anos. Estima-se que entre 80% e 90% dos casos ocorram em mulheres, com o ápice da doença entre os 30 e 50 anos. Segundo Morgana, pode haver, sim, uma incidência epidemiológica maior em mulheres, porém, homens e até crianças também podem ter a doença.

Embora a ciência ainda explore o assunto, acredita-se que as mulheres estejam mais suscetíveis à fibromialgia. Entre as possíveis explicações para isso estão as flutuações hormonais, que desempenham papel na sensibilidade à dor na regulação do sistema nervoso; fatores genéticos; ou fatores psicossociais, como estresse crônico, condições de saúde mental como ansiedade e depressão. Além disto, em relação ao sistema nervoso central, também podemos ressaltar que as mulheres tendem a produzir níveis menores de serotonina, um neurotransmissor associado à sensibilidade à dor”, afirma o Dr. Marcelo Valadares.

O único sintoma da fibromialgia é a dor crônica

MITO. Embora a dor crônica seja um sintoma predominante da fibromialgia, ela é uma condição complexa que envolve uma variedade de sintomas, incluindo fadiga, distúrbios do sono, problemas cognitivos (conhecidos como “névoa cerebral”), rigidez muscular e sensibilidade aumentada em várias partes do corpo. Além disso, o médico explica que estudos destacam também os impactos na saúde mental da condição.

A fibromialgia pode se manifestar de maneira diferente em cada pessoa. Enquanto algumas pessoas podem experimentar dor intensa em todo o corpo, outras podem ter dor localizada em áreas específicas. Além disso, os sintomas podem variar em gravidade. O tratamento personalizado e multidisciplinar é essencial para lidar com essa variedade de sintomas”, explica o neurocirurgião.

De acordo com a médica Morgana, a fibromialgia deve ser suspeita nos pacientes com dor crônica, generalizada, ou seja, em diversas partes do corpo, com pelo menos 3 meses de duração, sem outra causa identificada.

A condição é causada apenas por fatores psicológicos

MITO. Embora o estresse, a ansiedade e a depressão possam piorar os sintomas da fibromialgia, a causa exata da condição ainda não é completamente compreendida. Segundo o especialista, pesquisas sugerem que seja uma condição que afeta a forma como o cérebro processa sinais de dor, além de ter influências genéticas, hormonais e sociais.

fibromialgia também pode afetar crianças

VERDADE. Embora a fibromialgia seja mais comum em adultos, ela também pode afetar adolescentes e até mesmo crianças. Os sintomas podem se manifestar em qualquer idade, embora o diagnóstico em crianças possa ser mais desafiador devido à dificuldade em expressar seus sintomas.

O diagnóstico nem sempre é simples

VERDADE. O diagnóstico da fibromialgia costuma ser complexo e desafiador, devido à semelhança dos sintomas com outras condições médicas. Frequentemente é confundida com tendinite ou esclerose múltipla, por exemplo. Além disto, não há um exame específico que possa confirmar a presença da fibromialgia, e os sintomas variam amplamente de pessoa para pessoa. É necessária uma avaliação clínica detalhada, considerando a história médica do paciente, seus sintomas e a exclusão de outras condições médicas.

O tratamento da fibromialgia se resume apenas ao consumo de medicamentos

MITO. Embora não haja cura para a fibromialgia, existem opções de tratamento que podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, mas os medicamentos não são a única opção. O Dr. Marcelo Valadares defende que o tratamento multidisciplinar é essencial.

Além dos fármacos para alívio da dor, é necessário incluir tratamentos como fisioterapia, a inclusão de exercícios físicos na rotina, como o pilates, terapia ocupacional, técnicas de relaxamento, mudanças na dieta e estilo de vida, entre outras abordagens multidisciplinares. O tratamento deve ser individualizado, considerando todo o histórico do paciente”, afirma.

Ainda não há cura para a fibromialgia

VERDADE. “Não existe cura definitiva para a doença, mas existem diversas opções de tratamento, como medicamentosos e terapêuticos, para gerenciar os sintomas desencadeados por ela”, esclarece Morgana.

A alimentação pode auxiliar no tratamento

VERDADE. Mesmo não havendo uma dieta específica para a fibromialgia, consumir alimentos anti-inflamatórios, como frutas vermelhas, folhas verdes e abacate, por exemplo, e evitar processados e cafeína em excesso pode contribuir para melhorar o bem-estar geral do paciente.

Não existe um exame para diagnosticar a doença

VERDADE. “Não existem exames laboratoriais específicos ou de imagem que confirmem o diagnóstico da fibromialgia”, explica a vice-presidente da SRRJ. Por isso, o especialista deve se basear nos sintomas de dor difusa, “envolvendo várias regiões do corpo e de localização não precisa – muitas vezes, acompanhada por fadiga e por distúrbios do sono”.

Vale lembrar que o tratamento para a fibromialgia deve ser multidisciplinar e levar em consideração o contexto de cada paciente. Por isso, além de buscar informações confiáveis sobre a doença, é fundamental ter acompanhamento médico específico e qualificado, que busque a melhoria da qualidade de vida.

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Tratamento da fibromialgia com medicamentos

Especialistas afirmam que a fibromialgia não tem cura, mas pode ser controlada com eficácia.  O tratamento é multidisciplinar e envolve medicações, terapias e atividade física podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

tratamento é individualizado e irá depender dos sintomas apresentados por cada paciente e do momento de vida do paciente. A resposta ao tratamento dependerá da intensidade da doença no paciente.

Vários fatores influenciam a boa resposta terapêutica como a compressão da doença pelo paciente, os fatores genéticos, o comprometimento psicológico, insatisfação no trabalho e familiar.

O rol de medicamentos para o tratamento da fibromialgia é amplo e inclui analgésicos, anti-inflamatórios, antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares e medicamentos para distúrbios do sono.

O tratamento medicamentoso da fibromialgia, além de aliviar a dor, busca melhorar a qualidade do sono e tratar sintomas associados, como depressão e ansiedade”, explica a pesquisadora da indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, Amanda Bedin.

 “A conscientização da população e dos profissionais de saúde sobre a fibromialgia, também é crucial para garantir que os pacientes recebam o suporte e o tratamento de que precisam”, conclui Marcos.

fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor generalizada, fadiga intensa e distúrbios do sono, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Embora não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado permitem o controle dos sintomas e uma rotina mais equilibrada.

A condição afeta principalmente mulheres entre 30 e 60 anos e pode ser confundida com outras doenças devido à sua ampla gama de sintomas. De acordo com o Dr. Marcelo Jerez, diretor do One Day Hospital e da Clínica Alphaview, “o diagnóstico precoce é essencial para garantir um tratamento eficaz. A dor constante, a fadiga extrema e os distúrbios do sono são sinais de alerta que não devem ser ignorados”.

Sintomas e diagnóstico

Os principais sintomas da fibromialgia incluem:

  • Dor generalizada e persistente por pelo menos três meses;
  • Fadiga extrema, mesmo após uma noite de sono;
  • Distúrbios do sono, como insônia ou sono não reparador;
  • Dores de cabeça frequentes;
  • Problemas de memória e concentração (conhecido como “fibro fog”);
  • Sensibilidade aumentada à dor e ao toque.

O diagnóstico é feito a partir da análise clínica, levando em conta os sintomas relatados pelo paciente e a exclusão de outras doenças que possam causar sintomas semelhantes. “Não existe um exame específico para a fibromialgia, mas médicos experientes podem identificá-la por meio de uma avaliação detalhada”, explica o Dr. Marcelo Jerez.

Tratamento e qualidade de vida

Embora não haja cura para a fibromialgia, diversos tratamentos ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Algumas abordagens incluem:

  • Medicamentos para dor e relaxantes musculares prescritos por um especialista;
  • Terapias físicas, como fisioterapia e acupuntura;
  • Atividades físicas de baixo impacto, como caminhadas, ioga e hidroginástica;
  • Suporte psicológico para lidar com o impacto emocional da doença;
  • Alimentação balanceada e hábitos saudáveis para reduzir inflamação e fadiga.

“O tratamento multidisciplinar é fundamental para que o paciente consiga retomar suas atividades diárias com menos dor e mais qualidade de vida.”, ressalta o Dr. Marcelo Jerez.

informação e o suporte adequado são essenciais para que pacientes e familiares compreendam a fibromialgia e busquem atendimento médico diante de sintomas persistentes. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores são as chances de um tratamento eficaz e de uma vida com mais bem-estar e autonomia.

Com Assessorias

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