Quando pensamos em queda, tendemos a imaginar algo pontual, acidental. Mas essa estatística mostra que cair faz parte da rotina de milhares de idosos no Brasil — e que, na maioria das vezes, isso poderia ser evitado com medidas simples de prevenção”.
A fisioterapeuta diz que a população já tem mais consciência sobre as adaptações necessárias no ambiente, como a retirada de tapetes, colocação de barras de apoio em locais de maior perigo, como o banheiro, e o uso de sapatos antiderrapantes. Ainda existem, porém, pessoas que negligenciam a atividade física, essencial para melhoria da resistência, flexibilidade e equilíbrio, o que reduz o risco de quedas.
A pessoa que se mantém ativa ao longo da vida ou começa a fazer exercícios vai ter um processo de envelhecimento muito diferente. A gente fala muito de sarcopenia, que é a perda de massa muscular e se você faz atividade física, você evita essa sarcopenia, que já começa aos 30 anos. Então, quando você chegar aos 65, 70 anos, se mesmo assim eventualmente acontecer algum tipo de queda ou fratura, a recuperação é muito mais fácil”, complementa Raquel.
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De acordo com a especialista, mesmo quem já é idoso e não acumulou essa reserva ao longo da vida, se beneficia dos exercícios iniciados nessa fase: “Eles podem ser administrados por um fisioterapeuta, claro, mas também podem ser reproduzidos por um familiar ou um cuidador. Mesmo exercício simples de equilíbrio, de força muscular, já contribuem muito.”
Raquel também reforça que a reabilitação após a queda é essencial para que a pessoa recupere sua qualidade de vida: “Quando o idoso cai, se ele tiver uma fratura, geralmente ele perde autonomia, muitas vezes precisa ficar de repouso na cama… Isso tem uma consequência psicológica muito grande. Além disso, ele começa a ter uma perda de massa muscular cada vez mais acentuada, porque ele está imóvel”.
O que leva idosos aos riscos de quedas
As causas das quedas são múltiplas. Fora de casa, desníveis nas calçadas, iluminação precária e irregularidades no piso são armadilhas constantes. Dentro do lar, riscos escondidos nos gestos cotidianos: levantar-se da cama, tomar banho, calçar os sapatos. “Não se trata apenas do ambiente. A condição física e cognitiva, o tipo de calçado, a medicação, tudo deve ser observado”, reforça Raquel Gonçalves.
Prevenção vai além dos cuidados comuns
Prevenir quedas vai muito além da instalação de barras no banheiro ou da retirada de tapetes. Segundo a fisioterapeuta, os cuidados exigem um olhar integral sobre a rotina do idoso. “Estar ativo é essencial. O indivíduo em faixa etária avançada que se movimenta, participa de grupos sociais, caminha e se sente útil, tende a preservar mais a autonomia e o equilíbrio. Já o isolamento e a inatividade são portas abertas para o declínio”.
O papel do cuidador ganha ainda mais relevância
Raquel destaca a importância de contar com profissionais especializados em prevenção e reabilitação de idosos. “É preciso que a equipe ofereça desde cuidados pontuais até acompanhamento 24 horas por dia, sempre adaptados à realidade da família e à necessidade do paciente”, explica.
Além dos cuidadores, o idoso deve receber visitas semanais de profissionais de variadas especialidades que monitorem seu quadro médico, avaliem sua evolução e atualizem as orientações aos cuidadores. “A adesão do idoso depende de algo fundamental: afinidade e confiança.
É comum que haja resistência quando o cuidador é imposto, quando falta sintonia. Por isso, o vínculo é tão importante quanto o cuidado técnico”, finaliza a fisioterapeuta Raquel Gonçalves.
Ela alerta que os exercícios não podem ser abandonados após a recuperação.
Muita gente pensa: ‘melhorei um pouco, então eu posso parar’. Não! Tem que pensar: ‘eu me recuperei, agora eu vou permanecer fazendo os exercícios, para manter essa massa muscular, para manter a minha força e não ser tão afetado com o passar do tempo'”, afirma a fisioterapeuta.
Da Agência Brasil