Quando falamos em alimentação inadequada, a preocupação que surge logo é com crianças e adolescentes. Mas o problema não é só com os mais jovens. Uma pesquisa realizada pela coordenadoria de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde apontou que mais de 87% dos idosos brasileiros consomem feijão, um alimento rico em ferro, porém observou-se também um considerável nível de consumo de embutidos e bebidas adocicadas como refrigerantes e sucos artificiais. 

Além de apontar sobre a situação alimentar do idoso, o estudo acompanhou  2.626.017 participantes 60+ e descobriu que 1.349.053 (51,37%) estavam com sobrepeso e outros 320.232 (12,19%) apresentavam baixo peso. A pesquisa é de 2019 e traz um panorama sobre a nutrição das pessoas 60+ no país.

Os números apontam a transição nutricional dos idosos na qual ainda prevalece a desnutrição, porém com valores maiores relacionados ao excesso de peso. Dentre os homens 60+ acompanhados na pesquisa, 44,70% apresentavam sobrepeso, enquanto as mulheres com mais de 60 estavam em torno de 55,15%.

Nutrição e longevidade: construindo uma vida saudável na terceira idade

Profissionais da saúde do Cebap – Centro de Estudo dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistaso  trazem a conscientização sobre o tema. Ter uma alimentação saudável pode ajudar a evitar o aparecimento de doenças e fornecer aportes adequados de nutrientes para prevenir o aparecimento de complicações. Além disso, uma dieta nutritiva traz benefícios como maior disposição, aumento da imunidade e pode até prevenir doenças crônicas como cardiopatia e diabetes.

O envelhecimento pode ser acompanhado pelo uso de medicamentos, o que pode levar a alterações no apetite e até mesmo do paladar que pode desencadear em sensação constante de sede e à diminuição na absorção de nutrientes. Essas alterações podem levar à perda de peso, o que não é adequado nesta fase da vida e uma maior propensão à desnutrição e desidratação. Sendo assim, quando há um emagrecimento involuntário é necessário procurar um profissional da saúde.

Geralmente, a alimentação das pessoas 60+ não deve ser relacionado com o sacrifício, como as dietas costumam ser estigmatizadas e sim lembrar que a ideia de uma alimentação saudável é uma balanceada, onde está muito mais ligada a comidas frescas, com sabor e, na maioria das vezes, feitas em casa com ingredientes de qualidade.

6 dados importante sobre a nutrição saudável

O médico geriatra Paulo Casali  mais sobre a importância de uma nutrição saudável:

Manutenção da massa muscular e da força

Com o envelhecimento, há uma perda natural da massa muscular, conhecida como sarcopenia. Consumir proteínas de alta qualidade, como carnes magras, peixes, ovos, leguminosas e laticínios ajuda a preservar a massa muscular, o peso adequado e a força, necessários para ajudar na mobilidade e independência.

Prevenção de doenças crônicas

Uma alimentação rica em frutas, legumes, grãos integrais e gorduras saudáveis pode diminuir o risco de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Esses alimentos são fontes abundantes de fibras, vitaminas e minerais, que ajudam a regular os níveis de glicose no sangue, a pressão arterial e o colesterol.

Melhora da saúde mental

Nutrientes como ômega-3, encontrados em peixes gordurosos, e antioxidantes, presentes em frutas e vegetais, estão ligados à melhora da função cognitiva e à prevenção de doenças neurodegenerativas. Uma dieta equilibrada é fundamental para manter a memória e a cognição em bom estado.

Fortalecimento do sistema imunológico

O sistema imunológico tende a se enfraquecer com a idade, tornando os idosos mais vulneráveis a infecções. Uma dieta rica em vitaminas A, C e E, além de zinco e selênio, pode fortalecer a imunidade. Esses nutrientes são encontrados em alimentos como frutas cítricas, nozes, sementes e vegetais de folhas verdes escuras.

Saúde digestiva

Distúrbios digestivos, como a constipação, são comuns entre os idosos. A ingestão adequada de fibras, presentes em frutas, legumes e grãos integrais, aliada a uma boa hidratação, é essencial para manter a regularidade do sistema digestivo.

Manutenção do peso saudável

Tanto a obesidade quanto o baixo peso são preocupações na terceira idade, ambos associados a diversos problemas de saúde. Uma alimentação balanceada, que atenda às demandas calóricas e nutricionais, é crucial para manter um peso saudável e evitar complicações relacionadas a extremos de peso.

Dicas de alimentação saudável para a longevidade

Para promover uma vida longa e saudável, é importante seguir algumas orientações de alimentação adaptadas às necessidades dos idosos:

●     Fracionar as refeições: Realizar pequenas refeições ao longo do dia pode facilitar a digestão e a absorção de nutriente;

     Hidratação: Beber água regularmente é essencial, pois a sensação de sede tende a diminuir com a idade;

●     Variedade alimentar: Incluir diferentes tipos de alimentos para garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários;

●     Limitar alimentos processados: Reduzir o consumo de produtos ricos em açúcares, sal e gorduras trans, que podem agravar problemas de saúde;

     Suplementação: Em algumas situações, pode ser necessário suplementar vitaminas e minerais, sempre sob orientação médica;

●     Adotar uma alimentação saudável na terceira idade não apenas ajuda na prevenção de várias doenças, mas também melhora significativamente a qualidade de vida. É fundamental que idosos, familiares e cuidadores reconheçam a importância de uma dieta equilibrada e façam escolhas alimentares conscientes, sempre visando o bem-estar físico e mental. Dessa forma, uma alimentação saudável se torna uma aliada poderosa na busca por uma vida longa e satisfatória.

Palavra de Especialista

Nutrição personalizada pode transformar a saúde e a longevidade

Por Leda Ferraz*

Leda Ferraz, coordenadora do curso de Nutrição da Universidade Brasil (Foto: Divulgação)

nutrição personalizada vem ganhando destaque como uma abordagem inovadora para promover a saúde e aumentar a longevidade. Diferente das recomendações genéricas, esse conceito leva em conta as particularidades de cada indivíduo, como genética, microbiota intestinal, hábitos diários, ciclo de vida e condições de saúde.

Dessa forma, é possível desenvolver planos alimentares mais eficazes, otimizando a absorção de nutrientes, prevenindo doenças e promovendo o equilíbrio metabólico.  Estudos indicam que intervenções nutricionais adaptadas às necessidades individuais podem reduzir o risco de enfermidades crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade, tornando-se uma ferramenta essencial na medicina preventiva.

Além dos benefícios físicos, a nutrição personalizada também impacta o bem-estar mental e emocional. Uma alimentação adequada às demandas do organismo melhora a qualidade do sono, reduz inflamações e equilibra neurotransmissores, favorecendo a disposição e a saúde cognitiva.

Com o avanço das tecnologias, como testes genéticos e inteligência artificial, a personalização nutricional se torna cada vez mais acessível, permitindo que mais pessoas colham seus benefícios.

  • Leda Ferraz é doutora em Ciências Médicas e mestre em Patologia Geral pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em Terapia Nutricional Clínico-Hospitalar e graduada em Nutrição pelo Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP). Coordenadora e professora do curso de Nutrição da Universidade Brasil (UB), onde também é professora da graduação nos cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Biomedicina, Odontologia, Farmácia e Interdisciplinar em Saúde

Com Assessorias

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