Osteoporose, sarcopenia e artrose: entenda as diferenças

Especialistas explicam diferenças entre as doenças que afetam a saúde óssea na pessoa idosa. Entenda fatores de risco e como se prevenir

Atividade física, aliada a uma boa alimentação ou com suplementos alimentares, ajuda no combate à osteoporose (Fotos: Divulgação)
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A saúde óssea e muscular é fundamental para nossa qualidade de vida, especialmente à medida que envelhecemos. Dois problemas de saúde que frequentemente afetam a população idosa são a osteoporose e a sarcopenia.  Caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos, a osteoporose também pode ser confundida com artrose. Embora essas condições tenham suas próprias características distintas, elas estão interligadas de maneira complexa e merecem nossa atenção.

Para esclarecer sobre o tema, ouvimos três especialistas – um ortopedista, uma médica nutróloga e uma nutricionista. Confira!

Sarcopenia x osteoporose x artrose

A médica nutróloga Letícia Lucas explica que a sarcopenia é uma condição relacionada à perda de força e massa muscular e ao declínio da função muscular associado ao envelhecimento. Já a osteoporose é uma condição médica caracterizada por uma redução significativa na densidade óssea, que torna os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas.

“Tanto a osteoporose quanto a sarcopenia são condições que podem ser influenciadas por fatores como estilo de vida, nutrição inadequada, falta de exercícios físicos e alterações hormonais relacionadas à idade”, esclarece.

Já a artrose é o desgaste articular, enquanto a osteoporose provoca perda de densidade mineral óssea e, consequentemente, fragilidade dos ossos. É uma doença degenerativa que afeta qualquer articulação do corpo.

“A artrose pode ocorrer um desgaste em grandes e pequenas articulações. Caracterizada pela diminuição do espaço da articulação e pela morte da cartilagem presente nas junções entre os ossos”, explica o ortopedista Marcos Paulo Vanzin, que atua na unidade Curitiba (PR) da rede Meu Doutor Novamed, do Grupo Bradesco Seguros.

Para prevenir a sarcopenia, Beatrice Carvalho, nutricionista do Núcleo Silvestre de Saúde e Prevenção (NASSP) do Hospital Adventista Silvestre no Rio de Janeiro, recomenda fazer cinco refeições por dia, evitar pular as refeições, ingerir os alimentos naturais (frutas, verduras e legumes), evitar alimentos ultraprocessados (industrializados e congelados), ter uma boa ingestão de líquidos (água, chás, refrescos e sucos) e incluir fontes de proteínas, animal ou vegetal, na alimentação.

“A ausência desse nutriente (proteína) pode levar à sarcopenia, que leva a uma diminuição na funcionalidade do idoso, deixando-o mais dependente. A proteína pode estar presente em fonte animal (leites e derivados e as carnes, frango, peixe e ovos) ou fonte vegetal (presente nas leguminosas como feijões, ervilha, lentilha, soja, grão de bico)”, destaca.

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Osteoporose e fraqueza óssea

A osteoporose é a doença óssea mais comum do mundo, de acordo com a International Osteoporosis Foundation (IOF), sendo responsável por afetar uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens com mais de 50 anos. Em todo o mundo, a osteoporose causa mais de 8,9 milhões de fraturas anualmente, ou seja, uma ruptura ou fragmentação óssea a cada 3 segundos, de acordo com o IOF.

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas são afetadas pela osteoporose. Contudo, somente 20%, em torno de 2 milhões de brasileiros, estão cientes da sua enfermidade, segundo a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso). O Ministério da Saúde estima que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida.

A osteoporose é uma doença silenciosa, devido aos seus sintomas não tão evidentes. Está associada ao enfraquecimento dos ossos e à diminuição da massa óssea, o que a torna uma das principais causas das fraturas ósseas”, ressalta o ortopedista Marcos Paulo Vanzin.

Pessoas com osteoporose apresentam um risco aumentado de fraturas frequentes, especialmente no quadril, punho e coluna vertebral. Essas fraturas podem ocorrer mesmo com traumas mínimos ou quedas leves.

Sarcopenia e perda muscular

A sarcopenia pode levar a uma série de complicações, como maior risco de quedas e fraturas, redução da mobilidade e independência, e pior qualidade de vida geral. Além disso, a perda de massa muscular está associada a um maior risco de desenvolver outras condições de saúde, como diabetes tipo 2, obesidade e doenças cardiovasculares.

“À medida que envelhecemos, ocorre uma diminuição natural na massa muscular e na força. No entanto, na sarcopenia, essa perda de massa muscular é acelerada e mais pronunciada. Isso resulta em fraqueza muscular, diminuição da resistência física e dificuldade em realizar tarefas do dia a dia, como subir escadas, levantar objetos pesados ou até mesmo caminhar por longas distâncias”, explica a médica nutróloga Letícia Lucas.

A relação entre a osteoporose e a sarcopenia é complexa. A perda de massa muscular pode aumentar o risco de quedas, o que, por sua vez, pode levar a fraturas em pessoas com osteoporose. Da mesma forma, a osteoporose pode limitar a mobilidade, reduzindo a atividade física e contribuindo para a perda muscular.

Sintomas para se atentar

A sarcopenia causa fraqueza muscular, perda de massa muscular, diminuição da resistência física e dificuldade em realizar tarefas do dia a dia. Já a osteoporose tem como uma das principais manifestações da osteoporose a dor óssea, que pode ocorrer de forma persistente ou intermitente. A osteoporose também provoca fraturas frequentes (especialmente no quadril, punho e coluna) e diminuição da estatura.

“Isso ocorre devido ao encurtamento das vértebras da coluna vertebral, que pode resultar em uma postura encurvada (chamada de cifose ou “corcunda”). Essa diminuição da estatura é mais comum em pessoas idosas, especialmente mulheres na pós-menopausa, que têm um risco maior de desenvolver osteoporose devido às alterações hormonais”, detalha a Dra. Letícia Lucas.

Segundo a Dra Letícia, compreender a relação entre as duas condições é essencial para adotar medidas preventivas e estratégias de tratamento eficazes. “A chave para uma vida saudável e está na busca pelo equilíbrio e na adoção de hábitos que promovam a saúde e o bem-estar a longo prazo. Consultar um médico para orientação personalizada é fundamental para lidar com essas questões de forma eficaz”, conclui a nutróloga.

Osteoporose: fratura do fêmur é a mais grave

Por se tratar de uma enfermidade silenciosa, o ortopedista Marcos Paulo Vazin alerta que a osteoporose, em geral, não apresenta muitos sintomas, e muitas vezes só é diagnosticada quando o paciente sofre alguma fratura. Por isso, a prevenção e a detecção precoce são fundamentais.

As partes do corpo mais atingidas pela osteoporose, em geral, são vértebras, fêmur e punhos: “A principal complicação da osteoporose é a fratura ocasionada pela fragilidade óssea, sendo a mais grave delas a fratura do fêmur proximal”, afirma o ortopedista da rede Meu Doutor Novamed.

A principal causa da osteoporose é o envelhecimento. “Por se tratar de uma doença associada à diminuição da massa óssea, está diretamente relacionada ao envelhecimento e acomete as pessoas a partir dos 50 anos”, aponta o médico.

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Principais causas e fatores de risco

Múltiplos fatores podem influenciar na saúde dos ossos. Entre eles, estão questões genéticas, nutricionais, hormonais e o estilo de vida. Confira alguns:

Envelhecimento: Ambas as condições estão intimamente ligadas ao processo natural de envelhecimento. À medida que envelhecemos, nosso corpo perde a capacidade de construir e manter músculos e ossos fortes.

Sedentarismo: A falta de atividade física regular contribui para a perda de massa muscular e a diminuição da densidade óssea.

Má alimentação: Dietas pobres em nutrientes essenciais, como cálcio, proteínas e vitamina D, podem agravar essas condições.

Genética: A predisposição genética desempenha um papel importante na suscetibilidade à osteoporose e à sarcopenia.

Desequilíbrio hormonal: Alterações hormonais e metabólicas, como a diminuição dos níveis de estrogênio em mulheres na menopausa, podem contribuir para a osteoporose secundária;

Doenças crônicas: Condições como diabetes, doenças renais e distúrbios hormonais como hiperparatireoidismo podem aumentar o risco de desenvolver essas condições.

Nem toda pessoa idosa necessita de suplementos alimentares

Cálcio e vitamina D ajudam a prevenir a osteoporose e a fragilidade óssea. A vitamina D também desempenha um papel importante na saúde imunológica e na prevenção de quedas. Já ômega-3, coenzima Q10 e outros suplementos podem ser úteis na promoção da saúde cardiovascular em idosos, ajudando a reduzir o risco de doenças cardíacas.

Suplementação alimentar ou terapia nutricional é quando aumentamos a quantidade de nutrientes importantes para o organismo por meio da ingestão de alguns produtos (suplementos nutricionais). Essa intervenção é realizada após uma avaliação nutricional já que a suplementação em idosos pode variar dependendo das necessidades individuais, do estado de saúde e de outros fatores. Idosos com restrições devido a alergias, intolerâncias ou preferências alimentares podem precisar de suplementos para compensar nutrientes ausentes em suas dietas.

“As quantidades de suplementos são individuais e também depende da rotina do idoso. Atualmente, há vários tipos: em pó, líquido, cápsulas, suplemento com sabores variados e sem sabor. Mas nem todo idoso precisa de suplementação alimentar. Cada caso deve ser avaliado por um profissional qualificado. O uso inadequado de suplementos pode resultar em efeitos colaterais indesejados e não é uma solução para uma dieta desequilibrada”, alerta Beatrice.

Terapia nutricional e atividade física

É importante adotar medidas preventivas para manter a saúde óssea e muscular. O ortopedista da Meu Doutor Novamed destaca dois hábitos principais que contribuem para a prevenção da osteoporose: manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regularmente, para estimular a formação de massa óssea. É importante também evitar hábitos prejudiciais, como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.

O tratamento da sarcopenia envolve terapia nutricional e atividade física, que têm como principal objetivo manter a funcionalidade para que o idoso tenha um envelhecimento saudável e ativo e continue desempenhando as atividades normalmente. Em alguns casos, suplementos de cálcio, vitamina D e proteínas podem ser recomendados, além de que medicamentos específicos podem ser prescritos para tratar a osteoporose em casos mais graves.

Além de uma dieta balanceada com consumo adequado de cálcio e vitamina D, é indicada a prática regular de exercícios físicos que envolvam atividades de fortalecimento muscular e equilíbrio, exercício de resistência, como musculação, crucial para prevenir e tratar tanto a osteoporose quanto a sarcopenia.

“Ter na medicina preventiva o acompanhamento constante, para a construção de um envelhecimento com qualidade de vida e bem-estar, é fundamental. O diagnóstico precoce, nas fases iniciais da doença, auxilia no tratamento e proporciona ao paciente uma vida com mais qualidade”, ressalta Dr. Vazin.

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Com Assessorias

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