‘Vacinas causam doenças como câncer, Aids ou diabetes’? Claro que não. E para derrubar mentiras como esta, que circulam livremente nas redes sociais, o Governo Federal lançou, nesta terça-feira (24), uma grande ofensiva contra a desinformação: o Saúde com Ciência, uma iniciativa inédita em defesa da vacinação e voltada ao enfrentamento das famigeradas fake news.

A principal meta é barrar a propagação de notícias falsas, um dos fatores que impactam na adesão da população às campanhas de imunização. “O ‘Ciência com Saúde’ faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso, principalmente nos últimos dois anos, quando foram registrados os piores índices”, informou o Ministério da Saúde. 

Alertas e análises sobre desinformações identificadas serão publicados no portal Saúde com Ciência, redes sociais do Governo Federal e em plataformas de mensagens como WhatsApp. No site, a população brasileira terá disponível informações confiáveis sobre vacinação e conhecerá as fake news que circulam na internet. Esses conteúdos podem ser facilmente compartilhados pela audiência, criando uma rede de informações confiáveis.

ABI presente no lançamento do Saúde com Ciência

O jornalista Armando Rollemberg (foto), membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em Brasília, representou a entidade no lançamento do programa Saúde com Ciência e elogiou a iniciativa, que vem ao encontro do papel da ABI também no combate às fake news e na valorização do Jornalismo.

O canal do Youtube da ABI também deverá retomar o programa #ABISaúde, lançado durante a pandemia pela Diretoria de Assistência Social, com o objetivo de esclarecer sobre temas de saúde pública, trazendo fontes confiáveis e qualificadas para entrevistas.

Idealizado e apresentado pela jornalista Rosayne Macedo, diretora de Assistência Social da ABI e editora-chefe do Portal ViDA & Ação, o programa teve entre os entrevistados nomes como o ex-ministro da saúde Luiz Gomes Temporão; o fundador e ex-presidente da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina, e a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz.

As principais fake news sobre vacinas em circulação nas redes sociais

Durante o processo de elaboração do ‘Saúde com Ciência’, o Ministério da Saúde levantou as principais narrativas que circulam nas redes sociais e outras plataformas digitais. No mapeamento diário feito pela pasta com base em termos relacionados à vacinação, entre julho e setembro deste ano, foram identificados mais de 6,8 mil conteúdos com desinformação sobre vacinas em canais públicos, o que representa um impacto de mais de 23,3 milhões de pessoas. As 06 principais fake news, ou seja, mais recorrentes e de maior alcance, mapeadas são:

FAKE NEWS NARRATIVA
Vacinas contra Covid-19 são experimentos e não têm comprovação científica Utilizam supostos estudos estrangeiros para reforçar o falso discurso de que as vacinas de Covid-19 são ineficazes e não foram testadas de forma suficiente, alegando que não têm comprovação científica.

Existe uma forte narrativa de que a população foi manipulada com dados e informações falsos sobre a pandemia e a Covid-19 em si, como o rápido contágio e forte disseminação, por exemplo, apenas para servir de cobaia para vacina experimental.

Vacinas causam doenças, como câncer, Aids ou diabetes Afirmam que algumas vacinas, principalmente as desenvolvidas contra a covid-19, podem desencadear diversos tipos de doenças nos pacientes após a dose. Algumas das mais citadas são câncer, aids, diabetes e pneumonia. Ainda dizem que é comum gerar sequelas gravíssimas e permanentes no corpo.
 

Vacina de Covid-19 causa modificações na corrente sanguínea ou no DNA

Alegam que a vacina poderia causar danos ao paciente após ter contato com a corrente sanguínea. Mais especificamente, o imunizante seria capaz de fazer alterações no sangue, como contaminá-lo (e depois os órgãos) e até mudar o DNA da pessoa. Ainda, alguns defendem que a vacina depositaria fortes toxinas na corrente sanguínea.
 

Após aplicação das vacinas, a população passa a ter um chip no corpo

Teorias falsas de que governos de alguns países estavam utilizando vacinas como desculpa para implantar algum tipo de chip no corpo humano foram umas das primeiras a surgir e seguem em alta até hoje.

Este seria um meio, segundo os publicadores, de controlar a mente dos cidadãos e localizar a pessoa em qualquer lugar. Alguns chamam de “chip do diabo”.

 

Número de mortes por Covid-19 foi falsificado para assustar a população e aplicar vacina experimental

 

Afirmam que algumas informações sobre a pandemia de Covid-19 foram alteradas/falsificadas, sobretudo o número de mortes intensificados, para causar medo na população e levá-los a se vacinar.

Os publicadores falam que médicos foram alguns dos principais responsáveis por divulgar número falso de mortos e chegaram até a dizer que os mortos por outras doenças morreram de Covid-19 apenas para aumentar o número de óbitos. Alguns chamam de “fraudemia”

 

Teorias da conspiração sobre Bill Gates e uma suposta dominação mundial por meio do uso de vacinas

 

 

Publicadores afirmam que foi Bill Gates o responsável pela pandemia de Covid-19. Eles dizem ter recuperado supostas postagens de Gates afirmando que ele estava por trás da criação da doença para beneficiar uma futura vacina e até despovoar o mundo. Regiões mais pobres da África e Filipinas são os supostos alvos mais citados pelo público.

A fake news mais recente ligada a ele é de que, junto à OMS, Gates estaria pressionando o envio de adesivos de vacina mRNA diretamente para a casa de pessoas pobres, visando  maior adesão.

Conheça as ações do programa ‘Saúde Com Ciência’

Ministra da Saúde, Nísia Trindade, no lançamento do programa Saúde com Ciência (Foto: Divulgação MS)

Portal Saúde Com Ciência – O site www.gov.br/saudecomciencia tem como objetivo facilitar o acessi a informações confiáveis em saúde para a população brasileira, além de estimular a consciência social da importância do combate à desinformação sobre saúde pública. Uma das prioridades é construir inteligência governamental para o enfrentamento à desinformação.

Será possível também, por meio de um formulário, enviar informações duvidosas para que a equipe do Ministério da Saúde possa responder em seus canais. O site traz ainda um passo a passo sobre como cada um pode denunciar os conteúdos enganosos nos canais oficiais das plataformas digitais, contribuindo para reduzir a sua disseminação na internet.

Parceria com as plataformas digitais – A articulação da Secretaria de Políticas Digitais da Secom-PR permitiu a parceria, sem ônus para o Estado, com as plataformas de redes sociais – Tik Tok, Kwai, Youtube e Google – que viabilizarão a divulgação de conteúdos de serviço ao cidadão, incluindo o direcionamento dos usuários para páginas do Ministério da Saúde quando eles realizarem buscas de palavras relacionadas ao tema.

Chatbot no Whatsapp – A criação de um chatbot tira-dúvidas no Whatsapp acontecerá em parceria com a Robbu e a Meta. As iniciativas envolvem também postagem de vídeos educativos, inovações nas barras de pesquisa e destaque para informações confiáveis em diferentes interfaces como no destaque de calendários de vacinação por estado e outras informações relevantes sobre vacinas.

Programa Nacional de Popularização da Ciência – O Pop Ciência reúne ações que serão instrumento para o desenvolvimento da cultura científica e estímulo à utilização da ciência, tecnologia e inovação para a inclusão e redução das desigualdades sociais.

Dentre as ações do programa, foi promovido, no último sábado (21), em Brasília, um hackathon com 80 estudantes de Ensino Médio de escolas públicas do Distrito Federal, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A competição teve o objetivo de pensar soluções e estratégias para o enfrentamento à desinformação sobre vacinas. O melhor projeto recebeu a premiação no dia do lançamento do “Saúde com Ciência”.

Acompanhe a transmissão do evento:

Os 5 pilares do Saúde com Ciência

Vacinação infantil teve queda brutal durante a pandemia (Foto: Ricardo Valarini/MS)

O programa ‘Ciência com Saúde’ é uma estratégia interministerial coordenada pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, com a parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Ciência e Tecnologia e Inovação, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU), garantindo atuação em diferentes frentes.

Com o objetivo de fortalecer as políticas de saúde e a valorização do conhecimento científico, o ‘Ciência com Saúde’ é composto por cinco pilares, que envolvem cooperação, comunicação estratégica, capacitação, análises e responsabilização. O programa prevê ainda ações para identificar e compreender o fenômeno da desinformação, promover informações íntegras e responder aos efeitos negativos das redes de desinformação em saúde de maneira preventiva.

Assim, a partir do acompanhamento e análise de fontes de dados relevantes de disseminação de informações falsas no ambiente digital, a meta é desenvolver ações para reduzir e mitigar o efeito negativo desses conteúdos que prejudicam a confiança da população na segurança das vacinas e que impactaram significativamente nas ações promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nos últimos anos.

Ministério da Saúde

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