Nesta segunda-feira (18), comemora-se o Dia do Médico, uma data especial para homenagear aqueles que se doam todos os dias à nobre missão de salvar vidas. Mas o que move esses profissionais em sua rotina diária? E por que tantos jovens almejam se tornar médicos, mesmo em meio ao cenário dramático da saúde pública durante a pandemia do novo coronavírus? As respostas estão na ponta da língua de médicos residentes que se juntaram aos veteranos na ‘linha de frente’ e também a estudantes de Medicina e dos cursos preparatórios.

“O que me faz chegar bem em casa é saber que hoje dei alta para o seu Aurélio, que estava há quatro meses internado no hospital. O que me faz acordar de manhã é pensar que tenho que ver como está a dona Etelvina, porque preciso saber o resultado de um exame importante. E não é apenas uma questão de obrigação, quero estar lá e ver meus pacientes voltando com saúde para casa”, relata Fernanda Proença Lepca, residente médica do Hospital Universitário Cajuru (HUC), em Curitiba (PR).

Ela compõe a parcela feminina de residentes, que no Brasil chega a 55% do total, de acordo com um estudo da Universidade do Estado de São Paulo (USP). Os números impressionam: existem mais de 4 mil programas, 55 especialidades médicas e 59 áreas diferentes de atuação. Somente no HUC, instituição com atendimento 100% SUS, são ofertadas mais de 50 novas vagas por ano em 20 especialidades, com destaque para Clínica Médica, Neurologia e Medicina de Família.

“Como hospital-escola, temos o papel de unir educação, atendimento de qualidade à população e pesquisa, por isso somos terreno fértil para o desenvolvimento prático de profissionais recém-formados”, avalia Larissa Hermann Nunes, coordenadora da residência de Clínica Médica do hospital. “Nesses poucos meses, vivi o período de maior aprendizado da minha vida. Já sou uma médica muito melhor do que quando entrei”, confirma a residente Fernanda.

“Mais do que uma profissão, uma doação diária. Com a formação de futuros médicos em meio à covid-19, não é diferente. Não somente no Brasil, mas nos quatro cantos do mundo, a medicina e os hospitais tiveram que se desdobrar e se adaptar de inúmeras formas. Por mais que tenhamos oportunidades de reconhecermos lições a serem tiradas do momento em que estamos vivendo, a verdade é que os ‘filhos’ da pandemia se tornarão médicos diferenciados”, indica o médico intensivista, professor e diretor-geral do HUC, Juliano Gasparetto. 

Sonho de virar médico ganha mais força

Nos últimos anos, com a chegada da pandemia da Covid-19, os médicos foram ainda mais valorizados. Suas missões passaram a ser ainda mais reconhecidas e o sonho de muitas pessoas em seguir a profissão, até então, adormecidos, foram reavivados, como o da advogada e relações públicas Daianna Prybicz.

“Eu fiz dois cursos antes da medicina – direito e relações públicas, mas a medicina sempre parecia um sonho distante e impossível. Quando fiz 30 anos, comecei a consultar com uma profissional que me inspirou muito. Foi aí que o desejo voltou à tona com ainda mais determinação”, contou Daianna.

Com o passar do tempo, Daianna decidiu fazer o vestibular, estudando em segredo. “Com a chegada da pandemia, tive completa certeza que era essa a carreira que gostaria de seguir. Mesmo sem formação na área, a minha vontade era estar lá, na linha de frente ajudando cada vez mais pessoas, e foi com essa determinação e força de vontade que fiz o vestibular e fui aprovada”, relatou.

A escolha pela medicina não foi algo que fugiu das atividades de Daianna, já que em suas outras profissões também precisava de um contato direto com as pessoas. “Escolhi a medicina porque ela mexe com pessoas, com vidas, e é isso que há de mais sagrado neste mundo: a vida. Meu objetivo agora é ajudar mulheres a encontrarem o equilíbrio do bem-estar físico e mental”, destacou.

Fernando Botarelli Cesar tem sua história de amor pela Medicina muito parecida com a de Daianna. Ele, que está realizando cursinho pré-vestibular, trabalhou por quase dois anos na Secretaria Municipal de saúde de Santa Helena, no oeste do Paraná, e acompanhou de perto a rotina dos profissionais de saúde.

Como inspiração para a área que quer seguir, utilizou o cirurgião Roberto Farina, por ter realizado a primeira cirurgia de redesignação sexual. “Meu TCC no direito foi sobre pessoas trans, um público que merece muita atenção. Quero atuar nesta área hormonal com o público para dar ainda mais visibilidade a causa”, relatou.

Tecnologia e humanização andam juntas

Dois mil e quinhentos anos. Esse é o tempo que precisaríamos voltar se quiséssemos assistir ao início da Medicina embasada na Ciência. Os experimentos de Hipócrates davam luz à constatação de que os males do corpo eram consequência de um desequilíbrio do organismo.

De lá para cá, muita coisa mudou. Até metade do século 20, os médicos passavam seus dias com maleta em mãos, de casa em casa. Então as cidades cresceram, o conhecimento aumentou e a tecnologia avançou. A maleta ficou pequena para tantos instrumentos e possibilidades da profissão.

Em 2020, mais uma vez, a necessidade de reinvenção bateu à porta com a covid-19. “A inovação é o caminho para a cura e para a qualidade de vida de nossos pacientes. Investimos em robôs para cirurgias, aplicativos para agilizar consultas e em telemedicina para eliminar fronteiras, tudo isso, sem deixar de levar treinamento e capacitação de ponta aos nossos médicos”, explica Rogério de Fraga, o gerente médico do Hospital Marcelino Champagnat, também em Curitiba.

Para o diretor-geral do Hospital Universitário Cajuru, Juliano Gasparetto, apesar da importância da tecnologia para o sucesso do cuidado, é preciso valorizar sempre o fator humano. “A ciência tem as respostas técnicas, mas somos nós que temos as respostas humanizadas. Esse acolhimento veio para ficar e, certamente, as instituições mais responsáveis estão atentas a essas condutas, incorporando-as às suas diretrizes assistenciais”, destaca.

Missão por amor: é preciso ter empatia

Carlos Mortean, diretor da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, diz que a Medicina é, de fato, uma missão. Atuando na área há 37 anos, ele, assim como os mais jovens, também teve como inspiração o amor pelas pessoas e o objetivo de tornar a vida delas melhor, quando atuava no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba.

“Mesmo com o passar dos anos, não podemos esquecer nossa missão de servir, de amor e de muitas vezes nos anular para oferecer o melhor aos nossos pacientes. Com a chegada das novas tecnologias, a medicina ganhou novos formatos, porém, eu sempre faço questão de lembrar aos nossos profissionais que somos todos humanos e precisamos dessa troca face a face”, disse.

Mario Henrique de Oliveira (foto), de 55 anos, nefrologista na Uninefron, em Recife (PE), que também atua na área de gestão na Fresenius Medical Care, acredita que para ser médico é preciso ter empatia, capacidade de se colocar na pele do outro, saber o que está sofrendo e tentar ajudar; ser curioso, estudioso e querer estudar sempre para se atualizar e oferecer o melhor aos pacientes.

“Nosso maior desafio é oferecer o melhor tratamento para o paciente na proporcionalidade adequada, seja curar ou para aliviar sintomas. E nossa grande alegria é ver o paciente melhorar, se curar ou mesmo quando recebemos um agradecimento deles. É uma satisfação enorme que compensa todos os esforços no dia-a-dia. Outro grande desafio é também enfrentar as grandes desigualdades e dificuldades em ofertar as terapias que conhecemos para tentar ajudar a quem precisa.

A Medicina me ensinou a humildade, mostrou que somos todos iguais, compartilhando a vulnerabilidade humana. Temos que ser empáticos com as pessoas. Ouvi-las, investigar a fundo o que se passa com elas. E quando falo em saúde, minha mensagem a todos é que prevenção é o melhor tratamento. A instituição de dieta e hábitos saudáveis já é o primeiro passo para ter saúde. E toda patologia no início é mais fácil de tratar. Diante de qualquer sintoma, sempre procurem a assistência médica. Não esperem porque a saúde tem que vir em primeiro lugar sempre”, diz.

Quando a música imita a arte da Medicina

O Dia do Médico é comemorado em 18 de outubro por conta da data de nascimento de Lucas, padroeiro da Medicina. Como parte das comemorações e homenagens a esses profissionais, o Instituto de Educação Médica (Idomed) convidou o maestro Jarbas Agnelli para dar o tom da campanha ‘Orquestra da Vida’. O objetivo é celebrar e enaltecer toda a comunidade médica, estudantes, professores e demais colaboradores.

O especialista elaborou um concerto com sons de vários instrumentos médicos, como respirador, exame da cavidade oral (oroscopia), ultrassonografia obstétrica, teste ergométrico (de esforço), ressonância magnética, carimbo, escovação cirúrgica das mãos, retirada de luvas estéreis, entre outros. Segundo ele, ao misturar os instrumentos musicais com os aparelhos médicos, cria-se uma composição única de exaltação à vida.

“A Orquestra da Vida é uma homenagem para todos os médicos que são grandes maestros da vida, responsáveis por garantir o funcionamento correto do corpo, gerenciar uma equipe durante uma cirurgia e salvar vidas. Eles são verdadeiros heróis e essa foi uma forma que encontramos de demostrar todo o nosso agradecimento a esses profissionais”, afirma Marcel Desco, representante do Idomed.

Agradecimento pela adesão à luta contra a Covid

O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação Médica Brasileira (CEM COVID_AMB) aproveitou o Dia do Médico e o cenário mais favorável com o avanço da vacinaçãopara agradecer aos brasileiros e aos médicos pela aderência aos cuidados preventivos, a defesa da saúde e da vida.

“O respeito aos cuidados preventivos – como o uso correto de máscara, higienização de mãos, ambiental e o distanciamento – certamente exigiu readaptação de costumes, ajustes na relação com familiares e amigos, além de uma reformulação do próprio olhar ao outro. Não foi fácil, mas os brasileiros seguiram-no com obstinação e caráter cidadão”, diz a nota – confira o texto na íntegra aqui:

Com Assessorias

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