Segundo o relatório da Unaids, programa das Nações Unidas que tem como função criar soluções e ajudar países no combate à Aids, em 2020 ocorreram 1,5 milhão de novas infecções de HIV no mundo. No total, mais de 37 milhões de pessoas vivem com o vírus causador da Aids. Na análise feita pela Unaids, algumas localidades estão enfrentando a pandemia da covid-19 juntamente com a epidemia da Aids, dificultando diagnósticos e tratamentos.
O Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária afirmou que a pandemia de covid-19 teve um impacto “devastador” na luta contra essas doenças. Pela primeira vez desde a sua criação em 2002, o fundo reportou uma diminuição na prevenção e no tratamento destas enfermidades e mostrou-se particularmente preocupado com a redução dos testes do vírus HIV. Em comparação com 2019, o número de pessoas atendidas para a prevenção e o tratamento do HIV em 2020 caiu 11%, enquanto os testes para o vírus recuaram 22%, impedindo essas pessoas de acessarem o atendimento adequado.
A infectologista Luciana Duarte. que inicia neste mês de dezembro atendimento no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, percebeu a queda nos atendimentos para tratamento da doença durante a pandemia. “Houve perda entre os pacientes que acompanho, acredito que pelo receio em relação ao vírus e medo de se contaminar nos ambientes hospitalares e ambulatoriais”, disse ela, destacando que a doença possui tratamento eficaz, com acesso para todos que necessitam.
De acordo com a especialista, parar de se tratar é perigoso. “Abandonar o tratamento significa deixar que o vírus se replique e comprometa o sistema imunológico ao ponto de deixar o paciente suscetível a diversas doenças oportunistas, que se ‘aproveitam’ dessa baixa imunidade para se manifestarem”, ressalta.
A Seguros Unimed também ressalta que a falta de adesão ao tratamento não permite que a carga viral fique indetectável e o portador continua a transmitir o vírus a outras pessoas por meio de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas ou de mãe para filho durante a gravidez e amamentação. Por esse motivo, a realização periódica de teste é muito importante.
Além disso, não podemos esquecer que um paciente que abandona o tratamento dissemina o vírus para outras pessoas. É bom ainda lembrar que não há contra indicação dos pacientes com HIV tomarem as vacinas contra a Covid-19, os quais, inclusive, estão nos grupos prioritários”. completa Luciana.
Evolução da terapia antirretroviral
Ao longo dos anos, o tratamento contra a Aids evoluiu e a terapia antirretroviral está melhor para os portadores do vírus HIV. “Atualmente temos medicamentos com ampla barreira genética, de fácil posologia, poucos comprimidos, com cada vez menos efeitos colaterais associados. A tendência é que isso continue progredindo e no futuro tenhamos tratamentos cada vez melhores”, salienta a infectologista.
Ela ressalta que quando a doença foi descoberta, receber o diagnóstico era quase que uma sentença de morte, porém isso mudou. “O tratamento revolucionou a vida desses pacientes e mudou o curso da doença no mundo. No consultório, reforço muito isso com meus pacientes e sempre insisto no tratamento adequado. Quero que tenham a qualidade de vida e a longevidade que a ciência conseguiu proporcionar com o tratamento”, destaca Luciana Duarte.
No entanto, a especialista lamenta o preconceito que persiste com a Aids e os portadores do vírus HIV. “Infelizmente ainda existe desconhecimento em relação à doença. Claro que o tabu tem diminuído, mas ele ainda existe. Por isso a extrema necessidade de campanhas de educação para a sociedade, como o Dezembro Vermelho. Precisamos acabar com o preconceito e conseguir tratar os pacientes que ainda não o fazem”, ressaltou a médica.
‘Pacientes não estão sozinhos’, diz infectologista
Na semana em que se celebra o Dia Mundial de Combate à Aids (1/12), a infectologista Luciana Duarte de Morais também destaca a importância de falar abertamente sobre o assunto.
“É importante mostrar para os pacientes que eles não estão sozinhos, pelo contrário, que podem contar com os profissionais de saúde para restabelecerem qualidade de vida e saúde mental, já que muitos ficam extremamente abalados com o diagnóstico. Precisamos acolher o paciente com diagnóstico de HIV e conscientizar a população sobre a doença”, destaca.
Segundo uma publicação da Seguros Unimed, uma pessoa que contrai o vírus do HIV e recebe o tratamento adequado, provavelmente não chegará a desenvolver a Aids. Caso a carga viral seja mantida indetectável, ela também não transmitirá a doença para mais ninguém.
“Para isso, é importantíssima a adesão irrestrita ao tratamento, caso contrário, em algum momento a doença se instalará e, a partir daí, a baixa imunidade permitirá o aparecimento das doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo e que são as verdadeiras causadoras dos óbitos decorrentes da Aids”, pontua o texto de conscientização.
Com Assessorias