Beijar alguém nos remete ao carinho, paixão e à conexão entre as pessoas. Muito mais do que isso, esse gesto é um poderoso estímulo neurológico. Em comemoração ao Dia do Beijo, celebrado em 13 de abril, especialistas apontam como esse simples ato ativa uma série de neurotransmissores e hormônios no cérebro, impactando diretamente o bem-estar físico, mental e emocional.

Quando duas pessoas se beijam na boca, o cérebro responde como se estivesse sendo recompensado. “O beijo aciona o sistema de gratificação do cérebro, liberando dopamina, que está associada a sensação de prazer, motivação e desejo. É o mesmo circuito ativado quando comemos algo que gostamos ou ouvimos uma música favorita”, explica Ana Carolina Gomes, neurologista do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A dopamina não age sozinha já que outros neurotransmissores também participam dessa experiência. A serotonina, conhecida por seu papel na regulação do humor, pode aumentar durante o beijo, ajudando a combater sentimentos negativos. Já as endorfinas, com efeito analgésico natural, promovem sensações de relaxamento e prazer, como se o corpo recebesse uma dose de alívio físico e emocional.

Um dos hormônios mais importantes envolvidos durante ato é a ocitocina, apelidada de “hormônio do amor”. Produzida durante interações sociais e momentos de intimidade, ela fortalece os laços afetivos, promove empatia e confiança, além de reduzir a ansiedade. “É por isso que o beijo pode funcionar como um verdadeiro antídoto contra o estresse. Ele tem o poder de diminuir a atividade do sistema nervoso simpático, ligado ao estado de alerta, e ativar o parassimpático, que promove relaxamento”, afirma a Dra. Ana Carolina.

Beijar reduz o estresse ao estimular esse sistema parassimpático. Os níveis de cortisol, o principal hormônio do estresse, caem significativamente, o que ajuda a aliviar a tensão e a sensação de alerta constante. Em paralelo, o aumento da ocitocina e das endorfinas reforça o sentimento de segurança e bem-estar.

Benefícios até para a memória

Os benefícios não param por aí. Embora ainda não tenhamos evidências diretas de que o beijo melhore a memória, os efeitos indiretos são promissores. Isso porque o estresse crônico e o excesso de cortisol afetam negativamente a função cognitiva. Ao reduzir esses níveis, o beijo pode ajudar a proteger o cérebro. Além disso, a dopamina liberada durante o ato desempenha papel essencial na formação de novas conexões neurais, favorecendo o aprendizado e a retenção de memórias.

Outro hormônio que pode entrar em cena durante o beijo é a testosterona, que tende a aumentar e está relacionada ao desejo sexual. Embora mais conhecido por seu papel nos homens, esse hormônio também é importante para o desejo sexual em mulheres e para a intensificação da conexão entre os parceiros.

Existe uma sincronia bioquímica muito rica na ação do beijar, ele é um gatilho para processos neurológicos e hormonais que nos aproximam emocionalmente e promovem uma sensação geral de bem-estar. É um gesto simples, mas com um impacto profundo no corpo e na mente”, destaca neurologista.

Os efeitos positivos do beijo

Mais do que um gesto de carinho, o beijo também pode trazer benefícios para a saúde. O endocrinologista André Vianna, cofundador da edtech G7Med, explica como ele influencia o equilíbrio hormonal e o bem-estar e traz alguns dos principais efeitos positivos:

  • Redução do estresse – Estimula a liberação de ocitocina e endorfinas, promovendo relaxamento.
  • Aumento da dopamina – Reforça a sensação de felicidade e conexão.
  • Controle do cortisol – Pode ajudar a reduzir o hormônio do estresse, beneficiando a saúde cardiovascular.
  • Melhora da imunidade – A troca de bactérias (de forma saudável) pode fortalecer o sistema imunológico.
  • Regulação do metabolismo – A ativação hormonal pode contribuir para o equilíbrio metabólico.

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Beijo pode ser mais marcante do que o próprio sexo

Além do romantismo, existe um verdadeiro fenômeno bioquímico em ação e se beijar faz tão bem ao corpo e para a mente, também é hora de valorizar ainda mais esse gesto com afeto, consentimento e com toda a química que ele merece. O Dia do Beijo pode parecer apenas uma data romântica ou divertida, mas que carrega uma profundidade surpreendente quando se fala em saúde, intimidade e bem-estar.

Segundo a sexóloga Natali Gutierrez, da Dona Coelha, o beijo é uma das formas mais poderosas de conexão entre as pessoas – e deveria ser valorizado não apenas como um gesto de afeto, mas como uma experiência completa de troca emocional e prazer.

Beijar ativa uma série de hormônios ligados ao prazer, como dopamina, oxitocina e serotonina, que não só nos fazem sentir bem, como também fortalecem os laços emocionais e melhoram a saúde mental”, explica Natali.

A especialista também lembra que, no contexto da sexualidade, o beijo é o primeiro passo para uma intimidade mais plena. “Às vezes, a gente subestima o poder do beijo no jogo da sedução. Ele é a porta de entrada para o desejo, e não raro é mais marcante do que o próprio sexo.”

Além disso, Natali destaca que o beijo é uma linguagem própria dentro de cada relação. “Cada casal desenvolve um jeito único de se beijar. Quando esse gesto é mantido com frequência, ele ajuda a manter o vínculo vivo, mesmo nas rotinas mais corridas.”

Em um mundo cada vez mais digital e acelerado, o ato de beijar pode se perder na pressa do dia a dia – mas deveria ser resgatado. “Reaprender a beijar é também um exercício de presença. É olhar no olho, se entregar ao momento, sem pressa, sem roteiro. É um convite para desacelerar e se reconectar.”

Neste Dia do Beijo, Natali Gutierrez convida a todos a colocarem menos foco na performance e mais no afeto. “Beijar é uma forma poderosa de dizer ‘eu te vejo, eu te sinto’. E isso, por si só, já é profundamente erótico e transformador.”

Com Assessorias

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