As mudanças climáticas são a maior preocupação na área de saúde do século 21. O corpo humano tem um limite para aguentar altas temperaturas, podendo sofrer consequências como estresse, insuficiência cardíaca e lesão renal aguda por desidratação. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma onda de calor tem relação direta com o aumento de mortes. Altas temperaturas respondem por 7% das internações do Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante o período, é possível ocorrer uma queda na qualidade do ar que pode afetar o sistema respiratório e cardiovascular, causando ou agravando casos de asma, alergias respiratórias, acidente vascular cerebral e infartos. Enquanto o calor pode ocasionar insolação, desidratação, queimaduras na pele, exaustão pelo calor e até mesmo alterações de pressão.

calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas. O corpo também perde muito líquido na tentativa de se aliviar pelo suor, o que leva à desidratação e torna o sangue viscoso, afetando os rins e o coração, que são mais exigidos. A desidratação também causa vasoconstrição, que eleva o risco de trombose e de acidente vascular cerebral.

“O calor extremo mergulha o corpo no caos. Compreender os efeitos dos eventos extremos na saúde é uma questão central para o desenvolvimento de políticas climáticas focadas na saúde da população”, comenta Raphael Coelho Figueredo, membro da Comissão de Biodiversidade, Poluição e Clima da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

Gestantes, obesos, idosos, crianças e doentes crônicos são os mais atingidos

O especialista explica que as ondas de calor provocam um aumento de mediadores inflamatórios no organismo humano, afetando, principalmente, os extremos de idade (crianças e idosos), gestantes, obesos e pessoas com doenças crônicas, agravando as doenças alérgicas, prioritariamente as alergias respiratórias, como asma e rinite, e de pele, como dermatite atópica.

“Ao contrário de outros eventos climáticos extremos, como tornados e enchentes, o calor passa a sensação de ser menos agressivo ou mais tolerável pelas pessoas. É essa falsa percepção que faz com que ondas de calor sejam extremamente perigosas para a saúde humana. Há um aumento no risco de mortalidade cardiovascular e respiratória em dias de ondas de calor em comparação com dias quando a temperatura está mais amena”, explica Dr. Figueredo.

O especialista da Asbai conta que o ser humano controla sua temperatura de duas formas. A primeira é por meio dos vasos sanguíneos que se dilatam para levar mais sangue até a pele, para que o calor possa ser irradiado para fora do corpo. O segundo é por meio do suor, que refresca a pele por evaporação.

A elevação da temperatura ambiente apresenta desafios crescentes para a regulação térmica do corpo humano, desde a dificuldade em perder calor até situações críticas de recebimento de calor do meio. Em resposta a esses desafios, o corpo humano aciona a produção de suor como um mecanismo eficaz de resfriamento, sendo a evaporação do suor crucial para evitar superaquecimento. “Em ambientes úmidos, a eficácia da evaporação do suor é comprometida, agravando a situação em meio à onda de calor“, destaca André Coelho, professor de Física da Plataforma Professor Ferretto.

Acima de 39°C, 40°C, enzimas fundamentais para o metabolismo sofrem uma queda abrupta na velocidade das reações químicas necessárias à vida. O corpo começa a parar de quebrar proteínas e açúcares para obter nutrientes e energia. “Cinco mecanismos fisiológicos podem ser deflagrados pela temperatura elevada: isquemia, citotoxicidade, inflamação, coagulação intravascular disseminada e rabdomiólise”, explica Dr. Raphael.

Riscos para saúde humana, desafios térmicos e regulação corporal

As ondas de calor que atingem o Brasil se devem ao fenômeno El niño, que aquece as águas dos oceanos e causa altas temperaturas, o que não apenas desafia a resistência humana, mas também pode afetar o equilíbrio ambiental.

Segundo Raphael Coelho Figueredo, especialista da Asbai, há risco também de causar estresse térmico significativo em todos os organismos vivos como em plantas, afetando a fotossíntese, a respiração, o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução.

Também afeta os animais, levando a alterações fisiológicas e comportamentais, como redução da ingestão calórica, aumento da ingestão de água e diminuição da reprodução e do crescimento.

“Essas altas temperaturas têm o potencial de gerar efeitos negativos, afetando desde o comportamento animal até a segurança alimentar, destacando a urgência de medidas abrangentes para enfrentar as mudanças climáticas”, diz o professor de biologia Flávio Landim, da Plataforma Professor Ferretto – canal focado na preparação para o Enem e vestibulares.

Mudanças no comportamento animal e segurança alimentar

Animais selvagens estão tentando adaptar seus comportamentos para sobreviver às altas temperaturas. “Diante das altas temperaturas, algumas espécies estão alterando seu comportamento, buscando mais sombra durante o dia e tornando-se mais ativas durante a noite. Se as altas temperaturas persistirem no longo prazo, espécies que não conseguirem se adaptar infelizmente serão extintas “, comenta Landim.

calor excessivo também  tem influência sobre a integridade dos alimentos, acelerando processos de deterioração e ameaçando a qualidade e segurança alimentar. “À medida que as temperaturas aumentam, as reações químicas nos alimentos são intensificadas, fazendo os alimentos estragarem muito rápido”, finaliza o professor Michel Arthaud, diretor e professor de química da Plataforma Professor Ferretto.

Diante dos desafios impostos pela onda de calor, a preservação da saúde humana exige uma resposta eficiente. Este cenário reforça a importância de medidas preventivas e de conscientização sobre os riscos térmicos em face das condições climáticas extremas.

“A implementação de medidas preventivas, como a promoção de hidratação adequada, a conscientização sobre os riscos associados ao calor e a criação de centros de resfriamento emergenciais, torna-se imperativa. Além disso, investir em estratégias de adaptação e mitigação das mudanças climáticas é fundamental para enfrentar os impactos crescentes das ondas de calor“, completa o professor Flávio Landim.

Com Assessorias

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