No Dia do Hospital (2 de julho), mais do que novas tendências em tecnologias de saúde, é importante destacar o esforço desses estabelecimentos – sejam eles públicos ou privados – na difícil tarefa de salvar vidas diariamente. E vida não tem preço. Seja no SUS, seja particular, seja pelo plano de saúde, a dor do paciente e seus familiares é a mesma. E a urgência em oferecer o melhor atendimento também deve ser um compromisso permanente.

Afinal, hospital é um complexo sistema que nunca para. Todos os dias, não importa a hora, se é feriado ou tem pandemia, pacientes e acompanhantes chegam aos hospitais e têm suas vidas cruzadas com profissionais de saúde que dedicam todo o seu esforço, para além do técnico, ao próximo.

São olhos que sentem, para além de enxergar. Ouvidos que entendem, para além de ouvir. Mãos que acolhem, para além de tratar. Sorrisos que confortam, para além de iluminar. São seres humanos dedicando tudo de si para cuidar do bem mais valioso do outro: a vida.

As paredes são testemunhas de como laços humanos tão fortes são criados nos quartos e nas dependências dos hospitais. Por isso, não faltam exemplos de pacientes de casos complexos em busca de qualidade de vida que são conectados por equipes médicas dedicadas e com muita empatia.

Um exemplo vem dos corredores que conectam dois hospitais de Curitiba, que também unem histórias de grande força em casos que se complementam, se apoiam e superam juntos as adversidades.

Cirurgia acordada para retirada de tumor do cérebro

Após realizar cirurgia de retirada de tumor cerebral, história da paciente Camila Rodrigues trouxe esperança de cura para Brenno Marty (Foto: Arquivo pessoal)

Foi assim o começo da relação entre Camila Rodrigues, paciente neurocirúrgica do Hospital São Marcelino Champagnat, e Alessandra Radulski, mãe de Brenno Marty, paciente com epilepsia do Hospital Universitário Cajuru, que tem 100% do seu atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Camila descobriu o tumor no cérebro após uma convulsão em 2017. Assustada, procurou vários especialistas até descobrir que o tratamento indicado era cirúrgico.

“Foi muito difícil quando soube que a medicação não ajudava no meu caso. Passei então pelo procedimento tradicional e precisei de quatro meses para voltar a falar normalmente. Em 2021, durante a consulta de acompanhamento, descobri que precisaria de uma nova cirurgia e foi assustador. Não queria aceitar, mas resolvi encará-la com otimismo para evitar que o tumor piorasse ainda mais”, conta.

O neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo, responsável pelo procedimento no Hospital São Marcelino Champagnat, explica que a cirurgia é feita em duas etapas e o paciente fica acordado na segunda fase.

“O paciente é sedado e dorme na primeira parte da cirurgia, enquanto são realizadas a incisão e a abertura do osso do crânio. Após essa etapa, a medicação é diminuída e ele é despertado. A partir daí, o operado está apto a responder a todas as perguntas do médico durante o procedimento cirúrgico e executar comandos, como movimentar os braços e as pernas, por exemplo. Já utilizei essa técnica algumas vezes e, embora possa parecer traumática, pacientes relatam que a experiência é tranquila”, explica o médico.

Vidas cruzadas para garantir procedimento complexo pelo SUS

Alessandra Radulski não mediu esforços para conseguir cirurgia que permitiria mais qualidade de vida para filho diagnosticado com epilepsia (Foto: Arquivo pessoal)

A cirurgia para a retirada do tumor de Camila durou cerca de seis horas e, em menos de uma semana, ela já estava se recuperando em casa. É a partir desse momento que duas vidas paralelas se cruzam e passam a trilhar um novo caminho.

Foi durante uma das madrugadas em que Alessandra Radulski estava acordada em claro, cuidando do seu filho que havia tido mais uma convulsão, que ela leu uma notícia na internet e descobriu que o problema de Brenno era semelhante ao de Camila, e a solução poderia ser uma cirurgia realizada pelo SUS.

“Por intermédio de algumas pessoas, entrei em contato com a Camila que, gentilmente, conversou comigo por mensagem e me deixou muito confiante. Durante a consulta com o médico, minha confiança aumentou e surgiu a esperança de fazer a cirurgia em Brenno também. Ele já estava tomando remédios há quatro anos e os episódios de convulsões nunca foram completamente controlados, então a cirurgia era uma tentativa de cura”, conta.

Ela prossegue lembrando que o local a ser operado era muito delicado e poderia comprometer funções importantes, por isso uma cirurgia monitorada era mais segura. “Na cirurgia da Camila, ela ficou acordada, mas no caso de Brenno não foi necessário, apenas houve monitorização”, relembra Alessandra.

“A ressonância magnética apontou a existência de um tumor numa região profunda do cérebro e, apesar de ser pequeno, decidimos pela retirada dele para cessar as crises de convulsões”, explica o médico que atua nos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.

A capacitação das equipes médicas e a estrutura hospitalar do Cajuru tornaram possível a realização da cirurgia complexa em Brenno.

“Para que o procedimento alcançasse um resultado satisfatório, diferentes especialistas estiveram envolvidos. Além da nossa equipe permanente do Cajuru, contamos com a participação de uma neurologista e de uma técnica de eletroencefalograma”, conta o neurocirurgião.

SUS: sistemas que se complementam

Tanto Camila quanto Brenno estão bem e conseguiram se recuperar totalmente dos procedimentos aos quais foram submetidos. As histórias interligadas como as deles mostram que o sistema público de saúde e a iniciativa privada coexistem, se complementam e se interseccionam.

Para Juliano Gasparetto, diretor-geral dos hospitais São Marcelino Champagnat e do Universitário Cajuru, é necessário que a iniciativa pública e a privada trabalhem juntas com o objetivo comum de colocar o paciente no centro da assistência, de forma humanizada e acolhedora.

“É nesse ponto que ambos podem unir forças, por meio do cuidado com as pessoas, em vez de apenas tratar doenças ou condições específicas”, finaliza Gasparetto.

 

Mais sobre a história de superação de Brenno Marty

O dia 5 de agosto de 2022 mudou a vida de Brenno Marty, de 20 anos, para sempre. O jovem enfrentava crises de epilepsia há mais de quatro anos, causadas por um tumor no cérebro. Remédios pesados faziam parte da rotina, mas sem resultados.

“Quando me deparei com a notícia de que uma paciente havia retirado um tumor cerebral num hospital curitibano, foi  uma luz para mim”, conta a mãe do jovem. O texto citava uma cirurgia realizada no Hospital Marcelino Champagnat e trazia o nome do neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo, que, de imediato, foi procurado pela mãe de Brenno.

Meses depois, Brenno saía da sala de cirurgia do Hospital Universitário Cajuru, de Curitiba (PR), pronto para um novo começo.

Mapeamento do cérebro

Uma descarga elétrica entre os neurônios mais duradoura que as habituais provoca o ataque epiléptico, que pode ser identificado por meio de um eletroencefalograma com mapeamento cerebral. No caso de Brenno, o procedimento foi o melhor caminho para o diagnóstico preciso antes da cirurgia.

“Acessamos o cérebro do Brenno por meio de sensores, que logo acusaram uma atividade epiléptica e permitiram identificar o local exato desse disparo elétrico: o tumor”, detalha Mattozo.

A capacitação das equipes médicas e a estrutura hospitalar da instituição que tem atendimento 100% SUS tornaram realidade a cirurgia complexa de Brenno.

“Para que o procedimento alcançasse um resultado satisfatório, diferentes especialistas estiveram envolvidos. Além da nossa equipe permanente do Hospital Universitário Cajuru, tivemos a participação de uma neurologista e de uma técnica de eletroencefalograma”, conta o neurocirurgião.

O uso da tecnologia computadorizada permitiu a quantificação dos resultados na forma de imagens. Além disso, o procedimento não é invasivo para o paciente, e sim, realizado em até 30 minutos, com imagens topográficas dos focos epilépticos.

Do diagnóstico ao novo começo

Receber o diagnóstico de epilepsia não é fácil, mas conviver com os sintomas é ainda mais difícil. A doença acomete 2% da população brasileira e afeta em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Brenno fazia parte dessa estatística ao sofrer de uma das doenças neurológicas mais comuns. Durante as convulsões, as células nervosas se comportam de forma anormal e exagerada, o que leva à perda da consciência, a movimentos involuntários dos músculos, náuseas e vômitos.

As frequentes convulsões provocadas pela epilepsia impediam que o jovem tivesse uma rotina normal desde os 16 anos. “A insegurança me limitava e fazia parte da minha vida”, confidencia. Agora, após a cirurgia, o momento é de voltar a sonhar.

Para Brenno e sua mãe, a operação foi o ponto de partida para uma nova esperança de cura. Começar uma faculdade, procurar um emprego e sair com os amigos são alguns dos planos que ele começou a fazer ainda no hospital. “Saber que posso ter minha vida de volta me deixa muito feliz e pronto para traçar novos objetivos”, conta, emocionado.

Conheça mais sobre os dois principais hospitais de Curitiba

Ambos gerenciados pelo Grupo Marista, os hospitais Cajuru e Champagnat já se consolidaram como importâncias referência no atendimento à saúde da população do Paraná, respectivamente, nas áreas pública e privada.

Hospital Cajuru é referência em transplante renal e captação de órgãos (Foto: Divulgação)

Referência em transplante renal e captação de órgãos e suporte a vítimas de trauma, o Hospital Universitário Cajuru é o primeiro e maior hospital pronto-socorro do estado do Paraná, com média de 147 mil atendimentos por ano, entre internamentos, urgências e emergências, cirurgias e consultas ambulatoriais.

É especializado  principalmente no atendimento de alta complexidade e emergências, com especialistas em neurocirurgia, ortopedia, traumatologia, cardiologia, clínica médica e outras áreas de atuação. Por ser um hospital-escola, está de portas abertas para residentes e estagiários, auxiliando na formação de novos médicos e outros profissionais da saúde, e mantém uma forte atuação em pesquisas em parceria com a PUCPR.

Também, possui uma atuação importante do voluntariado, com mais de 350 voluntários que levam humanização para dentro do hospital SUS. Em dezembro de 2022, a instituição tornou-se o único hospital-escola e 100% SUS do Paraná com a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) nível 1.

Já o Hospital São Marcelino Champagnat (foto acima) se consolidou durante a pandemia como referência no tratamento de pacientes com a infecção. Com certificações nacionais e internacionais, o modelo de gestão do hospital foi criado a partir da junção de médicos renomados e considerados referências nacionais em diversas especialidades, entre elas: neurologia, neurocirurgia, bariátrica, infectologia, cardiologia, urologia e oncologia.

A tecnologia, outro destaque no hospital vizinho ao Cajuru, está presente desde a estrutura geral até os centros cirúrgicos, equipados inclusive para a realização de cirurgias robóticas minimamente invasivas. Ainda, a instituição tem uma forte atuação em pesquisas em parceria com a PUCPR.

Com Assessoria dos hospitais

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