Com as férias de verão, muitas pessoas aproveitam para viajar durante o tão sonhado período de descanso. Um dos pontos a levar em consideração ao realizar viagens de trem, aéreas e rodoviárias de longa duração, nas quais os passageiros ficam várias horas sentados, é o risco de desenvolver uma trombose, uma doença vascular potencialmente grave.
Viagens com mais de seis horas de duração, sem se movimentar, podem contribuir para aumentar os riscos da formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas, que bloqueiam o fluxo de sangue e causam inchaço e dores na região. O longo período sentado em viagens faz com que a circulação sanguínea fique mais lenta, aumentando o risco de formação desses coágulos.
Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que a trombose afete cerca de 1 em cada 1.000 pessoas em todo o mundo. O tipo mais comum de trombose é a trombose venosa profunda (TVP), que ocorre quando o trombo se forma em uma veia profunda das pernas.
Erich de Paula, médico hematologista e professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que a trombose é caracterizada pela obstrução de um vaso sanguíneo por um coágulo, também chamado de trombo, podendo afetar tanto o sistema arterial quanto o venoso;
Os principais sintomas da trombose são dor, inchaço e mudança de coloração da área afetada, que podem evoluir para complicações mais graves, como a embolia pulmonar.
Viagens de longa duração são consideradas um fator de risco para o desenvolvimento de trombose, uma vez que combinam diferentes elementos que tornam o passageiro mais propenso a desenvolver um coágulo sanguíneo. Deixar de movimentar as pernas por muito tempo, desidratação e pressurização do ambiente são alguns dos fatores que contribuem para este quadro”, afirma o professor.
Movimente-se e previna-se de coágulos sanguíneos
Para tornar as longas viagens mais confortáveis, especialistas sugerem algumas dicas A principal recomendação para evitar este quadro é se movimentar de vez em quando durante a viagem.
Por exemplo, no trem ou no avião, uma opção é o passageiro se levantar do assento e andar pelo corredor ou fazer movimentos de flexão dos pés. Para viagens de carro, o ideal é fazer uma parada a cada duas ou três horas para andar um pouco e esticar as pernas”, recomenda Erich de Paula.
Em alguns casos de maior risco, os médicos podem recomendar o uso de anticoagulantes em doses baixas, para prevenção. “Isto geralmente se aplica a pacientes que já apresentaram trombose prévia”, explica.
De acordo com o médico, também é recomendado manter-se hidratado durante a viagem, uma vez que o baixo consumo de líquidos pode contribuir para a diminuição do volume sanguíneo, facilitando a formação de trombos.
Além disso, evitar roupas apertadas nas regiões da cintura e das pernas facilita a circulação sanguínea, bem como evitar deixar as pernas cruzadas durante o trajeto.
Usar meias de compressão, manter uma boa hidratação e movimentar-se a cada duas ou três horas (levantar-se, caminhar) são importantes formas de prevenção contra problemas circulatórios e trombose”, aconselha Mariana Krutman, cirurgiã vascular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Carol Mardegan ressalta que quem já faz uso anticoagulantes prescritos por médicos está mais protegido em relação à ocorrência de novos eventos de trombose, mas isso não impede de seguir as orientações citadas acima.
Em viagens de carro: como reduzir a incidência dos sintomas?
Para reduzir a incidência dos sintomas da trombose durante viagens de carro, a especialista recomenda algumas medidas simples. “Faça paradas a cada duas horas para esticar as pernas e caminhar por alguns minutos. Movimente os pés e as pernas durante o trajeto e evite apertar as pernas ou cruzá-las durante muito tempo”, indica Mardegan.
Em viagens aéreas: como sentir menos dores?
Já em viagens aéreas, onde o tempo prolongado sentado é ainda maior, a especialista sugere algumas estratégias adicionais para aliviar os sintomas. “Além de movimentar as pernas regularmente durante o voo, é importante usar meias de compressão elástica, que ajudam a estimular o fluxo sanguíneo. Também é recomendado evitar o consumo excessivo de álcool e se manter hidratado“, orienta a especialista.
De olho nos sintomas e causas do tromboembolismo
Uma das principais complicações da trombose é a embolia pulmonar (EP), que ocorre quando o trombo se solta e chega até os pulmões através da circulação sanguínea. Neste caso, a função de oxigenação do sangue é comprometida, causando falta de ar e podendo até mesmo ser fatal.
Segundo o médico hematologista, a trombose pode ser desencadeada por diversos fatores, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, imobilização, uso de contraceptivos orais a base de estrógeno, gestação, puerpério (período de resguardo ou quarentena), tendência familiar, entre outros.
As tromboses têm causa multifatorial, mas algumas pessoas têm maior propensão para o seu desenvolvimento. Entre elas, estão pessoas com mais de 65 anos, com obesidade, os tabagistas, com doenças oncológicas, em pós-operatório de cirurgias, gestantes, portadores de trombofilias (tendência a trombose) e com histórico de trombose anterior.
Apesar de ser uma doença comum, muitos desconhecem as causas e fatores de risco do tromboembolismo. A trombose é uma doença perigosa, mas que pode ser evitada a partir do conhecimento sobre os fatores de risco e formas de prevenção”, diz o médico.
Alerta para quem tem histórico familiar
Ele alerta ainda que pessoas que já apresentaram tromboses ou que possuem histórico familiar devem tomar ainda mais cuidado em relação à doença. “Realizar acompanhamento médico regular é essencial para avaliar a adoção de medidas preventivas adicionais, como o uso de meias elásticas ou anticoagulantes profiláticos”, finaliza o médico hematologista.
A cirurgiã explica que se deve suspeitar de trombose em casos de dor ou inchaço nas pernas, especialmente quando for assimétrico (somente em um dos membros), ou quando houver alteração da coloração de pele das pernas e pés. E, nesse caso, deve-se procurar um médico imediatamente.
Um exame de ultrassom Doppler venoso auxilia na confirmação do diagnóstico. E o tratamento clássico envolve o uso de anticoagulantes por um período prolongado. Em algumas situações, muito específicas, pode haver indicação de aspiração do coágulo (trombectomia)”, esclarece.
Prevenção com mudança de hábitos
A prevenção é fundamental para evitar complicações relacionadas à trombose. Portanto, se você está planejando uma viagem longa agora no final do ano, seja de carro ou avião e sofre com a trombose, tente ao máximo manter o acompanhamento médico antes das viagens. Cuide da sua saúde e desfrute de uma viagem segura e confortável.
Além das recomendações específicas para pessoas que pretendem viajar, a adoção de um estilo de vida saudável, com prática exercícios, alimentação balanceada e acompanhamento médico são ações que também auxiliam na prevenção da trombose.
Buscar por acompanhamento médico é essencial, depois do diagnóstico, é fundamental continuar o tratamento. A prevenção também é igualmente necessária, evitar o sobrepeso, consumo alto de álcool, tabagismo, colesterol alto são formas de se prevenir”, destaca a Dra Carol.
Segundo a especialista
Com Assessorias