Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a partir de informações do Ministério da Saúde, revelaram que, somente no ano passado, a média diária de internações de pacientes por causa de Trombose Venosa Profunda (TVP) superou a marca de 165 pessoas, um recorde para o período analisado. No total, contemplando o período analisado de janeiro de 2012 a agosto de 2023, mais de 489 mil brasileiros foram hospitalizados por causa de TVP.

Muitas pessoas aproveitam o verão e as férias de fim de ano para viajar e conhecer novos lugares, mas longas viagens de avião, carro ou ônibus podem trazer alguns riscos para a saúde vascular do viajante, como o desenvolvimento de varizes e trombose venosa profunda. Conforme um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a cada duas horas sentado aumenta em 26% o risco do aparecimento de trombose.

Para o cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Márcio Steinbruch, quanto mais tempo a pessoa ficar parada na mesma posição, maiores são as chances de desenvolver um problema vascular nos membros inferiores.

Isso costuma acontecer nas viagens acima de 4 horas, porque como as pessoas ficam na mesmo posição sem movimentar as pernas, o fluxo sanguíneo nessa área diminui e aumenta o risco da formação de um coágulo, que pode acabar se tornando uma trombose venosa profunda, e também propicia a aparição de outros problemas vasculares”, comentou.

Além do risco de trombose, viagens de longa duração podem também causar varizes. Como a circulação sanguínea é prejudicada, aumentam as chances de desenvolver a doença varicosa, que mais do que causar um dano estético à pessoa, pode acarretar em problemas de saúde, como tromboflebite, manchas locais, dor e uma série de outros incômodos.

Alguns fatores de risco podem contribuir para o aparecimento das doenças vasculares neste caso, como histórico de trombose, gravidez, cirurgia recente e também a idade, caso o viajante seja idoso. Mas existem algumas formas de prevenção.

Por exemplo, se a viagem for terrestre, fazer uma parada a cada duas horas, para que a perna volte a ter uma maior circulação do sangue. Se a viagem for aérea, pode ser feita uma ida até o banheiro ou até mesmo ficar mexendo as pernas e movimentando os pés em movimentos circulares. Além de se hidratar bem e evitar usar roupas apertadas, que prejudicam a circulação.

Lembrando que não há necessidade de preocupação excessiva, pessoas com varizes ou com histórico de trombose na família devem estar sempre passando por acompanhamento médico especializado. Dessa forma, o profissional irá orientar o paciente da melhor maneira para que não ocorra complicações”, explicou Steinbruch. “Mas a pessoa deve sempre estar atenta. Se ao retornar da viagem, as dores e inchaços permanecerem, deverá consultar um especialista o quanto antes, para fazer o diagnóstico e tratamento correto”, completou.

Inchaço, formigamento, pele vermelha, dor, cansaço constante, perda de sensibilidade nas pernas, cãibras, dificuldade em se manter em pé por muito tempo e palidez nos pés são os principais sintomas de problemas vasculares nos membros inferiores e não devem ser ignorados.

Márcio Steinbruch, médico com especialização em cirurgia vascular pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, a trombose é caracterizada pela formação de coágulos no sangue, que dificulta a circulação sanguínea.
Em muitos casos, o organismo dissolve-os naturalmente e, por isso, não demanda tratamento, mas quando o problema persiste, o bloqueio na passagem do sangue pode gerar inflamações nas veias e artérias. Geralmente, os sintomas são dor, calor, vermelhidão e rigidez na musculatura da região afetada”, comenta o especialista.
O médico ainda destaca que no caso da TVP, as situações mais preocupantes são quando os coágulos se desprendem da região que se formou, se movimentam na corrente sanguínea e podem atingir o pulmão. “Esses casos são chamados de embolia pulmonar e, geralmente, desencadeiam lesões graves. Porém, apesar da gravidade, muitas vezes a trombose pode ser identificada e quanto mais cedo for tratada, melhores são os prognósticos do paciente”, explica.

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Dr. Márcio esclarece mitos sobre a trombose TVP

Somente viajar de avião é que pode aumentar o risco da doença
Depende. Em voos longos, essa associação pode ser verdade. “Nestas situações, as pessoas passam muito tempo sentadas, dificultando a circulação sanguínea. Portanto, não apenas em viagens há esse risco, passar longos períodos sentado ou em pé é prejudicial à saúde circulatória”, pontua o cirurgião vascular.
Apenas as viagens de avião são riscos para o desenvolvimento de trombose

Mito. As pessoas acreditam que apenas as viagens de avião podem facilitar a formação de coágulos, no entanto, mesmo os percursos longos feitos de carro ou ônibus podem contribuir, porque o que está relacionado a esse problema é a dificuldade de o fluxo sanguíneo das extremidades do corpo retornarem ao coração.

Essa situação pode acontecer quando ficamos muito tempo sentados, sem estimular a musculatura da panturrilha, responsável pelo bombeamento do sangue e que está atuando contra a força da gravidade para manter a circulação sanguínea adequada.

E é importante destacar que só é considerável um risco as viagens que ultrapassam quatro horas de duração.

As pessoas que têm varizes não devem fazer viagens de longas distância

Mito. Embora a presença de varizes seja um fator importante, isso não impede que as pessoas façam viagens longas, só é preciso que reforcem os cuidados, entre eles, buscar orientação especializada com um médico vascular. Além disso, mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais, pessoas obesas ou que tenham histórico de trombose também devem consultar um angiologista antes de viajarem.

Varizes levam à trombose
Depende. Embora a trombose não seja necessariamente uma consequência das varizes, há características em uma veia dilatada, como a circulação sanguínea mais lenta, que podem favorecer o desenvolvimento da trombose. “Assim, podemos dizer que nem todos os pacientes com histórico de varizes sofrerão com os coágulos, mas o risco existe”, explica Steinbruch.
Anticoncepcional e cigarro são fatores que facilitam o desenvolvimento de trombose?
Verdade. Tanto as pílulas anticoncepcionais quanto o tabagismo levam riscos à formação de coágulos, isso porque o anticoncepcional possui hormônios, como estrogênio e progesterona, que tornam as paredes das veias mais dilatadas e, o cigarro também contém em sua composição substâncias que são pró-coagulantes”, conclui o Dr. Márcio.

O risco de desenvolver trombose aumenta em 26% a cada duas horas sentado na mesma posição; especialista explica como prevenir

Longas viagens de avião, carro ou ônibus podem trazer alguns riscos para a saúde vascular, como o desenvolvimento de varizes e trombose venosa profunda. A trombose venosa profunda ocorre quando um coágulo se forma dentro de uma veia, comprometendo o fluxo sanguíneo. Uma das complicações dessa doença é a embolia, onde um pedaço de coágulo pode se desprender e migrar para os pulmões.

Em viagens de longa distância, o risco de desenvolvimento dessa doença pode aumentar consideravelmente. Para ajudar todos a terem férias mais tranquilas e prevenir o aparecimento da trombose venosa profunda, o especialista destaca alguns mitos e verdades sobre o tema.

 

Meias de compressão ajudam a prevenir a trombose?

Verdade. As meias elásticas ajudam a melhorar o retorno do sangue venoso, mas é essencial que sejam prescritas por um profissional da área para indicar a altura, compressão e tamanho adequados para cada caso. Também é importante fazer exercícios de fortalecimento da panturrilha e, durante a viagem aérea, fazer movimentos com os pés, simulando uma caminhada para favorecer a drenagem do sangue.

Além disso, quando o percurso for feito de carro ou ônibus, aproveite as paradas para esticar e alongar o corpo. Se for de avião, ande pelo corredor algumas vezes durante o voo. E lembre-se de evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e ingerir muita água, para se manter bem hidratado”, concluiu o cirurgião vascular.

 

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