Um dos fatores mais importantes que contribuem para o surgimento do câncer de mama é a alta densidade mamária, presente em cerca de metade da população feminina. Um estudo canadense mostrou que mulheres com densidade mamária extrema apresentam risco de quatro a seis vezes maior de desenvolver câncer, em comparação com pacientes com padrão A.

As mamas são formadas por glândulas (responsáveis ​​pela lactação), tecido fibroso e gordura. A mama densa é caracterizada por grande quantidade de tecido glandular e pouca gordura.  Esse tipo de mama aumenta o risco de câncer não só pela quantidade maior de glândula, mas pela dificuldade que o padrão denso causa na identificação das lesões”, explica a médica radiologista Ellyete Canella.

Segundo ela, a densidade das mamas é um dos aspectos avaliados na mamografia e está descrita nos laudos médicos. Na imagem, o tecido fibroso aparece branco e o adiposo, escuro. Essa característica das mamas é definida em quatro padrões estabelecidos pelo sistema BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System). A padronização engloba quatro letras – de A a D –, sendo que as duas últimas indicam alta e extrema densidade.

 

Exames permitem “enxergar através da densidade”

Membro da Comissão de Qualidade em Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e mestre em Radiodiagnóstico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),  ela recomenda-se às mulheres com mamas densas associar a mamografia a exames que permitem “enxergar através da densidade”, tais como a ultrassonografia e a ressonância magnética.

Combinar exames é importante porque a mamografia falha em cerca de 25% dos casos de mamas densas, já que uma parte glandular muito exuberante pode esconder um nódulo”, alerta Ellyete, coordenadora do Centro de Mama do Hospital Quinta D’Or, no Rio de Janeiro.

O especialista ressalta que, de preferência, os exames devem ser realizados em centros especializados no atendimento integral em radiologia mamária. “Em geral, a paciente faz mamografia e ultrassonografia em clínicas diferentes, e os médicos interpretadores não têm acesso às imagens de cada exame, o que limita a capacidade diagnóstica. Fazer os dois exames juntos e com o mesmo médico melhora o desempenho dos métodos e evita falso-positivos”, aconselha.

Tomossíntese, ressonância e ultrassonografia

Em mulheres com mama densa ou com alto risco de câncer de mama, a tomossíntese pode ser disponibilizada ainda durante a realização da mamografia, quando houver possibilidade. A tomossíntese é um software, resultado do desenvolvimento da mamografia digital,  que gera imagens da mama em “fatias” de um milímetro, melhorando o desempenho do método na detecção precoce de lesões iniciais.

Sempre que possível, a ressonância magnética pode ser utilizada em substituição à ultrassonografia em mulheres com riscos intermediário e alto de desenvolver câncer de mama”, afirma a especialista.

No primeiro grupo, enquadram-se as pacientes com alta densidade das mamas.  Já o segundo inclui pacientes com histórico familiar (parentes de primeiro grau com câncer de mama na pré-menopausa), portadores de mutações genéticas que predispõem a esse tipo de câncer e pacientes que fizeram radioterapia de transplante.

Quando fazer a mamografia e tomar outros cuidados

O câncer é uma doença multifatorial, que pode ser provocada por causas externas e internas. Cerca de 80% dos casos de enfermidade ocorrem em razão de fatores externos, como tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, consumo de alimentos ultraprocessados, sedentarismo e obesidade. Os outros 20% são consequência de causas internas, como problemas hormonais, condições imunológicas e mutações genéticas.

A prevenção representa um conjunto de ações que evitam o aparecimento de uma doença. E As estratégias de rastreamento (ou detecção precoce) têm por objetivo a identificação de lesões pequenas, não palpáveis. O Ministério da Saúde estabelece que o rastreamento, por meio da mamografia, pode ser considerado para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos.

Já o  documento conjunto assinado no ano passado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomenda a mamografia anual para mulheres entre 40 e 74 anos. A partir dessa idade, a estratégia deve ser aplicada às pacientes com expectativa de vida superior a sete anos.

Embora não seja possível evitar o surgimento do câncer de mama, algumas medidas são consideradas de alto valor na prevenção, como alimentação balanceada, prática regular de atividade física e controle de peso. Além disso, não fumar e consumir cafeína e bebidas alcoólicas com moderação são hábitos recomendados para se evitar qualquer doença.

Com informações do Quinta D´Or

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