Em 2021, com a chegada do verão e das férias, somada à queda nos indicadores de morbidade e mortalidade relacionados à covid-19, espera-se que as praias e espaços abertos voltem a ser ocupados e que a exposição solar volte aos níveis de outrora. Por isso, a campanha Dezembro Laranja deste ano alerta para a necessidade de, além de prestar atenção às recomendações sanitárias de proteção contra o coronavírus, agregar à rotina as medidas de prevenção contra o câncer de pele.

Especialistas alertam que os tumores de pele exigem atenção, pois podem ser confundidos com lesões ou manchas corriqueiras. Uma particularidade do câncer de pele – que representa 33% dos casos de câncer diagnosticados anualmente no país – é que, muitas vezes, as lesões são identificadas pelo parceiro do paciente, que nota o surgimento de pintas e machas ou mudança nas já existentes.

“Os tumores podem aparecer em qualquer área do corpo, mesmo naquelas que ficam escondidas e sofrem menos exposição solar. Portanto, é preciso estar atento, e, se houver qualquer dúvida quanto ao comportamento de alguma mancha, sinal ou pinta, o ideal é que se procure o dermatologista”, orienta Gustavo Buscacio médico oncologista do Hospital Silvestre (RJ), que atua na área de medicina preventiva há mais de 28 anos,

A exposição ao sol de forma descuidada pode acarretar problemas graves como o câncer de pele. Por isso, o “Dezembro Laranja” visa conscientizar a população sobre  a importância de proteger a pele no verão. O movimento visa alertar sobre os riscos da doença,  que representa 185 mil novos casos de câncer de pele no Brasil. como estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Além das questões genéticas e da maior incidência em pessoas de pele clara, o maior fator de risco é justamente a exposição prolongada ao sol sem os devidos cuidados. Por isso, com a chegada da estação mais quente do ano, os cuidados com a pele devem ser redobrados, já que os raios solares podem deixar a pele mais sensível e ressecada, além de causar doenças mais graves na pele.

“As pintas, manchas, eczemas e descamações da pele que são sinais recorrentes da doença podem aparecer em áreas do corpo que ficam mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas”, alerta o  médico dermatologista Amilton Macedo (foto), que atua na área de medicina preventiva há mais de 28 anos, atendendo pacientes como Ana Hickmann, Izabel Goulart, Fiuk, Julia Konrad, entre outros.

Diagnóstico precoce é fundamental

A doença que é causada pelo excesso de exposição aos raios ultravioletas do sol e falta de cuidados com a proteção da pele, são frequentes em pessoas de pele clara, com baixa imunidade, acima dos 40 anos ou com histórico da doença na família. O oncologista clínico Bruno Wance, do Hospital Brasília, explica que o câncer de pele se desenvolve, sobretudo, a partir da exposição solar excessiva sem proteção contra os raios UV.

Ainda de acordo com o médico, somente um exame clínico realizado por especialista ou uma biópsia pode diagnosticar a doença. Porém, é importante dar atenção às feridas de pele que coçam e não cicatrizam, às pintas ou sinais novos com rápido crescimento, enegrecidos e irregulares, e até mesmo às pintas e sinais antigos que de repente passem a crescer, coçar ou sangrar.

Segundo o oncologista, a principal característica dessas neoplasias é a dificuldade de cicatrização e sintomas como coceiras e até sangramentos. A regra do ABCDE (conheça aqui) é uma estratégia para identificar os tumores e consiste em observar a assimetria, as bordas, a coloração, o diâmetro e a evolução das manchas e feridas que surgem na pele. Em casos suspeitos, a recomendação é sempre buscar a avaliação de um dermatologista. 

Especialistas destacam cuidados com hábitos simples

A prevenção é a melhor opção para evitar e detectar o câncer de pele cedo. Para isso, é indicado que se evite exposição excessiva ao sol – especialmente entre 10h e 16h – e utilize sempre protetor solar mesmo em dias nublados. Além disso, em caso de exposição, o uso de proteção adequada como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos com proteção UV e filtro solar com alto fator de proteção também são indicados.

  1. “Quem possui tatuagens  deve ter cuidados redobrados, pois as tintas escuras usadas  podem encobrir possíveis lesões precursoras do câncer de pele. Fique atento a sua pele e qualquer mancha ou sinal diferente,  procure seu dermatologista”, orienta o dermatologista Amilton  Macedo.

O oncologista Gustavo Buscacio recomenda a adoção de hábitos simples, mas que garantem uma exposição segura durante o verão. Nas visitas à praia e piscinas, óculos de sol, guarda-sol e roupas com tecidos que garantam a absorção dos raios UV e atenção ao horário de exposição são cuidados que podem facilmente fazer parte da rotina e que são fundamentais para prevenir doenças causadas pelos raios solares. 

Cuidados ao longo do ano inteiro

Apesar da exposição ao sol ser maior durante o verão, o Dr. Gustavo Buscacio alerta que esses cuidados devem ser feitos ao longo de todo ano, já que países tropicais como o Brasil tendem a ter temperaturas mais altas e maior incidência do sol em todas as estações do ano.

“O verão exige maior atenção, é claro, mas é preciso se manter cuidadoso ao longo de todo ano, mesmo em dias nublados ou durante estações mais frias”, explica o oncologista. O médico também destaca que o uso de protetor solar deve ser realizado em qualquer situação que haja exposição à luz solar e que o produto é também uma ferramenta

É importante também proteger a pele do envelhecimento causado por luzes artificiais, como as produzidas pelas telas de aparelhos eletrônicos. explica o especialista, que atua na área de medicina preventiva há mais de 28 anos.

Os tipos mais comuns do câncer de pele

O câncer de pele é provocado pelo crescimento descontrolado de células que compõem o maior órgão do corpo humano e divide-se em dois subgrupos: o melanoma, variação mais agressiva da doença, e o não melanoma, menos agressivo e com menores chances de metástase. Nos dois casos, o diagnóstico precoce torna os índices de cura mais altos e o tratamento menos agressivo.  

No Brasil, a estimativa de casos de câncer de pele não-melanoma, de baixo índice de mortalidade quando tratados adequadamente, foi de 176.930 em 2020. É o tipo mais frequente no Brasil, representa 27% de todos os cânceres e um terço de todos os tumores malignos registrados no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Os tipos mais comuns do câncer de pele não melanoma são o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular. O primeiro corresponde a cerca de 70% dos casos,  se manifestando por lesões peroladas, brilhantes ou escurecidas que crescem lentamente e sangram com facilidade. Já o carcinoma espinocelular representa 20% da doença,  apresentando lesões verrucosas ou feridas que não cicatrizam, gerando dores e sangramentos.

Outros 5% dos casos são de câncer de pele melanoma. Apesar de menos incidente, este é o tipo mais grave, pois  pode provocar metástase rapidamente. O melanoma se inicia com pintas ou manchas escuras que crescem e mudam de cor e formato rapidamente.

Imunoterapia: um avanço no tratamento do melanoma 

Existem diversos tratamentos para o câncer de pele e a opção escolhida varia conforme o tipo e o estágio da doença. De acordo com o oncologista Bruno Wance, quando o câncer é diagnosticado em estágio inicial, a via de tratamento costuma ser a remoção cirúrgica. No entanto, para casos mais avançados, sobretudo do tipo melanoma, podem ser necessários tratamentos sistêmicos, como quimioterapia, imunoterapia ou uso de outros tipos de medicamentos.

Nesses casos, o tumor é retirado de forma cirúrgica e não apresenta grande potencial de danos à saúde. Já os tumores de pele melanoma são mais raros, mas apresentam um nível de gravidade significativamente maior. O tratamento também é cirúrgico, mas pode envolver sessões de radioterapia e quimioterapia.

Nos últimos anos, o surgimento de terapias menos agressivas tem ajudado no tratamento dessa forma mais agressiva de câncer de pele. Um dos principais avanços é a imunoterapia, que consiste na utilização de medicamentos intravenosos que fortalecem o sistema imunológico dos pacientes.

“Os tratamentos costumavam ser bastante restritos nos casos mais graves de câncer de pele, a imunoterapia tem modificado de forma significativa o prognóstico e a sobrevida de pacientes com a doença em estado avançado. Inclusive, há casos de pacientes que conseguem se curar com o auxílio dessas terapias”, afirma Gustavo Buscacio.

“Em cada caso de câncer de pele é necessário um tipo de tratamento, desde procedimentos cirúrgicos até a terapia fotodinâmica que se utiliza cremes fotossensíveis posteriores à aplicação de uma fonte de luz. Existem as opções criocirúrgicas que são o congelamento dos tumores menores por nitrogênio e a imunoterapia, no qual o próprio organismo elimina as células cancerígenas”, explica Amilton Macedo.

Com Assessorias

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