

Para um ingrediente específico ser autorizado como suplemento alimentar, é necessário que ele passe por uma avaliação de segurança e eficácia”, destacou a agência no comunicado.
Isso significa que empresas interessadas em comercializar o produto devem comprovar, de forma científica, que ele é fonte de algum nutriente ou substância de relevância para o corpo humano.
Suplementos alimentares não são medicamentos e, por isso, não podem alegar efeitos terapêuticos como tratamento, prevenção ou cura de doenças. Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis. Sua finalidade é fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação.”
A medida, segundo a Anvisa, não afeta o consumo ou a comercialização da planta fresca, que tem tradição de uso na alimentação, sobretudo nos estados de Goiás e Minas Gerais.
Ora–pro–nóbis é boa fonte de proteína vegetal, mas não é milagrosa
Conhecida como superalimento, planta rica em nutrientes deve ser consumida de forma complementar a outras fontes proteicas na alimentação
Amplamente divulgada como substituta à proteína de origem animal, a ora-pró-nobis é uma planta alimentícia não-convencional (Panc) consumida na culinária ou em cápsulas com a fama de ser um superalimento. Sua popularidade é justificada, já que ela tem uma fonte significativa de proteína vegetal e contém de 20 a 25g em cada 100g de matéria seca. Também possui alto teor de fibras e é fonte de ferro, magnésio, cálcio, zinco, fósforo e rica em vitaminas A, C, B1, B2, e B3.
Mas diferentemente do que é anunciado em alguns comerciais de produtos e em propagandas, a ora–pro–nóbis não cura doenças. Seus nutrientes podem trazer benefícios ao corpo, mas não de forma isolada, ou seja, não adianta tomar duas cápsulas por dia, ter uma alimentação desequilibrada e ser uma pessoa sedentária.
A hortaliça pode ser benéfica para a saúde, especialmente para quem busca aumentar a ingestão de proteínas vegetais e diversificar sua alimentação com alimentos ricos em nutrientes, especialmente para veganos e vegetarianos. “Seu consumo deve ser feito de forma equilibrada e como parte de uma dieta variada para maximizar seus benefícios”, pontua Barbara Liz, nutróloga do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Consumo da ora-pró-nobis pode substituir o da carne animal?
Ela afirma as proteínas da planta são de origem vegetal e têm um perfil de aminoácidos que pode complementar a ingestão proteica, mas não substitui totalmente a proteína animal em termos de qualidade, pois as proteínas animais geralmente possuem todos os aminoácidos essenciais em proporções ideais.
No entanto, quando combinada com outras fontes de proteína vegetal, como leguminosas, grãos e cereais, é possível obter um perfil proteico completo, sendo necessário ajustar a quantidade de cada fonte de proteína vegetal para suprir a necessidade diária de proteínas”, explica a médica.
Estudo publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) concluiu que a ora–pro–nóbis é uma boa fonte de proteína, com uma composição de aminoácidos relevante do ponto de vista nutricional, com destaque para a leucina, fenilalanina e lisina.
Proteína vegetal no corpo
De forma geral, adultos precisam de 0,8 a 1,2 gramas de proteína por quilo de peso corporal por dia. Isso significa que, para uma pessoa de 70 kg, a necessidade diária seria entre 56 e 84 gramas de proteína.
Como a ora–pro–nóbis possui cerca de 25% de proteína em sua forma seca, seria necessário consumir uma quantidade significativa, em torno de 200 a 300 gramas de folhas secas para atender à totalidade dessa necessidade, o que é pouco prático na vida real.”
Sobre a absorção da proteína vegetal pelo corpo, Liz afirma que o consumo feito por meio da alimentação costuma ser eficaz. Ela pontua que, como qualquer proteína vegetal, a ora pro-nobis pode ter uma biodisponibilidade um pouco menor do que a proteína animal, dependendo do método de preparo e do acompanhamento da refeição.
Para um bom aproveitamento, a hortaliça pode ser consumida em saladas, sucos, refogados, sopas, omeletes e ainda em forma de farinha ou como adição a massas e pães. Já a absorção dos nutrientes por meio de cápsulas pode variar.
As cápsulas podem ser uma opção prática para complementar a dieta, mas não substituem os alimentos frescos, que fornecem uma combinação mais equilibrada de nutrientes, fibras, e outras substâncias bioativas que auxiliam na absorção”, afirma.
O consumo nesse formato pode não conter todos os compostos que estão naturalmente presentes na planta e que podem atuar sinergicamente para melhorar a absorção dos nutricional.
Da Agência Brasil e HSPE