Primeiro de junho é o Dia da Conscientização sobre o Hipoparatireoidismo. A doença rara acontece quando ocorre a lesão cirúrgica das paratireoides, que são quatro glândulas que ficam no pescoço, atrás da tireoide, que, quando lesionadas, podem trazer consequências muito graves para a saúde. Quando não tratada ou inadequadamente tratada, a condição pode levar a complicações sérias, incluindo problemas renais, ósseos, oculares e cardiovasculares.
Nem todo nódulo de tireoide precisa ser removido. E um dos desfechos graves de uma cirurgia de tireoide pode ser o hipoparatireoidismo”, alerta o endocrinologista Sergio Setsuo Maeda, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
Segundo ele, o compartilhamento das informações sobre a doença permite mais possibilidades de tratamento precoce, o que influencia diretamente na qualidade de vida do paciente. A conscientização sobre o hipoparatireoidismo entre a classe médica é fundamental para garantir o diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção de complicações. O Consenso Brasileiro para o Diagnóstico e Tratamento do Hipoparatireoidismo, desenvolvido por endocrinologistas e cirurgiões de cabeça e pescoço em 2018, oferece diretrizes abrangentes para educar e instruir profissionais de saúde.
10 coisas para você saber sobre o hipoparatireoidismo
Para alertar a população sobre a importância desta doença, o endocrinologista especializado em doenças do metabolismo ósseo lista 10 coisas para você saber sobre o hipoparatireoidismo.
1. O hipoparatireoidismo acomete de 20 a 30 pessoas em cada 100 mil;
2. A doença é mais comum em mulheres porque as doenças tiroideanas e cirurgias da tireoide são mais comuns nelas;
3. Os sintomas estão relacionados à hipocalcemia (cálcio baixo no sangue) e mais comumente são: formigamentos na região da boca, mãos ou pés, cãibras, que podem chegar a convulsões, e contrações musculares involuntárias e frequentes;
4. Em geral, os sintomas aparecem logo após a cirurgia, mas em alguns casos podem levar meses ou anos para aparecer;
5. Em outros casos mais raros, o hipoparatireoidismo pode acontecer por destruição da glândula por doença autoimune ou por má-formação genética. “A presença de catarata ou calcificações cerebrais deve levantar esta suspeita, especialmente quando aparecem em pacientes jovens com quadro clínico compatível. As dosagens sanguíneas de cálcio e PTH baixos definem o diagnóstico”, explica Dr. Maeda;
6. A redução na produção de hormônios pelas glândulas paratireoides, que são responsáveis pela regulação do metabolismo do cálcio e fósforo no organismo, gera desequilíbrio que causa problemas nos músculos, coração e no sistema nervoso;
7. O tratamento padrão é feito com sais de cálcio e vitamina D. “Em alguns casos, podemos lançar mão de tiazídicos (fármacos diuréticos) para diminuir a perda urinária de cálcio e necessitar de quelantes de fósforo nos quadros mais graves”, pontua o endocrinologista;
8. É importante ter acompanhamento especializado para monitorar o tratamento e as complicações crônicas da doença;
9. As complicações crônicas do hipoparatireoidismo estão relacionadas à progressão da doença e ao seu tratamento e incluem manifestações renais, oculares, cardiovasculares, ósseas e neuropsiquiátricas;
10. Endocrinologistas e cirurgiões de cabeça e pescoço elaboraram o Consenso Brasileiro para o Diagnóstico e Tratamento do Hipoparatireoidismo publicado em 2018, que visa educar e instruir os médicos que acompanham esta condição. Ele versa sobre diagnóstico, investigação, tratamento e monitorização das complicações, com uma parte dedicada à esfera cirúrgica.
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O que é hipoparatireoidismo
Causas do hipoparatireoidismo
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Cirurgia:
A causa mais comum de hipoparatireoidismo adquirido é a remoção acidental das glândulas paratireoides durante a cirurgia de tireoide ou pescoço.
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Doenças autoimunes:
O sistema imunológico pode atacar e danificar as glândulas paratireoides, levando à sua disfunção.
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Condições genéticas:
Algumas doenças genéticas podem afetar o desenvolvimento ou a função das glândulas paratireoides.
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Outras causas:
Radioterapia, infiltração por doenças como hemocromatose ou doenças infiltrativas podem causar hipoparatireoidismo.
Sintomas do hipoparatireoidismo
- Sintomas neurológicos: Formigamento ou dormência nas mãos, pés e ao redor da boca, espasmos musculares, cãibras, convulsões, ansiedade, irritabilidade.
- Sintomas cardiovasculares: Arritmias cardíacas, que podem ser potencialmente fatais em casos graves.
- Outros sintomas: Cabelos secos e quebradiços, unhas quebradiças, catarata, fadiga, fraqueza muscular.
Diagnóstico e tratamento
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Suplementação de cálcio:
Reposição oral de cálcio em forma de comprimidos, gomas ou líquido.
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Suplementação de vitamina D:
A vitamina D é essencial para a absorção de cálcio pelo intestino, e a forma ativa (calcitriol) pode ser utilizada.
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Dieta rica em cálcio:
Uma dieta rica em cálcio, com alimentos como leite e derivados, vegetais verdes e frutas secas, pode auxiliar na reposição.
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Evitar alimentos ricos em fósforo:
Refrigerantes com ácido fosfórico, carnes e queijos duros devem ser evitados para reduzir os níveis de fósforo.
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PTH recombinante:Em casos graves, o análogo de PTH recombinante pode ser utilizado, mas seu uso é restrito a casos específicos devido ao risco de complicações.
Com Assessorias