A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. No ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) renovou a proibição, após avaliar os riscos desses produtos à saúde pública brasileira e atualizar o regulamento referente a esses itens, mantendo a proibição no país e reforçando seus efeitos prejudiciais.
Quem for pego vendendo os dispositivos pode responder pelo crime de contrabando, mesmo que não tenha sido o importador. Porém, apesar da legislação, pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), aponta que o número de pessoas que usavam cigarro eletrônico cresceu 600% no Brasil entre 2018 e 2023, o que representa um salto de 500 mil para 2,9 milhões de fumantes.
Nos últimos anos, o uso recreativo de cigarros eletrônicos tem se tornado cada vez mais popular, especialmente entre adolescentes. Diante dessa realidade, uma campanha que utiliza a linguagem gamer para alertar sobre os riscos do cigarro eletrônico acaba de ser lançada pela Fundação do Câncer. A iniciativa Vape Mata marca o mês de abril, quando é comemorado o Dia Mundial da Saúde (7).
O objetivo é chamar a atenção dos jovens na faixa de 15 a 24 anos, que representam 70% dos usuários de cigarro eletrônico no país. A campanha visa a traçar um paralelo entre a frustração nos jogos e os impactos nocivos do cigarro eletrônico na vida real. Por isso, todo o conteúdo da campanha será amplificado nas redes sociais, YouTube e plataformas de streaming, com o apoio de influenciadores digitais e criadores de conteúdo do universo gamer.
Queríamos encontrar um caminho autêntico para falar com a Geração Z, que é o público mais exposto ao uso de vapes. A linguagem dos gamers é apropriada para mostrar ao jovem como o cigarro eletrônico pode comprometer o desempenho no jogo e na vida”, disse, em nota, o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
O foco principal, segundo Maltoni, “é a população mais jovem, onde se dá o início da dependência”, explicou. O Movimento Vape Off informa a população sobre os malefícios desses dispositivos. O cigarro eletrônico “tem mais de 80 substâncias nocivas à saúde, entre elas metais pesados e substâncias cancerígenas.
O desafio atual dos médicos e profissionais de saúde é fazer frente à ofensiva da indústria do tabaco, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing e publicidade. A ideia é contrapor o marketing da indústria do tabaco, mostrando com dados científicos os danos provocados à saúde pelo cigarro eletrônico,
Leia mais
Câncer de pulmão: combate ao tabagismo mira cigarro eletrônico
Indústria usa cigarro eletrônico para atrair crianças e adolescentes
Cigarro eletrônico, maconha, álcool e bebidas quentes afetam a voz
Ciência x indústria: novo round na batalha contra os vapes
Cigarro eletrônico: entenda por que ele é um perigo para a saúde
- Nicotina e produtos químicos: muitos e-líquidos (essências utilizadas no cigarro eletrônico) contêm nicotina, que é altamente viciante, pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro em adolescentes e jovens adultos e aumentar a pressão arterial, causando problemas cardíacos. Quando aquecidas, as substâncias dos e-líquidos podem se decompor em ácidos como formaldeído e acroleína, ambos cancerígenos.
- Aromatizantes: alguns aromatizantes, como o diacetil, estão associados a doenças pulmonares graves, incluindo o “bronquiolite obliterante“, também conhecido como “pulmão de pipoca“.
- Metais pesados: traços de metais pesados, como níquel, estanho e chumbo, podem ser encontrados no vapor dos dispositivos, causando danos aos pulmões e outros órgãos.
Entendido os perigos dessas substâncias, encorajo todos a abandonarem essas práticas e buscarem alternativas mais saudáveis para o bem-estar e longevidade!”, indica Dr. Jefferson.
Combate ao tabagismo
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se uniram, desde setembro do ano passado, com a finalidade de fortalecer as políticas públicas de controle do tabagismo.
O compromisso do instituto e da Fiocruz é com a ciência. Estamos alimentando todos os interlocutores com evidências de que esses produtos [dispositivos eletrônicos para fumar, os DEFs] fazem muito mal e vamos produzir ainda mais dados”, disse o diretor-geral do Inca, Roberto de Almeida Gil.
Ele afirmou que a sustentabilidade do sistema de saúde depende do enfrentamento dos fatores de risco de doenças crônicas, como o tabagismo. “A conta chega lá na frente. Por isso temos que agir agora”, completou Gil.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, esclareceu que a ideia de regulamentação do cigarro eletrônico é uma falácia, visto que, na prática, tal medida visa a legalizar o produto no mercado. A fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de DEFs são proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Estamos mexendo com grandes interesses, mas a Fiocruz e o Inca têm muita força e vigor, ainda mais quando se unem”, disse Moreira.
Da Agência Brasil, com Assessorias