A indústria do tabaco usa novos produtos, como os cigarros eletrônicos (vapes),  informações enganosas e táticas de marketing para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor.  O alerta é do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que lançam nesta quarta-feira (29) a campanha #EuSouVapeOff, 
A iniciativa tem como foco o tema “Proteção das crianças contra a interferência da indústria do tabaco”, adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Dia Mundial Sem Tabaco 2024, em 31 de maio. De acordo com a OMS, as empresas de tabaco gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing e publicidade para conquistar novos consumidores, com foco especial nos jovens.
Instituições de todo o mundo estão atentas às ações da indústria de tabaco na formação de novos fumantes. Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revelam que o consumo de vape aumentou 600% nos últimos seis anos nas Américas. Para a OMS, os novos produtos são uma ameaça, levando a uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce.
Por meio de uma linguagem jovem, a campanha do MS e Inca visa promover uma mudança de comportamento, além de proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor.
O Dia Mundial Sem Tabaco de 2024 destaca a proteção das crianças contra a influência prejudicial da indústria do tabaco. Focar nas crianças é crucial, pois são especialmente vulneráveis e representam o futuro. Ao educá-las e fortalecê-las contra a pressão do tabagismo, investimos na saúde de amanhã. Além disso, ao envolver as crianças, impactamos suas famílias e comunidades, ampliando nosso alcance na prevenção do tabagismo”, salienta o diretor-geral do Inca, Roberto Gil.

Fundação do Câncer lança #MovimentoVapeOff

.A Fundação do Câncer também aproveita a data para apresentar o #movimentovapeOFF, com intuito de chamar a atenção para o uso crescente dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), mais conhecidos como cigarro eletrônico ou vape.
O objetivo é enfraquecer essa onda impulsionada pela indústria do tabaco. As atividades da campanha podem ser acompanhadas no Instagram @movimentovapeoff.  Em parceria com a entidade, a Associação Nacional das Universidades Privadas (Anup Social) está ajudando a desenvolver o Desafio Universitário, com lançamento previsto para o ano que vem.
Epidemiologista e consultor médico da Fundação, Alfredo Scaff enfatiza a preocupação com o uso do cigarro eletrônico, especialmente entre os jovens.

“Mesmo proibidos, cerca de 1 milhão de pessoas já experimentou o cigarro eletrônico no país, a maioria, 70%, é de jovens entre 15 e 24 anos, conforme pesquisa do Ministério da Saúde. Essa é uma preocupação, pois além dos diversos malefícios, há uma prevalência de que crianças e adolescentes que usam vapes têm duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros tradicionais na vida adulta”.

Com cheiro agradável, sabores diversos e formatos atraentes, os cigarros eletrônicos logo ganharam popularidade e virou modinha. “Inicialmente, a indústria do tabaco vendeu a ilusão que o cigarro eletrônico ajudava o fumante do cigarro tradicional a largar o vício. Isso é uma falácia. Não há comprovação científica sobre esse discurso. Ao contrário, trabalhos científicos já publicados apontam que o vape pode conter até 31 substâncias tóxicas, incluindo a nicotina, que chega ao cérebro em segundos e é altamente viciante”, diz Scaff.

Segundo o epidemiologista, os dispositivos eletrônicos podem conter substâncias químicas, como formaldeído, acetaldeído, acroleína, metais pesados, além da nicotina, substâncias prejudiciais à saúde. “Afora isso, o vape tem uma bateria e circuitos para gerar combustão e há diversos relatos de que pode causar explosão, provocando machucados e queimaduras em quem usa o produto”, complementa.

Vapor dos cigarros eletrônicos pode causar irritação nos pulmões

O epidemiologista chama atenção ainda que o vapor dos cigarros eletrônicos pode causar irritação nos pulmões e vias respiratórias, levando a problemas como tosse, falta de ar e até mesmo pneumonia. “Os usuários de cigarro eletrônico têm mais chance de terem um infarto, isso porque os dispositivos contém mais nicotina do que o cigarro tradicional e o sal presente na substância é mais nocivo para a saúde”, explica.

O estudo Câncer de pulmão no Brasil: Por dentro dos números, lançado este mês pela Fundação do Câncer, revelou que o tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento e, consequentemente, da mortalidade do câncer de pulmão no Brasil, estando associado a cerca de 85% dos casos de óbito entre homens e quase 80% dos óbitos entre as mulheres.

Veja alguns motivos para evitar cigarro eletrônico

Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), que englobam os cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, possuem quantidades variáveis de nicotina e outras substâncias tóxicas, tornando suas emissões prejudiciais tanto para quem faz o uso direto quanto para quem é exposto aos aerossóis.

Mesmo alguns produtos que alegam não conter nicotina, eles podem apresentar a substância em sua composição e suas emissões são nocivas. Entenda alguns desses riscos:

  • Crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida.
  • A nicotina presente nos vapes causa dependência e pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes, impactando no aprendizado e na saúde mental.
  • Alguns estudos recentes sugerem que a exposição acidental de crianças aos líquidos dos vapes representa sérios riscos, pois os dispositivos podem vazar ou as crianças podem engolir o líquido ou as cápsulas.
  • O uso de cigarros eletrônicos pode aumentar o risco de doenças cardíacas e distúrbios pulmonares.
  • A exposição à nicotina em mulheres grávidas pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral do feto.
  • O consumo de tabaco é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e respiratórias, mais de 20 tipos ou subtipos diferentes de câncer e muitas outras condições de saúde debilitantes.

 

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    Ministério da Saúde e Inca lançam campanha para combater o uso de vapes entre jovens (Fotos: Rafael Nascimento/MS)

    22% dos adolescentes já experimentaram cigarro eletrônico

    A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), revelou que, em 2019, 16,8% dos estudantes de 13 a 17 anos já haviam experimentado o cigarro eletrônico, sendo 13,6% nos de 13 a 15 anos e 22,7% nos de 16 e 17 anos. Quanto ao sexo, a experimentação é maior entre os homens (18,1%) do que entre as mulheres (14,6%).

    A variação regional foi significativa, com maior a experimentação do cigarro eletrônico nas regiões Centro-Oeste (23,7%), Sul (21,0%) e Sudeste (18,4%), ficando menor do que a média nacional na Região Nordeste (10,8%) e Norte (12,3%).

    A variação quanto ao sexo, demostrou uma experimentação maior para os homens (18,1%) do que para as mulheres (14,6%), sendo essa predominância mantida em todas as regiões.

    Houve ainda aumento dos estudantes de 13 a 17 anos que declararam o consumo de cigarros nos 30 dias anteriores à data da pesquisa, subindo o percentual de 5,6% em 2013, para 6,8% em 2019. Os dados estão disponíveis no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

  • O tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano (mais de 7 milhões de fumantes ativos e mais de 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo), sendo um milhão nas Américas.
  • A expectativa de vida dos fumantes é pelo menos 10 anos mais curta do que a dos não fumantes. De acordo com a OMS, há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo.

 

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Anvisa endurece combate aos vapes

No Brasil, o percentual de pessoas que fazem uso diário de cigarros eletrônicos é muito inferior aos de países onde os DEFs são liberados. Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução proibindo a comercialização, fabricação e publicidade desses aparelhos no Brasil. Em abril último, a Anvisa endureceu ainda mais a regra.

A nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 855/2024 da agência, além de proibir a fabricação, a importação, a comercialização, a distribuição, o armazenamento, o transporte e a propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, reforça a proibição de seu uso em recintos coletivos fechados, públicos ou privados.

Ambientes livres de fumaça do tabaco

O Ministério da Saúde, por sua vez, coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS). Vinculado ao Inca, que gerencia as ações de controle do tabagismo no país, o programa tem sido bem-sucedido ao reduzir o número de usuários de tabaco e, consequentemente, o número de mortes relacionadas ao consumo de seus derivados.

Essa diminuição é resultado de ações educativas, do apoio para o tratamento da dependência da nicotina, promoção de ambientes livres de fumaça do tabaco, inclusão de advertências em embalagens de produtos derivados de tabaco, proibição de propaganda e promoção de produtos de tabaco e muitas outras.

“O Brasil conseguiu fazer importantes avanços em relação à redução da população tabagista, mas há um aumento na população mais jovem e é por isso que precisamos fortalecer as ações de promoção de saúde e prevenção voltadas para esse público. Essas ações serão desenvolvidas por nossos técnicos e do Inca, mobilizando a sociedade de maneira geral”, adiantou o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Adriano Massuda.

Prevenção em escolas e unidades de saúde

As ações de promoção da saúde e prevenção do tabagismo em escolas, unidades de saúde, centros comunitários e outras instituições constituem, também, medidas importantes para prevenir o uso de produtos derivados de tabaco e a dependência à nicotina.

As políticas de saúde e educação voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira se unem para promover saúde e educação integral. A articulação entre escola e Atenção Primária à Saúde é a base do Programa Saúde na Escola (PSE). Trata-se de uma estratégia de integração da saúde e educação para o desenvolvimento da cidadania e da qualificação das políticas públicas brasileiras.

Carga da doença e econômica atribuível ao tabagismo no Brasil

A OMS está fazendo uma campanha mundial pedindo aos governos que façam cumprir as determinações estabelecidas na Convenção Quadro para Controle do Tabaco (CQCT) e as diretrizes adicionais do artigo 13, adotadas na COP 10, que falam sobre proibição da Propaganda, Promoção e Patrocínio do Tabaco.

Durante o evento de lançamento da campanha, o Inca apresentou o estudo Carga da doença e econômica atribuível ao tabagismo no Brasil e potencial impacto do aumento de preços por meio de impostos, que foi desenvolvido ao longo de dois anos sob a coordenação da Secretaria Executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro sobre o Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq).

Agenda Positiva

Concurso cultural ‘Cancela o Vape’

AACT Promoção da Saúde., organização comprometida com a promoção de políticas públicas para a saúde, lança o concurso cultural “Cancela o Vape”, como parte das atividades em comemoração ao Dia Mundial Sem Tabaco 2024. O concurso visa conscientizar jovens sobre os riscos do tabagismo, especialmente o uso de cigarros eletrônicos, e mobilizar a sociedade para proteger as crianças e jovens contra a influência da indústria do tabaco.

O concurso incentiva os participantes a criar vídeos criativos e informativos em formato Reels ou TikTok, com duração de até 90 segundos, abordando estratégias utilizadas pela indústria do tabaco para atrair jovens ao consumo de cigarros convencionais e eletrônicos. O objetivo é alertar sobre os malefícios à saúde e promover uma mensagem de prevenção.

Destinado ao público jovem, com idade entre 15 e 29 anos, o concurso oferece prêmios atrativos, incluindo um iPhone 14 128GB Roxo e um Apple Watch SE 2a geração para o primeiro colocado, um iPad 9 64GB Cinza Espacial para o segundo lugar, e um Apple Watch Series 9 para o terceiro lugar.

Os critérios de avaliação incluem originalidade, clareza na comunicação do tema, criatividade, adequação à plataforma, qualidade da produção e engajamento do público-alvo. Além disso, a ACT Promoção da Saúde valoriza a diversidade étnica e incentiva a participação de pessoas de diferentes origens, garantindo um ambiente inclusivo e acolhedor para todos os participantes.

Os vídeos vencedores serão anunciados no dia 29 de maio e vídeos selecionados serão divulgados nas redes sociais da ACT, ampliando o alcance da mensagem e contribuindo para a conscientização sobre os perigos do tabagismo entre os jovens. Para mais informações e acesso ao regulamento completo, os interessados podem acessar o site da 

Fonte: Ministério da Saúde, Fundação do Câncer e ACT, com Redação

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