Cuidar da saúde não deve ser um ato de urgência, mas sim de constância. No ritmo acelerado da vida, é comum que mulheres priorizem trabalho, família e múltiplas responsabilidades, deixando a própria saúde em segundo plano. O resultado aparece nas estatísticas.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, mais de 35% das mulheres brasileiras não realizam exames ginecológicos de rotina, e cerca de 40% delas procuram atendimento médico apenas em situações de urgência. A nível global, os dados também preocupam. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres, superando o câncer de mama.

Rafaella Reggiani, médica de família da Sami, explica que muitos desses casos poderiam ser evitados com Atenção Primária à Saúde (APS), acompanhamento médico contínuo, hábitos saudáveis e estratégias preventivas de longo prazo. Ela explica que a APS é a porta de entrada ideal para um cuidado de saúde mais inteligente, humanizado e eficiente.

Quando bem estruturado, esse modelo permite o acompanhamento próximo das pacientes, promove o autocuidado e facilita a identificação precoce de fatores de risco que, muitas vezes, passariam despercebidos em consultas pontuais ou emergenciais. Essa sinalização é um dos muitos motivos que evidenciam a importância de uma saúde que seja preventiva e não apenas corretiva, contribuindo para diagnósticos mais ágeis, tratamentos menos invasivos e mais qualidade de vida para as mulheres.

Segundo a profissional, os dados confirmam o que se vê no dia a dia do consultório: “É muito comum mulheres chegarem até nós já com doenças avançadas, muitas vezes silenciosas, que poderiam ter sido prevenidas com uma abordagem mais próxima e regular. Acompanhar, escutar e agir antes que o problema vire urgência é fundamental para a saúde“, explica Dra. Rafaella Reggiani.

Esse vínculo contínuo entre paciente e equipe médica não só melhora os desfechos clínicos, como também gera mais confiança, adesão aos tratamentos e qualidade de vida. “A mulher que se sente acolhida, ouvida e acompanhada com constância tende a cuidar mais de si mesma e isso muda tudo: previne, evita hospitalizações e, acima de tudo, salva-vidas. Gosto sempre de lembrar, nunca é cedo demais para olhar com carinho para a própria saúde,” finaliza a médica.

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A saúde da mulher exige atenção constante e especializada

Desde a juventude, quando os primeiros ciclos menstruais marcam o início da jornada reprodutiva, passando pela experiência da maternidade, até a maturidade, transformações hormonais e características individuais trazem necessidades de cuidados específicos.

A saúde da mulher exige atenção constante e especializada, explica o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

Muito além dos cuidados pré-natais, parto e doenças sexualmente transmissíveis, os cuidados com a saúde da mulher seguem ao longo da vida e incluem o rastreamento de cânceres ginecológicos e de mama e o acompanhamento do climatério e da menopausa”.

Cada faixa etária apresenta suas demandas e desafios. A mulher madura merece atenção para manter a qualidade de vida e prevenir doenças associadas ao envelhecimento. Confira abaixo os principais cuidados de acordo com cada faixa etária:

Idade Adulta

·Saúde reprodutiva: acompanhamento ginecológico regular, incluindo exames preventivos como papanicolau e mamografia

·Planejamento familiar: opções de métodos contraceptivos e planejamento de gravidez

·Saúde sexual: prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e educação sexual

Pré-menopausa (Climatério)

·Doenças cardíacas: de olho em fatores de risco e medidas para prevenir as principais doenças relacionadas

·Câncer de mama: autoexame e exames de imagem

·Saúde mental: foco no alívio do estresse e diagnóstico precoce de distúrbios de ansiedade e depressão

Menopausa

·Mudanças hormonais: compreender as alterações e efeitos no corpo

·Terapia hormonal: alívio dos sintomas da menopausa, sempre que houver indicação

·Saúde óssea: prevenção da osteoporose e outras doenças

·Saúde cardiovascular: manutenção da saúde cardiovascular redobrada nesta fase

·Saúde mental: suporte para lidar com os desafios emocionais

 

“É importante manter as consultas médicas regulares, a realização de exames preventivos e os hábitos de vida saudáveis ao longo de todas estas etapas, promovendo assim longevidade com qualidade”, orienta o Dr. Alexandre.

Confira sete motivos pelos quais a saúde da mulher deve ser preventiva e não corretiva:

  1. Permite a detecção precoce de doenças silenciosas, como câncer de colo do útero e hipertensão;
  2. Evita internações desnecessárias com acompanhamento contínuo;
  3. Garante mais autonomia e informação para as mulheres sobre o próprio corpo;
  4. Promove a saúde emocional, com escuta ativa e cuidado integral;
  5. Reduz o uso excessivo de medicamentos e intervenções invasivas;
  6. Fortalece o vínculo entre paciente e equipe médica, essencial para decisões assertivas;
  7. Constrói um histórico clínico consistente, que contribui para diagnósticos mais precisos ao longo da vida.

 

 

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