Durante todo o mês de março, por conta do Dia Internacional da Mulher, celebra-se as conquistas alcançadas pelas mulheres ao longo dos anos. Comemorado mundialmente em 8 de março desde 1977, a data ganhou visibilidade mundial depois de um incêndio que matou 129 mulheres que lutavam por melhores condições de trabalho, em Nova York, no ano de 1908. Mais que uma data para presentear e homenagear, é uma oportunidade para pensarmos sobre a saúde feminina e conscientizar mulheres sobre a necessidade do autocuidado e a realização periódica de exames.
A atenção ao bem-estar feminino vai além da ausência de doenças, abrangendo o equilíbrio físico, mental e social. As mulheres têm necessidades específicas de saúde por conta das questões hormonais. Essas necessidades levam a uma maior procura por serviços de saúde ao longo da vida. Elas também têm uma expectativa de vida maior do que os homens, o que pode aumentar a preocupação com a saúde e a busca por cuidados preventivos”, comenta Sueli Vieira Santos, cardiologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
A celebração do Dia Internacional da Mulher reforça a saúde como uma das áreas essenciais para melhorar a qualidade de vida das mulheres de qualquer idade ou origem social e econômica. Nesse cenário, as mulheres seguem liderando a busca por atendimento de saúde, em comparação com os homens.
Dados do Programa Nacional de Saúde mostram que 82% das mulheres cuidam mais da saúde, contra 69% dos homens e de acordo com o Fórum Econômico Mundial, elas passam, em média, 25% mais tempo lidando com problemas de saúde do que eles.
Segundo um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), utilizando dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, em 2022, cerca de 370 milhões de atendimentos femininos foram realizados no ano, ante 312 milhões de atendimentos masculinos nesse período.
No entanto, um estudo publicado na revista científica The Lancet Public Health apontou que as mulheres vivem mais, porém, com uma qualidade de vida inferior aos homens, com condições como depressão, ansiedade, dor lombar e dor de cabeça.
Mais de 4 milhões delas sequer visitaram um médico ginecologista
Cada vez mais trabalha-se com uma medicina preventiva, com o objetivo de evitar ou iniciar tratamentos o mais precocemente possível quando algum sinal de doença se manifesta. Para garantir um cuidado contínuo e eficaz, especialistas recomendam exames fundamentais que não podem faltar na rotina das mulheres. A começar dos exames ginecológicos, que possuem indicações específicas de acordo com a idade da paciente, são essenciais para o monitoramento de possíveis doenças e diagnóstico precoce.
As visitas ao ginecologista cumprem muitas funções, de check-up geral até bate-papo, com certeza podendo virar praticamente uma sessão de terapia. Mas a grande estrela continua sendo o rastreio e a prevenção do câncer de colo de útero e do câncer de mama”, conta Helga Marquesini, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.
Os exames de Papanicolau e teste de HPV indicam se há alterações e se o vírus do HPV, um dos principais responsáveis pelo câncer de útero, está presente. “Mas há uma boa notícia: as alterações costumam ter caminho lento de evolução. Com essa rotina podemos detectar as lesões pré-câncer, realizar os tratamentos necessários e evitar a evolução para câncer”, conclui.
A partir dos 21 anos, o exame de Papanicolau deve ser realizado anualmente. Já a mamografia é indicada a partir dos 40 anos. Acima dos 45 anos, os exames de eletrocardiograma e densitometria óssea devem ser realizados anualmente. Já a colonoscopia, a cada cinco anos, ou em intervalos menores de acordo com a indicação médica.
Papanicolau (Colpocitologia Oncótica)
Mais conhecido como PCCU, Papanicolau ou simplesmente ‘Preventivo’, o Papanicolau é um exame simples, mas extremamente eficaz. Ele coleta células do colo do útero para verificar alterações que possam indicar riscos e lesões com possibilidade de câncer de colo, processos infamatórios e infecciosos, além de possíveis infecções, como a causada pelo HPV (papilomavírus humano). Indicado anualmente para todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual, e estão na faixa etária de 25 aos 64 anos.
É recomendável realizá-lo todos os anos para mulheres a partir dos 25 anos. Após dois resultados normais consecutivos, o médico pode espaçar os intervalos. O diagnóstico precoce dessas doenças ajuda a proporcionar um tratamento menos invasivo e maiores chances de cura”, enfatiza a especialista.
Esse exame é preventivo para o câncer de colo uterino, sendo indicado a ser realizado em toda paciente que iniciou vida reprodutiva, a partir dos 25 anos de idade, segundo o Ministério da Saúde. Porém, sabemos que com o início cada vez mais precoce da vida sexual feminina, o ideal é que independente da idade, após o início das atividades sexuais já seja feito o exame preventivo. Deve ser feito anualmente e após dois exames consecutivos negativos, pode ser feito a cada três anos”, diz a ginecologista regenerativa, funcional e estética Yara Caldato, afiliada do Instituto Nutrindo Ideais, em Belém.
Mamografia
A mamografia é fundamental para a saúde das mamas, principalmente para mulheres com mais de 40 anos ou 35 em casos de histórico familiar. Este exame, que utiliza raios X, é capaz de identificar alterações como nódulos, calcificações ou outras condições que possam ser o início de um câncer de mama, muitas vezes antes mesmo que sejam percebidas ao toque.
A mamografia é um exame fundamental no rastreio do câncer de mama, mas também é eficaz para visualizar outras alterações que podem ocorrer nessa área, como cistos, abcessos e fibroadenoma. Por isso, todas as mulheres devem incluí-lo em sua rotina de cuidados com a saúde, que deve começar aos 40 anos para quem não tem casos da doença na família e aos 35 ou 30 para aquelas que com esse histórico, principalmente em parentes diretos, como a mãe”, detalha a dra. Letícia.
Ultrassonografia mamária
Ultrassonografia Pélvica ou Transvaginal
Esse exame é um grande aliado da saúde ginecológica, permitindo a avaliação detalhada do útero, ovários e trompas de falópio. A US Transvaginal detecta doenças na região pélvica como: endometriose, pólipos, cistos, miomas, tumores de ovários ou outras possíveis condições que podem impactar a fertilidade e o bem-estar da mulher, como gravidez nas trompas.
Mulheres em idade fértil, ou com sintomas como dores pélvicas e alterações menstruais, devem conversar com seus médicos para saber a frequência ideal de realização do exame. Além disso, ele desempenha um papel importante no monitoramento de quem já trata condições pré-existentes”, explica a médica.
US de abdômen total
Este exame detecta alterações no fígado, vesícula biliar, rins, pâncreas, bexiga e grandes vasos;
Hemograma completo
Esse exame permite identificar anemia, processos inflamatórios, alterações hormonais e metabólicas, como níveis de colesterol, triglicerídeos e glicose no sangue. Serve para identificar possíveis alterações que podem ocasionar anemia; leucemia; causas de fraqueza, febre e perda de peso; infecções virais e bacterianas; alergias etc.
Realizar um hemograma periódico é uma forma simples, mas abrangente, de avaliar a saúde global. A partir dos 40 anos, o exame de sangue deve ser feito uma vez por ano. “Ele também pode ser um marcador para doenças crônicas e merece atenção em todas as idades”, finaliza a especialista.
Exame de urina
O exame de urina é feito por meio da coleta de material e é importante para verificar infecções urinárias e alteração no funcionamento dos rins.
Densitometria Óssea
Fundamental para a detecção da osteoporose e da osteopenia, a avaliação da saúde óssea deve acontecer em mulheres na menopausa, a partir dos 50 anos mesmo sem menopausa e naquelas que possuem fator de risco, sendo estes: baixa exposição solar, tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de álcool.
A densitometria óssea é usada para detectar a osteoporose ou identificar uma perda óssea significativa antes mesmo da ocorrência de fraturas. “Este exame é especialmente indicado para mulheres com mais de 50 anos ou que estejam na pós-menopausa, um período que aumenta o risco de fragilidade óssea devido às alterações hormonais naturais”, comenta Sueli Vieira Santos.
Exames hormonais e avaliação da tireoide
Além do fator feminino e da idade acima de 40 anos, algumas condições aumentam o risco de doenças da tireoide, como histórico familiar, outras doenças autoimunes e o uso de medicamentos à base de iodo. O hipotireoidismo pode ser silencioso. Ele se desenvolve de forma gradual e discreta, o que pode dificultar o reconhecimento dos sintomas no dia a dia”, destaca a Dra. Dalva Gomes.
Com Assessorias