No Brasil, uma pessoa morre de doença cardiovascular a cada 90 segundos — são 46 mortes por hora. De acordo com o Painel de Monitoramento da Mortalidade do Ministério da Saúde, atualizado até setembro de 2024, esses problemas respondem por cerca de 400 mil óbitos anuais e permanecem como a principal causa de morte no país.

Apesar da gravidade, especialistas afirmam que oito em cada dez casos poderiam ser evitados. A campanha Setembro Vermelho busca justamente chamar a atenção para a prevenção e incentivar hábitos que protegem a saúde do coração.

A boa notícia vem de um questionário online respondido por 2 mil pessoas em todo o Brasil. O levantamento aponta que hábitos saudáveis para o coração são uma preocupação comum entre brasileiros.

Realizada entre 25 de agosto e 2 de setembro pelo Instituto Ipsos a pedido da farmacêutica Novartis, a pesquisa ouviu de 64% dos entrevistados a afirmação de que adotaram novos hábitos de vida pela saúde do coração. 

A percepção de que esses hábitos são importantes também foi captada: 76% dos entrevistados disseram estar conscientes de que é possível se prevenir contra um infarto, e 72% disseram conhecer uma pessoa que infartou.

Entre os entrevistados que declararam ter mudado sua rotina em prol da saúde, 70% passaram a se alimentar de uma forma mais saudável, 64% começaram a se exercitar e 45% procuraram atividades com a finalidade de reduzir o estresse.

51% das pessoas não sabem que os sintomas do infarto são diferentes nas mulheres

Ouvida pelo Ipsos para comentar a pesquisa, a cardiologista Maria Cristina Izar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e diretora científica do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, comemorou parte dos resultados.

Esta pesquisa é uma prova de que as pessoas estão mais bem informadas e interessadas em preservar a saúde do coração, adotando comportamentos mais saudáveis. Isso significa um avanço importante se pensarmos que a nossa expectativa de vida mudou e a prevenção é o caminho do envelhecimento saudável”, destacou a cardiologista.

Por outro lado, apesar de 82% dos entrevistados terem consciência de que o infarto não distingue faixa etária, 51% das pessoas não sabiam que os sintomas do infarto são diferentes em homens e mulheres.

Isso significa que precisamos abordar melhor esse tópico e informar a população sobre essa diferença, pois no lugar da clássica dor no peito, as mulheres podem apresentar cansaço extremo, náusea, dor nas costas, no pescoço ou falta de ar como manifestações do infarto. Inclusive, por serem considerados atípicos para doenças do coração, esses sintomas são frequentemente atribuídos a causas como estresse ou ansiedade, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento adequado das mulheres”, alerta a cardiologista.

18% não levam o resultado do exame para um médico avaliar

Outro dado considerado positivo nas respostas foi que 77% dos entrevistados sabem que existe mais de um tipo de colesterol, e 82% reconhecem que as taxas de colesterol ruim (LDL) podem ocorrer em qualquer idade.

Mais da metade dos entrevistados, 55%, também sabe que o colesterol ruim (LDL) alto aumenta a possibilidade do infarto, e oito em cada dez já fizeram exame de sangue para medir o colesterol.

Entre os que já fizeram exames de colesterol, 77% levam os resultados para algum especialista, mesmo que raramente. O principal profissional que avalia esse laudo é o clínico geral e, em segundo lugar, o cardiologista.

Para Maria Cristina Izar, é preocupante que 18% dos entrevistados nem sempre levem o resultado do exame para um médico avaliar. “Após a realização de um exame, é ideal mostrar os resultados para que o médico possa interpretá-los da maneira correta e indicar o devido tratamento”, avaliou.

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Fatores de risco e formas de prevenção

Entre as doenças cardiovasculares mais letais estão o infarto agudo do miocárdio (56.096 mortes), o acidente vascular cerebral (AVC) (63.533) e a insuficiência cardíaca (20.692). No ranking de letalidade, as enfermidades do coração ocupam o primeiro lugar, com 237.213 mortes registradas.

Segundo o cardiologista Fabrício da Silva, da Amplexus Saúde Especializada, os principais fatores de risco são hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo e estresse crônico. “

Grande parte dessas doenças pode ser evitada com mudanças simples no estilo de vida. Caminhadas diárias, alimentação equilibrada, controle do peso e consultas médicas regulares fazem toda a diferença”, afirma.

O médico ressalta também a importância do diagnóstico precoce. “Muitas vezes, os sintomas são silenciosos. Por isso, check-ups periódicos e o acompanhamento da pressão, glicemia e colesterol são fundamentais”, completa.

Além de afetar diretamente a saúde da população, as doenças cardiovasculares geram alto custo ao sistema de saúde e à economia, em razão de internações, aposentadorias precoces e afastamentos do trabalho.

Da Agência Brasil e Assessorias

 

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