O Papa Francisco, de 88 anos, sofreu uma queda em sua residência, no Vaticano, e machucou o antebraço direito, que precisou ser imobilizado, nesta quinta-feira (dia 16). O incidente doméstico com o sumo pontífice,  líder mundial da Igreja Católica, reacende o alerta para as quedas entre pessoas idosas no Brasil e no mundo.

Recentemente, repercutiu bastante o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 78 anos, que precisou operar a cabeça após sofrer traumatismo craniano decorrente de uma queda no Palácio da Alvorada. 

Lula precisou levar cinco pontos na região da nuca após um acidente doméstico no Palácio da Alvorada (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Em novembro de 2024, aos 86 anos, o cantor Agnaldo Rayol faleceu após sofrer uma queda em sua casa em Santana, localizada na Zona Norte de São Paulo. O artista sofreu uma queda no banheiro de sua residência durante a madrugada e foi levado para o hospital. Rayol chegou a ser intubado, mas não resistiu.

40% dos idosos sofrem quedas todos os anos

De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), a estimativa entre os idosos com 80 anos ou mais, é que 40% sofram quedas todos os anos.  No Brasil, um em cada quatro idosos sofre quedas anualmente, de acordo com o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). Em asilos e casas de repouso, o índice pode chegar a 50%.

As quedas em idosos são um problema grave, com consequências que podem impactar profundamente sua qualidade de vida e até aumentar a mortalidade. A fratura de fêmur, por exemplo, é uma das mais sérias.

Em agenda recente, Papa Francisco recebe Nosipho Nausca-Jean Jezile, presidente do Comitê Mundial de Segurança Alimentar (Foto: Vatican Midia)

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente, cerca de um milhão de idosos no mundo fraturam o fêmur, sendo 600 mil somente no Brasil. E 90% destes casos são causados por quedas. Estudos mostram que 30% dos idosos que sofrem esse tipo de fratura podem morrer em até um ano.

Os dados mostram que a questão de quedas é algo realmente sério. Tanto que em junho, no dia 24, celebra-se o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, data que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de medidas preventivas para evitar quedas, que podem ter consequências graves, especialmente para pessoas idosas.

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Queda mais comum ocorre no banheiro

As causas das quedas entre idosos são diversas e vão desde fatores clínicos, como hipotensão ortostática – que consiste na queda súbita na pressão arterial quando o indivíduo se levanta ao estar sentado ou deitado – e problemas de memória, até questões ambientais, como tapetes soltos e iluminação inadequada.

Os idosos acumulam fatores de risco, como baixa vitamina D, calçados inadequados, uso de medicamentos e condições emocionais, como depressão e medo de cair, que aumentam a probabilidade de acidentes”, explica a a geriatra Kelem de Negreiros Cabral, do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo a fisioterapeuta Caroline Saladini, especialista em gerontologia e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), pessoas idosas, no geral, são mais suscetíveis ao risco de queda, sendo a mais comum no banheiro. Além disso, ela comenta os principais motivos, pelo qual as quedas ocorrem.

Alterações próprias do indivíduo – como condições de saúde não controladas, fraqueza muscular, alterações de equilíbrio, diminuição da acuidade visual ou auditivo, queixa de dor; alterações ambientais, como superfície escorregadia ou irregular, pouca luminosidade, objetos soltos pela casa, móveis baixos e alterações comportamentais – quando a pessoa se coloca em risco ao andar de meias, usar escadas sem apoio no corrimão ou subir em bancos”.

Alguns indicadores podem sinalizar a necessidade de uma avaliação mais detalhada:

  • Quedas ou quase quedas nos últimos 12 meses;
  • Sensação de desequilíbrio ao andar;
  • Preocupação constante com a possibilidade de cair.

Ao notar esses sinais, é importante buscar ajuda profissional. “Compreender e agir sobre os fatores de risco pode salvar vidas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos idosos”, conclui Dra. Kelem. De acordo com ela, a prevenção de quedas é um esforço coletivo que exige atenção, educação e mudanças, mas que pode garantir mais segurança e autonomia na terceira idade.

Como prevenir as quedas

A prevenção de quedas em idosos exige uma abordagem abrangente que combine ajustes no ambiente doméstico e cuidados clínicos. Medidas simples, como instalação de corrimãos, luzes noturnas e a eliminação de tapetes soltos, podem minimizar riscos.

Segundo Caroline, melhorar a iluminação e deixar o ambiente livre são boas medidas para auxiliar as pessoas idosas, assim como evitar deixar objetos, fios e tapetes soltos pela casa. Também é válido fazer ajustes para facilitar a mobilidade, tal como elevar a altura do vaso sanitário e do sofá, e colocar uma barra de apoio no banheiro.

Mas, segundo a geriatra Kelem Cabral, é fundamental ir além dessas medidas que podem ser tomadas dentro de casa.

Avaliar a marcha, o equilíbrio e as condições clínicas do idoso permite identificar fatores de risco específicos. Relatar episódios de quase quedas ou quedas leves ao médico também é crucial para ajustes no plano de cuidados, reforçando o papel dos familiares e cuidadores nesse processo”.

Tecnologia como aliada

Segundo ela, a tecnologia é uma aliada poderosa na segurança dos idosos. Dispositivos como colares e relógios inteligentes, que detectam quedas e enviam alertas automáticos, e sensores de movimento que iluminam o ambiente durante a noite, oferecem suporte prático e imediato.

Além disso, barras de apoio ergonômicas adaptáveis contribuem para um ambiente mais seguro. “Esses recursos reduzem o risco de quedas e promovem tranquilidade tanto para os idosos quanto para seus cuidadores”, conclui a especialista.

Reabilitação e desafios

Quando uma queda ocorre, o processo de reabilitação pode ser complexo. “Tudo depende da gravidade da lesão, mas é necessário envolver o idoso, familiares e cuidadores em um plano integrado, que inclua fisioterapia e adaptações no ambiente”, diz Dra. Kelem.

A prática de exercícios como pilates e tai chi dhuan, além de fisioterapia focada em força e equilíbrio, também é recomendada. “Essas atividades ajudam a melhorar a marcha e reduzem a probabilidade de quedas futuras”, afirma a especialista.

Com assessorias

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