Por Luiz Antônio Sá*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma queda no banheiro do Palácio do Alvorada no último sábado, 19 de outubro, bateu a cabeça e precisou levar cinco pontos. O episódio alerta para dois principais tipos de aspectos que ocasionam quedas em pessoas idosas.
Assunto comum na geriatria, as quedas de idosos acontecem por fatores intrínsecos e, também, por fatores extrínsecos, que são modificáveis e podem ser evitáveis com alguns cuidados importantes.
Vamos começar pelos fatores intrínsecos que são doenças como sarcopenia (perda de força muscular); osteoporose (ossos mais frágeis); diminuição da audição, da visão, confusão mental ou então efeitos de medicamentos, quando a pessoa toma e pode sentir tontura ou mal estar geral. Nesses casos, é importante cuidar de perto das questões que afetam a saúde.
Já os fatores extrínsecos, ou externos, que são as condições principalmente no ambiente doméstico, uma ação simples que evita acidentes é a retirada dos tapetes. Os idosos têm um carinho especial pelos tapetes, mas a verdade é que estão entre os maiores causadores de quedas.
É preciso ter muito cuidado com as escadas: devem estar bem iluminadas e terem apoio. Objetos e móveis que ficam pelo caminho devem ser retirados, pois podem surpreender o idoso e ocasionarem acidentes.
Netos em casa são motivos de alegria para qualquer avô e avó, mas é muito comum, na presença deles, brinquedos e outros objetos ficarem espalhados pelo caminho. Atenção redobrada.
Banheiro é um local perigoso, pois o piso pode ficar escorregadio. Recomendamos as barras de apoio ou corrimãos, para garantir maior segurança ao idoso, no box e ao lado do vaso sanitário.
Ao cuidar dos fatores intrínsecos e extrínsecos, podemos prevenir situações de alta gravidade, como o ferimento corto-contuso sofrido pelo presidente Lula. A prevenção é a melhor alternativa para que os idosos tenham uma boa qualidade de vida.
* Professor de Clínica Médica, Geriatria e Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar)
Envelheci e estou com medo de cair, o que fazer?
*Marco Machado
A queda é o principal problema para pessoas com mais de 60 anos. Os principais motivos são a fragilidade, que vem da fraqueza muscular, e o medo de cair. Obstáculos como tapetes, degraus ou objetos esquecidos no chão podem também provocar quedas.
Cair é um problema sério, um em cada quatro brasileiros com mais de 50 anos caem, segundo último Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros. Esse número quase dobra quando a idade é superior aos 80 anos. Além da queda em si, o medo de cair atinge 31% dessas pessoas.
O fato de ter medo faz com que festas, encontros sociais e passeios sejam evitados, os custos financeiros do tratamento são muito altos, mas nada se compara à enorme redução da qualidade de vida. É comum o abandono do convívio com outras pessoas.
A boa notícia é que evitar as quedas é uma das preocupações dos profissionais da área da saúde. Várias estratégias vêm sendo adotadas em todo o mundo, inclusive no Brasil. O Guia de Atividades Físicas para População Brasileira, disponível gratuitamente, é uma delas. Usando uma linguagem fácil, ele inclui diversas maneiras de se exercitar com segurança e eficiência.
Para evitar as quedas, é essencial aumentar a força dos músculos. Isso não significa músculos exageradamente grandes e exercícios que usem muitos pesos. Práticas com o uso do próprio peso do corpo já são capazes de desenvolver músculos mais fortes e evitar quedas.
É importante contar com ajuda de um profissional capacitado, seja numa academia ou em algum dos programas comunitários gratuitos disponíveis, como o Programa Academia da Saúde (PAS).
Exercitar-se é fundamental, não só para evitar as quedas físicas, que já são muito graves, mas também para evitar a queda da qualidade de vida com o afastamento do convívio com as pessoas amadas e a falta das atividades mais prazerosas. Dance, pratique esportes, aproveite as festas da família, viaje. Faça exercícios regularmente e perca o medo das quedas.
*Marco Machado é profissional da Educação Física, professor universitário, pesquisador sobre bem-estar na terceira idade, autor do livro “Creatina e Envelhecimento”