O câncer colorretal (intestino grosso/cólon e reto) é o segundo tumor maligno, excluindo o câncer de pele não melanoma, mais comum em homens e mulheres no Brasil, atrás apenas, respectivamente, de câncer de próstata e mama. São 41 mil novos casos previstos para 2022, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Em alusão ao Março Azul Marinho, mês de conscientização sobre a doença, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) alerta para um dado ainda mais preocupante que esta já alta incidência de tumores colorretais. Ao menos 148 mil colonoscopias deixaram de ser realizados no Sistema Único de Saúde nos últimos dois anos.

Este número foi levantando pela SBCO ao conferir o banco de dados do DATASUS. O sistema registra a realização de 347.098 colonoscopias em 2019. Em 2020, quando houve medidas mais restritivas para contenção da disseminação do SarsCov-2, o que incluiu o fechamento de serviços de colonoscopia, foram realizados 241.329 exames (redução de 30,4% no ano passado)Em 2021, foi registrada uma retomada na procura pelo exame, porém, observou-se ainda uma significativa redução (304.004 colonoscopias, um volume 12,4% menor em relação a 2019).

O cirurgião oncológico e presidente da SBCO, Héber Salvador, explica que o câncer colorretal pode se desenvolver silenciosamente por um tempo, sem apresentar nenhum sintoma. Por conta disso, a vertiginosa redução de colonoscopias na pandemia é preocupante.

“Quando o paciente apresenta sintomas, já pode ser sinal de uma doença mais avançada. É fundamental a realização de colonoscopia a partir dos 50 anos em pessoas sem sintomas– ou 40 anos, caso haja histórico de câncer na família. Este exame pode evitar a doença, pois, por meio dele, é possível retirar pólipos, que são lesões presas na parede do intestino que poderiam evoluir para câncer”, explica.

O cirurgião oncológico Bruno Roberto Braga Azevedo, membro da diretoria da SBCO e titular do Hospital Pilar, explica que o papel da colonoscopia é evitar que o paciente desenvolva a doença e necessite de cirurgia.

“Nosso papel, apesar de sermos cirurgiões, é evitar que o paciente chegue a precisar desse procedimento. A decisão dependerá da extensão, tamanho e localização do tumor, assim como das condições gerais de saúde do paciente. Dependendo do caso, o tratamento pode incluir a radioterapia associada ou não à quimioterapia, no intuito de diminuir a possibilidade de retorno do tumor”, esclarece.

Ainda segundo o especialista, no caso de metástase, as chances de cura ficam reduzidas, mas há terapias eficazes, envolvendo quimioterapia e resgate cirúrgico. Por isso, em casos específicos, os pacientes metastáticos podem atingir longos períodos de sobrevida e até mesmo a cura, dependendo do quadro e resposta ao tratamento.

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Rio destaca importância da colonoscopia para identificar doença 

Para diagnosticar o câncer de colorretal precocemente, os médicos indicam a colonoscopia, um exame importante por permitir não apenas a detecção de pequenas lesões que futuramente podem evoluir para um quadro de câncer no intestino ou no reto, além de permitir a remoção dessas lesões, muitas vezes ainda benignas, de forma indolor e segura.

“O exame de colonoscopia tem para o câncer colorretal a mesma importância do exame de toque e PSA para detectar o câncer de próstata, assim como o preventivo no câncer de colo de útero e o exame de mamografia para o câncer de mama”, destaca p médico do Hospital Icaraí, Felipe Carino, especialista em gastroenterologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Neste dia 31 de março, a partir das 7h45, o Hospital Icaraí realiza em seu Centro de Estudos, uma sessão clínica para colaboradores, médicos, acadêmicos convidados com tema ‘Papel da Colonoscopia na Prevenção do Câncer Colorretal’. A palestra será realizada pelo  e é parte da Campanha Março Azul-Marinho de conscientização do câncer colorretal. O objetivo é esclarecer pessoas de 45 anos ou mais para que se conscientizem sobre a importância de se fazer esse exame.

“Esse tipo de câncer apesar de ter prevalência na população acima de 45 anos muito maior do que o de próstata nos homens e do que o câncer de colo de útero nas mulheres, ainda é pouco divulgado e enfrenta preconceito pelo tipo de exame”, explica Leonardo Cordeiro de Souza, diretor científico do Centro de Estudos do Hospital Icaraí  e gestor de fisioterapia do Hospital e Clínica São Gonçalo.

Sinais de alerta e como prevenir

Alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados), assim como alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas), são sintomas de alerta, que devem ser investigados. Os demais sintomas mais comuns são sangue nas fezes, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia e perda de peso sem causa aparente.

Recomenda-se a adoção de uma dieta que contemple o consumo de frutas e hortaliças, assim como evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas.  Moderação também é a palavra-chave em relação à carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos. Os demais fatores de risco são sedentarismo, obesidade e tabagismo.

A hereditariedade representa entre 5% a 10% dos casos, sendo a síndrome de Lynch a mais prevalente. Há também a polipose adenomatosa familiar, que é quando os pacientes apresentam um maior número de pólipos, devendo ser submetidos mais frequentemente à colonoscopia.

Com Assessorias

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