Popularmente conhecido como câncer de intestino, pelo fato de ser o mais comum nesta região, o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre os homens e o segundo entre as mulheres na Região Sudeste, desconsiderando os tumores de pele. Trata-se do tumor maligno que acomete o intestino grosso (ou cólon) e o reto (final do intestino grosso, porção que termina no ânus).

Anualmente, cerca de 41 mil brasileiros são diagnosticados com tumores malignos no intestino grosso e reto. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, para cada ano – entre 2020 e 2022 -, surjam 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres. O risco é de 19,64 casos novos para cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres.

O risco de desenvolver a doença se acentua à medida que as pessoas envelhecem. O mês de março evidencia, através da campanha “Março Azulmarinho”, o debate sobre a prevenção, rastreamento e tratamento precoce do câncer colorretal. O dia 27 de março foi escolhido oficialmente no Brasil como o Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal. 

“O risco aumenta com a idade, com doenças intestinais específicas e com história familiar de pólipo ou de câncer de intestino. Noventa por cento dos casos ocorrem após os 50 anos. Por isso, pessoas acima de 45 e 50 anos devem fazer colonoscopia preventiva, mesmo que não apresentem nenhum sintoma. O objetivo é encontrar o estágio precoce do tumor enquanto ainda é um pequeno pólipo benigno”, esclarece Eric Pereira, gastroenterologista do Hospital Icaraí.

Ele afirma que cerca de 90% dos cânceres do intestino e do reto se originam dos chamados pólipos, que são pequenas lesões benignas que crescem na parede interna do intestino. Segundo ele, esses pólipos benignos, após um período médio de 8 a 10 anos, transformam-se no câncer, e é por isso que a colonoscopia se faz tão importante, pois, além de encontrar os pólipos, permite que os médicos os retirem com acessórios no mesmo momento.

O especialista relata que os pacientes atendidos no Hospital Icaraí são informados da prevenção do câncer colorretal, encaminhados ao gastroenterologista e orientados a realizar a colonoscopia: “Recomenda-se, também, atividade física regular, perda de peso, não fumar e ter uma alimentação mais saudável e natural, com pouco consumo de alimentos processados”, afirma.

Especialista tira as principais dúvidas sobre o câncer colorretal

Apesar de o câncer colorretal ocorrer em qualquer idade, a maior parte das pessoas atingidas possui entre 50 e 60 anos. Por isso, segundo o coloproctologista do Hospital Águas Claras, Bruno Augusto Alves Martins, homens e mulheres devem começar a prevenção ao câncer colorretal a partir dos 45 anos. Apesar do alto risco, a doença tem tratamento e as chances de cura são altas quando o problema é diagnosticado nas fases iniciais. A seguir, o especialista tira as principais dúvidas sobre o tema

O que é o câncer colorretal?

É o câncer que engloba os tumores malignos que acometem o intestino grosso e o reto. Trata-se de uma doença relativamente comum e, no Brasil, é o segundo tipo de câncer que mais afeta homens e mulheres. No Distrito Federal, estima-se que cerca de 500 pessoas sejam diagnosticadas por ano. A maioria dos cânceres intestinais é resultado do crescimento dos pólipos, que correspondem a elevações na parede do intestino que são semelhantes a pequenas verrugas ou cogumelos. Os pólipos geralmente são benignos, entretanto, com o tempo, podem resultar em câncer.

Qual a prevenção?

A prevenção é baseada quase que fundamentalmente na mudança de hábitos de vida: alimentação saudável e prática de exercícios físicos. A alimentação deve ser composta por frutas, verduras e demais alimentos ricos em fibras. É preciso também evitar consumo de carnes vermelhas em excesso, alimentos processados, cigarro e álcool em excesso. Outro fator importantíssimo na prevenção é a retirada dos pólipos por meio da realização da colonoscopia.

A partir de quantos anos precisa começar o rastreamento?

A colonoscopia é indicada a partir dos 45 anos, em pessoas sem histórico familiar para câncer colorretal. Aos que possuem antecedentes, a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade do parente que foi diagnosticado com este câncer. Por exemplo, se o parente da pessoa foi diagnosticado aos 45 anos, esse paciente deve começar a fazer a colonoscopia aos 35 anos, independente de sintomas. Tanto homens quanto mulheres precisam realizar o exame de prevenção e detecção precoce. Começamos o mais brevemente possível para diagnosticar os pólipos, retirá-los e quebrar a cadeia de evolução do desenvolvimento do câncer colorretal.

ATENÇÃO: A história familiar dobra o risco de ter câncer colorretal. Ao associar outros fatores de risco, como obesidade, tabagismo e sedentarismo, a pessoa terá maior chance de desenvolvimento da doença. As pessoas com antecedentes devem estar muito atentas a isso. Existem também síndromes genéticas associadas ao surgimento de câncer, como por exemplo, a síndrome de Lynch. Nesses casos, o regime de realização da colonoscopia é diferente. Os pacientes diagnosticados com síndromes de câncer colorretal hereditário devem procurar o coloproctologista o mais cedo possível.

Quais exames são necessários?

O principal exame na prevenção e detecção precoce do câncer colorretal é a colonoscopia. Porém, há outros exames que podem ser solicitados, tais como: sangue oculto nas fezes, a retossigmoidoscopia, colonoscopia virtual, DNA fecal, entre outros. Em caso positivo de qualquer um destes exames, a investigação deve ser complementada com a realização da colonoscopia.

Quais os sintomas?

Sangramento nas fezes, alterações do ritmo intestinal (intestino preso ou diarreia), dor abdominal, perda de peso não intencional, anemia, fraqueza. É importante lembrar que esses sintomas nem sempre estão associados ao câncer colorretal. É preciso procurar um médico para fazer investigação das causas e ficar atento à idade de rastreio.

Como é feito o tratamento? 

A cirurgia é o principal pilar no tratamento do câncer colorretal. Nas fases iniciais, o tratamento cirúrgico oferece altas chances para resolver o problema. Em alguns casos, pode ser recomendada a realização de quimioterapia ou radioterapia. Após o procedimento, a pessoa operada precisa manter acompanhamento com o médico oncologista e o cirurgião colorretal, fazendo os exames de vigilância rotineiramente, tais como colonoscopia, exames de imagem e de sangue, visando a averiguar qualquer suspeita de retorno da doença.

Comorbidades podem aumentar as chances?

A obesidade é um dos principais fatores de risco. Existem também doenças do próprio intestino que elevam a chance de desenvolver câncer colorretal, como por exemplo, as doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e retocolite ulcerativa). As pessoas que têm doenças intestinais precisam estar em acompanhamento contínuo para empreender métodos de prevenção ao câncer colorretal. Outra observação importante é que pessoas com antecedente pessoal de câncer, mesmo que em outros órgãos, têm um risco elevado de desenvolver o câncer colorretal.

Durante a pandemia é seguro fazer o acompanhamento e tratamento?

A pandemia tem sido um fator que atrapalha o acesso aos regimes de prevenção de outras doenças. As pessoas têm ficado temerosas de procurar atendimento e contrair o vírus. Entretanto, é importante salientar que, em casos de sinais de alerta, deve-se agendar consulta com o especialista. Pois, o atraso no tratamento do câncer colorretal pode gerar um prognóstico pior e até levar à morte. As chances de cura são altas quando a doença é detectada e tratada nas fases iniciais.

 

Com Assessorias

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