Após o Brasil recuperar, em novembro de 2024, o status de “país livre do sarampo” pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a confirmação de novos casos da doença desde o início de 2025 reacende a preocupação e reforça a importância da vacinação e de medidas preventivas. A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou nesta sexta-feira (18) o registro do primeiro caso de sarampo no estado em 2025.
A vítima é um homem, de 31 anos, morador da capital, que estava vacinado e não precisou de internação. Ele já está recuperado e sem sintomas da doença. Apesar de o homem ser residente na capital, a secretaria ainda está investigando o local onde ele pode ter sido infectado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, o último caso autóctone [contraído na própria cidade onde a vítima reside] do estado de São Paulo ocorreu em 2022. ele teria viajado para a cidade de Jacarezinho, no Paraná, passando a apresentar sintomas no dia 2 de abril, com febre, manchas vermelhas no corpo e tosse. Até o momento, informou a administração municipal, não foram identificados outros casos relacionados.
O Ministério da Saúde confirmou quatro casos de sarampo entre 1º de janeiro e 18 de março deste ano. Três casos foram registrados em municípios do Rio de Janeiro (São Gonçalo e São João de Meriti) e um caso foi importado no Distrito Federal, envolvendo uma mulher de 35 anos que viajou por diversos países. No painel do Ministério da Saúde, constam 188 casos suspeitos de sarampo este ano – veja aqui.
Por conta dos casos no Estado do Rio, uma força-tarefa do Ministério da Saúde, Governo do Estado e prefeituras foi iniciada no último dia 6 para bloqueio vacinal contra o sarampo nos municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaboraí, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e São Gonçalo. O objetivo é ampliar a cobertura vacinal e evitar novos casos da doença.

O que é sarampo e seus principais sintomas

Vacina é aplicada em jovem

O sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa e já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo. A transmissão do vírus ocorre de pessoa para pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar.

A doença é tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunizadas. Por isso, a vacinação contra o sarampo é extremamente importante.

Os principais sintomas do sarampo são manchas vermelhas no corpo e febre alta, acima de 38,5ºC, acompanhadas de tosse, conjuntivite, nariz escorrendo ou mal-estar intenso. Os casos podem evoluir para complicações graves e causar diarreia intensa, infecções de ouvido, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). Algumas dessas complicações podem ser fatais.

Inicialmente, a doença se manifesta com febre alta, mal-estar, coriza, conjuntivite, tosse e falta de apetite. Nesse período, podem ser observadas manchas brancas (Koplik) na face interna das bochechas. As manchas vermelhas na pele começam a aparecer atrás das orelhas, espalham-se pelo corpo e, após três dias, tendem a diminuir.

A vacina é a principal forma de prevenção da doença.  Na cidade de São Paulo, o imunizante está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBEs) de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados e feriados nas AMAs/UBSs Integradas /Assistência Médica Ambulatorial/Unidades Básicas de Saúde Integradas, no mesmo horário.

Leia mais

Nove cidades do RJ iniciam vacinação de emergência contra o sarampo
Sarampo: município do Rio amplia vacinação em pontos estratégicos
Rio leva vacinação contra o sarampo a locais de grande circulação

Especialista reforça importância da imunização para manter país livre da doença

Em 2016, o Brasil recebeu a certificação da eliminação do vírus que causa o sarampo. Segundo o Ministério da Saúde, nos anos de 2016 e 2017 não foram confirmados casos da doença. No entanto, em 2018, com o grande fluxo migratório associado às baixas coberturas vacinais, o vírus voltou a circular e, em 2019, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, ao registrar mais de 21,7 mil casos.

Em junho de 2022, o Brasil registrou o último caso endêmico de sarampo, no Amapá. Com isso, em novembro de 2024, a Opas voltou a certificar o Brasil como livre da circulação do vírus.

Embora considerados casos isolados, o Ministério da Saúde está adotando medidas para afastar a possibilidade de novos surtos. Isso porque a infecção compromete o sistema imunológico e pode levar a complicações graves, especialmente em crianças menores de cinco anos, gestantes e pessoas com imunidade debilitada”, diz a professora Janize Silva Maia, da Escola da Saúde do Centro Universitário Facens.

Dentre as complicações mais severas estão pneumonia, encefalite e a panencefalite esclerosante subaguda, em casos raros”.

sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que se caracteriza inicialmente por febre alta (acima de 38,5 °C), tosse seca, coriza e conjuntivite, sintomas que podem ser confundidos com um quadro gripal ou alérgico.

Dias depois, surgem erupções vermelhas não pruriginosas, principalmente no rosto e atrás das orelhas, que se espalham para o restante do corpo. Outras manifestações podem incluir dor de garganta, manchas brancas na cavidade bucal, dores musculares, fadiga e irritação nos olhos”, explica.

Quem pode se vacinar contra o sarampo?

Vacinação em Niterói contra o sarampo

Para a profissional, dentre as medidas para manter o Brasil livre do sarampo, a fundamental é a vacinação. “A imunização em massa não só reduz a disseminação do vírus, como também protege às populações vulneráveis. Isso evita surtos da doença. Campanhas têm sido reforçadas em diversas regiões do país para garantir altas taxas de cobertura vacinal e impedir a reintrodução do vírus”, comenta.

O imunizante que previne o sarampo é a vacina tríplice viral, responsável também pela prevenção da caxumba e rubéola. Devem buscar uma unidade de saúde:

  • Qualquer pessoa entre 1 e 29 anos deve receber duas doses, sendo a primeira com a tríplice viral aos 12 meses e a segunda aos 15 meses com a tetraviral ou tríplice viral + varicela.
  • Pessoas entre 30 e 59 anos devem receber uma dose da tríplice viral, se acaso não tomaram a vacina anteriormente. Trabalhadores da saúde devem receber duas doses, independentemente da idade, com intervalo de 30 dias entre as doses. É importante ressaltar que essa vacina é contraindicada para gestantes, que deverão tomá-la somente após o nascimento do seu bebê.

Pessoas que não sabem se foram imunizadas ou com quaisquer dúvidas devem procurar as Unidades Básicas de Saúde para receberem informações sobre a sua situação e, eventualmente, receberem a vacina. Manter a vacinação em dia é essencial para prevenir o sarampo e proteger a nossa saúde e a da nossa coletividade”, reforça a especialista.

O trabalho de uma vigilância epidemiológica ativa, onde as equipes de saúde promovem o monitoramento dos casos suspeitos para a realização de bloqueios vacinais imediatos é essencial. Assim como o controle sanitário em aeroportos e fronteiras, onde os viajantes precisam apresentar o comprovante de vacinação para entrada no país. Eles também recebem orientações caso apresentem sintomas da doença.

Ainda, é fundamental a relação de cooperação do Ministério da Saúde com os parceiros internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), monitorando a evolução da doença globalmente, para adaptação das estratégias brasileiras, conforme a necessidade”, conclui Janize.

Da Agência Brasil e Facens

 

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *