préeclâmpsia é uma condição séria que afeta apenas mulheres grávidas, caracterizada pelo aumento da pressão arterial a partir da segunda metade da gestação. Apesar de muitos casos apresentarem poucos ou nenhum sintoma visível, a doença pode evoluir rapidamente e trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.

No dia 22 de maio é celebrado o Dia Mundial da Conscientização sobre a Préeclâmpsia, data criada para alertar sobre os riscos dessa grave condição que afeta cerca de 3% das gestações em todo o mundo.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo),pré-natal rigoroso é fundamental para o diagnóstico precoce da doença.

A gestante pode não sentir nada e estar com pressão alta. Por isso, é importante que inicie o pré-natal logo que confirme a gravidez. Em cada consulta, será medida sua pressão e pode-se descobrir que ela está elevada, mesmo que a mulher não esteja sentindo nada”, explica José Carlos Peraçoli, presidente da Comissão de Hipertensão na Gestação da Febrasgo.

A condição leva a sinais de comprometimento de órgãos como rins e fígado, geralmente manifestando-se após a 20ª semana de gestação. Se não identificada e tratada precocemente, pode levar a complicações sérias e até à morte da mãe e do bebê.

Mesmo com acompanhamento pré-natal adequado, alguns casos evoluem para quadros graves, como acidente vascular cerebral, insuficiência renal e hepática, edema agudo de pulmão e óbito”, alerta Luciana Ferreira Franco, médica patologista clínica e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

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Quais exames as grávidas devem fazer?

Embora as causas exatas da préeclâmpsia ainda não sejam totalmente compreendidas, sabe-se que estão relacionadas ao desenvolvimento anormal dos vasos sanguíneos da placenta. Além da pressão alta, outros sintomas podem surgir, como dor de cabeça intensa, visão de pontos brilhantes — muitas mulheres relatam ver “estrelinhas” — e dor na região do estômago.

A préeclâmpsia tem tratamento, que, inicialmente, é realizado com remédios para controlar a pressão. Mas somente isso pode não ser suficiente. Infelizmente, não existe cura: a préeclâmpsia só desaparece quando o bebê nasce”, esclarece o especialista da Febrasgo.

Segundo o médico, entre os exames mais importantes para o diagnóstico estão a avaliação da proteinúria (presença de proteína na urina), além de testes para avaliar o funcionamento do fígado, rins, anemia e alterações de coagulação sanguínea.

Biomarcador aumenta chances de prever a préeclâmpsia na gestação

Exame disponível no Brasil permite diagnóstico precoce e decisões médicas mais seguras, podendo salvar vidas

Nos últimos anos, a medicina tem avançado no rastreamento precoce da préeclâmpsia por meio de exames laboratoriais que avaliam biomarcadores específicos. No Brasil, já está disponível um teste de sangue capaz de prever o risco da doença ainda no primeiro trimestre, o que permite intervenções antecipadas e mais eficazes.

A predição com base apenas na história clínica materna apresenta limitações. Por isso, a recomendação da Febrasgo é que todas as gestantes sejam avaliadas com uma combinação de fatores de risco maternos e biomarcadores”, explica a Dra. Luciana.

Entre os biomarcadores mais promissores está o PLGF (fator de crescimento placentário), que reflete a função placentária e pode sinalizar alterações antes mesmo do surgimento dos sintomas clínicos. Estudos mostram que níveis de PLGF abaixo de 100 pg/mL indicam risco aumentado de préeclâmpsia, enquanto valores abaixo de 12 pg/mL estão associados a maior chance de complicações graves, como a prematuridade.

A combinação com o biomarcador sFlt-1 (sFms-like tyrosine kinase-1) também contribui para um diagnóstico mais preciso. “O índice sFlt-1/PLGF elevado pode indicar maior risco de préeclâmpsia grave, ajudando a equipe médica a tomar decisões mais seguras”, acrescenta a especialista.

Para a dra Luciana, a incorporação desses exames na prática clínica representa um avanço significativo para a saúde materna e fetal. “Com o uso de biomarcadores, conseguimos oferecer um cuidado mais individualizado, reduzir riscos e melhorar os desfechos da gestação. É uma ferramenta importante para salvar vidas”, conclu

Principais marcadores de risco

Na primeira consulta do pré-natal, é possível identificar gestantes com maior risco, como:

  • Mulheres que já tiveram préeclâmpsia em gravidezes anteriores;
  • Está com peso acima do ideal;
  • Gestação de gêmeos;
  • Histórico de pressão alta ou diabetes.

Marcadores adicionais de risco são: primeira gestação, histórico de préeclâmpsia em mãe ou irmã, ter 35 anos ou mais, ser negra (preta ou parda) ou ter um intervalo superior a 10 anos entre gestação anterior e a atual.

Prevenção

Segundo Dr. Peraçoli, existem formas de reduzir o risco de préeclâmpsia naquelas pacientes consideradas vulneráveis. Quem apresenta fatores de risco deve ser orientada a praticar atividade física — como caminhada de 30 minutos, cinco vezes por semana —, além de tomar cálcio e pequena dose de aspirina, conforme prescrição médica.

O acompanhamento da pressão arterial durante toda a gestação é fundamental. Para quem já tem pressão alta, o monitoramento deve ser feito diariamente ou em dias alternados, conforme orientação médica.

Complicações

Ignorar sinais, mesmo que leves, pode resultar em crise hipertensiva, infarto, derrame, insuficiência renal, convulsões, problemas graves de coagulação e sérios riscos para o bebê, que pode não crescer como deveria. “Nascer com baixo peso, sofrer com falta de oxigênio ou até falecer dentro do útero. Em casos graves, pode ser necessário antecipar o parto, levando ao nascimento prematuro”, alerta o Dr. Peraçoli.

Após o nascimento, os sintomas da préeclâmpsia costumam desaparecer, mas o acompanhamento deve continuar. “Toda mulher que teve préeclâmpsia precisa manter acompanhamento ao longo da vida, pois tem risco maior de desenvolver problemas cardíacos ou renais. Mudanças no estilo de vida, dieta saudável e exercícios regulares são fundamentais”, conclui o especialista.

Com Assessorias

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