Embora seja uma fase natural da vida para todas as mulheres, ela é vistamenopausa como uma grande vilã durante o envelhecimento. A menopausa é um processo fisiológico que começa um ano após o último fluxo menstrual e que todas as mulheres terão que enfrentar em algum momento da vida. Cerca de quatro anos antes da menopausa, que acontece geralmente entre os 45 e 55 anos, ocorre a perimenopausa, quando caem os níveis de estrogênio, hormônio produzido pelos ovários, levando à irregularidade menstrual e aos primeiros sintomas da menopausa.

A fase em que o corpo para de produzir os hormônios estrogênio e progesterona é vista de modo negativo pelo fato de vir acompanhada de sintomas desagradáveis, como ondas de calor (os chamados fogachos), suores noturnos, dor muscular ou articular, cansaço, mudanças de humor, secura vaginal e falta de interesse em sexo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a regional do RJ (Sbem-RJ), os sintomas podem ser leves e transitórios ou intensos e mais prolongados,impactando de forma negativa a produtividade e a qualidade de vida das mulheres.

Por conta do Dia Mundial da Menopausa, 18 de outubro, a Sbem publicou em seu site 10 dicas que as mulheres precisam saber sobre o tratamento para aliviar essa etapa, a chamada terapia hormonal da menopausa.

  1. De acordo com o Comitê de Nomenclaturas da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, a menopausa é a fase em que a mulher passa do estágio reprodutivo para o não reprodutivo.
  2. Os principais sintomas que identificam a menopausa começam a acontecer entre 45 e 55 anos.
  3. Os principais sintomas dessa fase são a parada das menstruações, ondas de calor e suores noturnos, insônia, diminuição no desejo sexual, irritabilidade, depressão, osteoporose, ressecamento vaginal, dor durante o ato sexual e diminuição da atenção e memória. Esses sinais podem variar de mulher para mulher.
  4. A diminuição na produção hormonal na menopausa aumenta as chances do aparecimento de doenças cardiovasculares e da osteoporose.
  5. O tratamento existe com a finalidade de aliviar os sintomas e não de cessar o processo da menopausa.
  6. As doenças cardiovasculares e a osteoporose também podem ser prevenidas com o tratamento, já que melhora a quantidade do cálcio no esqueleto, age beneficamente nos níveis do colesterol bom (HDL) e diminui a possibilidade de doença coronariana.
  7. O tratamento é geralmente realizado com dosagens relativamente baixas de estrogênios, por via oral ou transdérmica (adesivos sobre a pele ou gel).
  8. Podem ser utilizados também estrogênios por via vaginal, para aliviar os sintomas locais de ressecamento e desconforto às relações sexuais.
  9. Para as mulheres que retiraram o seu útero, não há necessidade da reposição da progesterona. Já as pacientes que não fizeram esse procedimento devem receber, além do estrogênio, a progesterona ou um progestágeno sintético.
  10. Não há consenso quanto ao tempo que deve ser mantida a terapia hormonal, que deve ser decidido caso a caso.

Endocrinologista esclarece dúvidas

Apesar do impacto negativo sobre a qualidade de vida da mulher, é possível diminuir suas consequências. A endocrinologista Graziella Mendonça Monteiro de Barros esclarece sobre os sintomas e formas de tratamento, hormonais ou não, que ajudam as pacientes neste momento delicado da vida. Graziella atende no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede), unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES) que oferece, pelo SUS, atendimento ambulatorial a mulheres na menopausa ou perimenopausa. São realizados cerca de 200 atendimentos por mês na unidade. Para acessar o serviço, as pacientes precisam ser encaminhadas por alguma unidade básica de saúde, que é responsável por sua inscrição na Central Estadual de Regulação (CER).

– Quais são os sintomas mais comuns da menopausa?

As ondas de calor e a sudorese atingem cerca de 75% das mulheres, podendo ocorrer em grau intenso em 25% das mulheres que registram os sintomas, prejudicando consideravelmente sua qualidade de vida. Irritabilidade, oscilações de humor, ansiedade, insônia e depressão também podem se manifestar nessa fase. Existem outros sintomas que ocorrem na região do aparelho genital, como o ressecamento e perda da elasticidade da vagina. O problema pode causar dor e dificuldade nas relações sexuais que, somadas à diminuição da libido, pode levar ao desinteresse pela prática sexual nessa fase da vida. Com o fim da produção de estrogênio pelos ovários, cresce o risco de osteoporose, instabilidade metabólica (elevação do colesterol e da glicose), depósito de gordura no abdômen, ressecamento da pele e dos cabelos.

2 – Existe tratamento para melhorar a qualidade de vida da mulher nessa fase da vida?

Sim. É possível fazer tratamento a base de hormônios com o objetivo de restaurar os níveis de estrogênio e progesterona no organismo, aliviando os sintomas da menopausa e melhorando a qualidade de vida dessas pacientes. A Terapia Hormonal da Menopausa (THM) está indicada para mulheres com menos de 60 anos que apresentem os sintomas e nos primeiros 10 anos  após a interrupção da menstruação. Feita com hormônios idênticos aos naturais, a terapia é composta de estradiol em forma de comprimido, gel ou adesivos e progesterona natural, que pode ser administrada via oral e transvaginal. A THM tem efeitos benéficos nos níveis de colesterol, no metabolismo da glicose, com redução no desenvolvimento de diabetes, no risco cardiovascular, desde que iniciada logo após a menopausa, e na prevenção da perda óssea associada ao processo. Vale ressaltar que apenas um médico pode avaliar qual a melhor formulação e via de administração para a paciente.

3 – Há outras formas de minimizar o impacto do processo, além da administração de medicamentos?

A prática de atividades físicas, que ajuda a prevenir doenças cardíacas e osteoporose, ajuda na manutenção do peso, além de melhorar o humor e a disposição.

– Há contraindicações para a THM?

Sim. Pacientes com histórico de câncer de mama ou de endométrio, doença hepática grave, risco elevado ou histórico de trombose, infarto ou derrame, hipertensão descontrolada e diabetes de difícil controle são contraindicadas para a terapia. Para essas mulheres, existem outros medicamentos que proporcionam alívio dos sintomas e que não contêm hormônios.

Alimentação saudável reduzi fogachos

Um dos sintomas mais conhecidos da menopausa, o fogacho é uma sensação subjetiva de calor associada aos sinais de vasodilatação cutânea e queda subsequente da temperatura corporal. Sudoreses diurnas e noturnas, rubor, cansaço, palpitações, ansiedade, irritabilidade e, até mesmo, transtorno do pânico podem acompanhar esse transtorno. Mas a nutricionista Sabina Donatelli traz uma boa notícia para o universo feminino. Segundo a especialista, os sintomas desagradáveis podem ser amenizados através de uma alimentação saudável.

“Tudo que contém açúcar e farinha tem que ser evitado. A alimentação deve ter 65% verduras, legumes e frutas, ou seja, o que sai da terra e os outros 35% devem ser direcionados para carnes, proteínas, gorduras e o tal carboidrato, proveniente de mandioca, cará, inhame e batata-doce são muito mais indicados do que os oriundos dos grãos”.

Seguindo essa conduta de consumo, é possível ter uma menopausa sem transtornos. Sabina também afirma que álcool e todo tipo de xenobióticos como remédios, temperos artificiais, refrigerantes, alimentos industrializados de maneira geral e embutidos não são bem-vindos. ” Inclua nesta lista pizza, pão, bolachinhas, macarrão”, aconselha.

Como controlar a obesidade

É comum neste período a obesidade se manifestar. Caso isso ocorra, recomenda-se promover uma mudança radical, consciente e aliada a uma dieta consistente. Caso a mulher já possua hábitos saudáveis, mesmo não estando próxima a menopausa, vai passar pelo processo sem sofrimento. “Com um IMC dentro do padrão, praticantes regulares de atividade física e com baixa ingestão de açúcares exenobióticos são candidatas naturais a não sofrerem tanto quando chegam a este período delicado. O recomendável é começar a se preocupar com este assunto a partir dos 35 anos, independente se é mãe ou não”, avalia a nutricionista.

Mesmo que alguns suplementos ou hormônios possam auxiliar nesta jornada, a resposta para o bem-estar ainda está na alimentação saudável. ” Os alimentos ajudam, quando não, resolvem. Conheço mulheres que simplesmente passaram pela menopausa sem ressecamento vaginal. Trata-se de um desafio e requer maturidade diante de si, da vida, do próprio corpo edas outras pessoas”, destaca Sabina

Mudar hábitos significa escolher o caminho mais difícil. Mas, em contrapartida, é através deste novo olhar que se chega a uma velhice muito mais saudável e com disposição sem precedentes. A nutricionista separou cinco alimentos que devem ser consumidos e que conduzem para uma menopausa saudável. “Aspargos, cogumelos, beterraba, abacate e derivados de soja são excelentes opções”, conclui.

Da Redação, com assessorias

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