Cedendo a inúmeras pressões ao longo dos dois últimos anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalmente demitiu Nísia Trindade, primeira mulher a ocupar o Ministério da Saúde. Ela será substituída por Alexandre Padilha (PT), atual ministro das Relações Institucionais, que foi-ministro da Saúde entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014, durante ogoverno Dilma Rousseff.

O cargo de Nísia estava em xeque há pelo menos duas semanas, sob pressão do Centrão, que almejava comandar o orçamento da pasta, um dos mais robustos da Esplanada dos Ministérios. Cinco dias antes da exoneração, Nísia esteve em reunião com Lula e o Ministério da Saúde chegou a emitir uma nota negando a saída dela do cargo.

Trata-se de uma fake news a informação de que a ministra esteve em reunião com o presidente Lula na tarde desta quinta-feira (20) sobre substituição no comando da pasta. As notícias de que a ministra teria convocado reunião com a equipe para comunicar sua saída também são falsas. Não houve qualquer comunicado a respeito do tema”.

Na nota, a pasta informou que a ministra Nísia Trindade cumpria agenda no estado de São Paulo e continuava trabalhando normalmente. No dia 21, ela esteve em Maringá, no Paraná, para entrega de 10 leitos de UTI do Hospital da Criança e visita ao Parque Tecnológico Industrial da Saúde. 

A atual gestão, sob o comando do presidente Lula, está cumprindo o compromisso de reestruturar o SUS e cuidar da saúde da população, com resultados concretos – a população agora pode pegar 100% dos medicamentos do Farmácia Popular de graça – e melhoria sensível de indicadores, como aumento da cobertura vacinal após mais de seis anos de quedas consecutivas”, disse a ministra, por meio da nota, que também trouxe um balanço das principais medidas tomadas em sua gestão (veja abaixo).

Entidades científicas lamentam saída de Nísia Trindade

Funcionária concursada da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia ocupava o cargo desde janeiro de 2023. A saída de Nísia reduz o número de mulheres na Esplanada – agora, elas chefiam nove de um total de 38 ministérios.

Em nota, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) se manifestaram sobre a saída de Nísia, afirmando que ao longo de 25 meses, ela “recuperou uma área destruída pela incúria do governo passado, resgatando o papel do Ministério da Saúde na implementação das políticas do SUS, tão ameaçadas no período anterior à sua gestão”.

O povo brasileiro voltou a ter esperança, confiança e orgulho nas políticas públicas em Saúde: a confiança na Ciência que nos traz vacinas, a gestão epidemiológica de um país assolado por diferentes endemias e epidemias, o apoio a populações desassistidas pelas catástrofes naturais e os medicamentos da Farmácia Popular, agora ampliados, para citar apenas alguns feitos”, disseram as entidades, na nota.

Ainda segundo a nota, “a gestão de Nísia Trindade também reacendeu as articulações do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS), que deverá levar o Brasil a uma importante redução na dependência de insumos e medicamentos.

O que foi destruído nos seis anos de dois governos em que a saúde deixou de ser priorizada, Nísia reconstruiu em 25 meses. Isso não é pouco. A palavra que melhor expressa o sentimento da SBPC e da ABC é a gratidão à Ministra Nísia Trindade Lima pela sua gestão competente frente ao Ministério da Saúde”.

Acesse aqui a nota na íntegra

Setor farmacêutico elogia novo ministro

Grupo FarmaBrasil diz esperar que Alexandre Padilha dê continuidade às estratégias para fortalecimento do setor

Já chegada do novo ministro foi aplaudida pelo setor farmacêutico. O Grupo FarmaBrasil, que representa 12 entre as maiores empresas farmacêuticas do país, disse receber “com entusiasmo” a nomeação de Alexandre Padilha e que espera “estreitar o diálogo entre o governo e a iniciativa privada”.  Segundo o grupo, Padilha esteve à frente de iniciativas estratégicas voltadas para a ampliação da produção nacional de medicamentos e o fortalecimento da autonomia do país e do setor farmacêutico, como lembrou a o grupo.

Em nota, o FarmaBrasil elencou alguns destaques de sua gestão, como a consolidação de mais de 100 Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) que abrangeram medicamentos de última geração como os biotecnológicos, o fortalecimento do quadro de funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a ampliação do programa Farmácia Popular”.

Ao longo de sua trajetória, Padilha se destacou pelo amplo conhecimento dos desafios e oportunidades do setor de saúde, desempenhando um papel fundamental na formulação e implementação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do sistema de saúde e o complexo industrial da saúde no Brasil. Sua experiência o torna uma figura chave para promover avanços significativos na área”, avalia o presidente-executivo do Grupo, Reginaldo Arcuri.

Ainda sobre o novo ministro da Saúde, Arcuri disse reafirmar seu compromisso em trabalhar junto à nova gestão para fortalecer o setor e ampliar o acesso à saúde, inovação e pesquisa. “Confiamos agora na capacidade de Alexandre Padilha para conduzir o Ministério da Saúde e estreitar o diálogo entre o governo e a iniciativa privada. O fortalecimento dessa cooperação será fundamental para o Brasil ampliar a capacidade produtiva nacional e garantir que os avanços conquistados nos últimos anos sejam intensificados”, afirmou Arcuri.

O Grupo FarmaBrasil também fez um reconhecimento ao “grandioso trabalho realizado pela ministra Nísia Trindade, que desempenhou um papel essencial no avanço das políticas de saúde no país”. Segundo a nota, ela “liderou com dedicação e competência ações essenciais para o fortalecimento da saúde pública brasileira alinhadas com os objetivos estabelecidos na Missão 2 da Nova Indústria Brasil (NIB), iniciativa que já alavancou R$ 39,5 bilhões em investimentos para o setor”.

Ações realizadas na gestão Nísia Trindade

Programa Mais Especialistas
• Cirurgias: 14,09 milhões de cirurgias eletivas realizadas em 2024 (+37% desde 2022).
• Programa Nacional de Redução de Filas: 99% da demanda atendida.
• Foram realizadas 1.348.727 cirurgias, frente a uma fila inicial de 1.367.132 procedimentos (99% da fila).
• R$ 1,2 bilhão adicionais para ampliar o programa em 2025.

Vacinação e prevenção
• Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas (Unicef/OMS).
• Aumento da cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário infantil.
• Recertificação como país livre do sarampo.
• Incorporação de novas vacinas (ex: vírus sincicial respiratório).

Acesso a medicamentos e atendimento
• 100% dos medicamentos e insumos gratuitos no Farmácia Popular.
• Abertura de credenciamento para 758 cidades sem unidades do programa.

Plano de Prevenção à Dengue
• Redução de 63% dos casos de dengue em 2025 até 15/02 quando comparado com o mesmo período do ano passado.
• Ações permanentes de vigilância, prevenção e preparação da rede de assistência, e garantia de R$ 1,5 bilhão em investimento – 50% mais que o total no período anterior.
• Instalação do Centro de Operações de Emergências para dar respostas rápidas a possíveis aumento de casos no país.
• Todos os estados estão 100% abastecidos com larvicidas e adulticidas, assim como testes sorológicos para diagnóstico da doença.
• De forma inédita, foram adquiridos 6,5 milhões de testes rápidos contra a dengue, dos quais mais de 4 milhões foram enviados a todos estados do país e o restante mantido como estoque estratégico.
• Até o momento, 22 municípios em 12 estados receberam apoio técnico de equipes do Ministério da Saúde.

Fortalecimento da Atenção Básica
• Mais médicos dobrou de tamanho: 26,7 mil médicos em atividade (+108% desde 2022).
• 15,9 mil novos Agentes Comunitários de Saúde para fortalecer a Saúde da Família.
• SAMU: renovação de 1909 ambulâncias e ampliação/expansão de 314. Total de 2223.

Inovação e tecnologia no SUS
• 67 novas tecnologias incorporadas ao SUS, como as vacinas da dengue e bronquiolite, medicamentos para câncer de mama, entre outros.

Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro
• Abertura de 3 emergências: hospitais federais do Andaraí, Cardoso Fontes e Bonsucesso.
• Contratação de 2,5 mil funcionários para os Hospitais Federais.
• Reabertura de 218 leitos do Hospital de Bonsucesso, retomando 100% da sua capacidade.

Com Assessorias

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