A situação da saúde bucal entre os idosos brasileiros é preocupante. A perda total de dentes é um problema que atinge cerca de 40% da população idosa, conforme dados do IBGE de 2019. O problema não está apenas na falta de cuidado ao longo da vida, mas também na dificuldade que muitos idosos encontram para acessar serviços odontológicos de qualidade. A perda de dentes é apenas a ponta do iceberg.
Estamos falando de algo que vai muito além da estética. A perda dos dentes afeta diretamente a qualidade de vida dessas pessoas, impactando sua alimentação, fala e até a saúde mental, muitos idosos sofrem com dores crônicas, infecções e até dificuldades para se alimentar de maneira adequada, simplesmente por não terem os dentes em boas condições” diz Cesar Rodrigues, especialista em odontologia digital.
Essa realidade pode começar a mudar para a população idosa do Estado do Rio de Janeiro com a criação do Programa Sorriso Saudável na Terceira Idade. A iniciativa tem o objetivo de oferecer cuidados de saúde bucal a pessoas com mais de 60 anos que vivem em clínicas e residências geriátricas ou em instituições de longa permanência, em conformidade com o Estatuto do Idoso (Lei Federal 10.741/03).
A medida está prevista na Lei 10.728/25, que foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), sancionada pelo governador Cláudio Castro e publicada no Diário Oficial do Executivo desta quinta-feira (3/04).
De acordo com a proposta, de autoria original do deputado Munir Neto (PSD) e do deputado licenciado Felipinho Ravis, clínicas e residências geriátricas deverão oferecer uma avaliação diagnóstica e um planejamento de tratamento bucal no momento da admissão do idoso. Os procedimentos – como exames, obturações, restaurações, extrações e colocação de próteses – dependerão de autorização do paciente ou de seu responsável.
“O projeto está alinhado às diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal e ao Estatuto do Idoso. É importante ressaltar que idosos que vivem em instituições de longa permanência, casas-lares e abrigos similares, em geral, dependem de iniciativas mantidas com recursos públicos assistenciais”, destacou Munir Neto.
Triagem no atendimento
As consultas deverão ser agendadas por meio de uma triagem que levará em consideração a urgência de cada caso, a idade e o estado geral de saúde do paciente. A coordenação do programa ficará a cargo da Secretaria de Estado de Saúde (SES), com acompanhamento dos Conselhos Estadual e Municipais do Idoso.
Porém, o descumprimento da norma não acarretará multa, como estava previsto no texto original do projeto. Isso porque o artigo 5º foi vetado pelo governador Cláudio Castro. Em justificativa o Executivo explicou que já existe no Estatuto do Idoso, regido pela Lei Federal 10.741/03, punições para o descumprimento desses serviços e por isso não poderia ser aprovada uma regra que sobreponha a União.
A fiscalização será realizada pelo Centro de Vigilância Sanitária do Estado do Rio de Janeiro e pelos órgãos municipais de vigilância em saúde.
Hábitos diários impactam na prevenção
Além de mais acesso aos tratamentos, é essencial que os idosos recebam orientação e cuidado preventivo contínuo. “Infelizmente, muitos só procuram ajuda quando o problema já está muito avançado. O ideal é que as consultas ao dentista façam parte da rotina desde cedo, especialmente na terceira idade, onde a saúde bucal pode refletir diretamente no bem-estar geral,” reforça Dr. Rodrigues.
Com a idade, problemas como boca seca, gengivites e cáries podem se agravar, e a falta de dentes é apenas um dos sinais de que algo não vai bem. “Não é só a questão de mastigar ou falar. A boca seca, por exemplo, pode parecer algo pequeno, mas para um idoso é um grande sinal de alerta. Isso pode levar a infecções e até dificultar o uso de próteses dentárias. A hidratação e o uso de produtos adequados, como enxaguantes específicos, fazem toda a diferença,” explica o especialista.
Além disso, os hábitos diários também têm um peso enorme na prevenção. “Uma alimentação equilibrada, evitando açúcares e o tabaco, são medidas simples que ajudam muito na saúde bucal. E claro, a escovação correta e o uso do fio dental não podem ser negligenciados, mesmo com próteses ou implantes.”
Avanços na tecnologia odontológica
Segundo ele, o cenário precisa mudar e o avanço das tecnologias na odontologia pode ser um divisor de águas. Com tecnologias que trazem soluções em odontologia digital, o tratamento para esses casos está mais rápido e acessível.
“O que antes demorava semanas, hoje conseguimos fazer em poucas horas, graças a tecnologias como scanners intraorais e impressoras 3D, que nos permitem criar próteses dentárias de forma personalizada e muito mais precisa. Assim, os idosos podem voltar a sorrir e a se alimentar bem em um curto espaço de tempo,” destaca o dentista.
O Dr. Rodrigues ainda faz um apelo para que o cuidado com a saúde bucal dos idosos seja tratado como uma prioridade. “Estamos falando de uma geração que muitas vezes não teve acesso a todas as inovações e conhecimentos de saúde que temos hoje. É hora de corrigir isso. Todos merecem viver essa fase da vida com conforto, saúde e dignidade,” finaliza.
Com a tecnologia cada vez mais presente nos consultórios e a conscientização sobre a importância de manter a saúde bucal em dia, é possível garantir que mais idosos possam viver de forma plena e saudável, sem os impactos negativos de uma má saúde bucal.
Com Assessorias