Dormir é uma atividade básica e essencial à vida, mas nem por isso é algo simples. Para começar, é quase impossível ter horário fixo para ir para cama. Algumas vezes, é difícil pegar no sono. Outras, é complicado se manter nele. Na maioria, parece que faltou tempo para dormir. O lado bom é que quando chega no final de semana, dá para acordar tarde. Essa rotina (ou a falta dela), bem comum nos grandes centros urbanos, é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversas doenças, entre elas, a hipertensão arterial.

Segundo um estudo publicado pela revista Hypertension, periódico científico da American Heart Association, pessoas cujos horários de dormir variavam em 90 minutos ou mais tinham 92% mais chances de desenvolver pressão alta, em comparação com aquelas que mantinham um horário regular para dormir. Até mesmo uma alteração em pouco mais de 30 minutos de uma noite para outra, apresentava um risco aumentado de 32%.

O estudo mostrou que dormir até tarde também favoreceu o desenvolvimento de pressão alta, mas menos do que não ir para a cama na hora certa. Acordar 43 minutos depois foi associado a um crescimento de 9%.

Os pesquisadores também descobriram que pessoas que dormiam menos de sete ou mais de nove horas tinham 20%-30% mais probabilidade de ter pressão alta. Aquelas cuja duração do sono variava em duas horas ou mais de uma noite para outra tinham 85% mais probabilidade de ter hipertensão do que aquelas com menos de uma hora de diferença na quantidade de sono que dormiam a cada noite.

De acordo com Celso Amodeo, cardiologista especializado em hipertensão arterial do Hcor, o risco de hipertensão aumenta em pessoas com irregularidades e distúrbios do sono porque o organismo não consegue passar pelo devido processo de descanso e restabelecimento. “Os hormônios que controlam a circulação são produzidos nas fases mais profundas do sono. Se a pessoa dorme mal, ela nãO consegue atingir os níveis adequados e isso pode levar a diversas doenças do coração, entre elas, a hipertensão”, explica.

Por isso, caso haja problemas para dormir, é preciso investigar a causa. “A apneia do sono, por exemplo, atinge um terço da população adulta brasileira e é uma condição que tem relação significativa com as doenças cardiovasculares. Ela causa episódios de fechamento parcial ou completo das vias respiratórias superiores. Isto reduz o nível de oxigênio no sangue e coloca o corpo em estado de alerta, levando ao aumento da pressão arterial e ao estresse no coração”, alerta.

Para promover a saúde ideal do coração e do cérebro, a recomendação é que adultos durmam de sete a nove horas por noite. “A recomendação é baseada em pesquisas anteriores que descobriram que pessoas que dormem menos de seis horas por noite, em média, enfrentam um risco muito maior de pressão alta, obesidade, doenças cardiovasculares e morte prematura. Da mesma forma, aqueles que dormem demais — mais do que uma média de nove horas por noite — enfrentam riscos maiores de pressão alta, derrame, diabetes tipo 2 e morte”, revela.

Durma bem

  • Tenha uma hora fixa para acordar e dormir;
  • Durma entre sete e nove horas por noite;
  • Mantenha o quarto escuro, silencioso e a uma temperatura amena;
  • Evite telas 30 minutos antes de dormir;
  • Evite refeições pesadas e alimentos estimulantes;
  • Cuide da saúde mental;
  • Pratique exercício físico regularmente;
  • Faça um check-up.

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Quando não controlada, doença pode causar infarto, AVC, problemas renais e vasculares

Um desafio comum dos médicos que tratam hipertensos é fazer com que esses pacientes não suspendam a medicação por conta própria, em especial aqueles que não apresentam sintomas. Esse é o alerta do cardiologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), George Fernandes Maia.

A hipertensão arterial sistêmica é uma condição multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. A linha que a define considera valores de pressão sistólica igual ou maior a 140 mmhg e/ou pressão diastólica igual ou maior a 90 mmhg, o chamado 14 por 9. A doença pode ser causada por fatores hereditários, obesidade, sedentarismo, tabagismo, bebidas alcoólicas em excesso e alimentos com alta concentração de sódio (sal)”, explica o médico.

Inquérito populacional no Brasil aponta prevalência de hipertensão arterial em torno de 30%, dos quais 35,8% são homens e 30% mulheres, seguindo a prevalência mundial. Desse total de hipertensos, mais de 60% estão na faixa etária acima de 60 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Trata-se de doença silenciosa que em muitos casos não apresenta sintomas. Os principais sinais durante uma crise são dor na nuca e no peito, falta de ar, tontura, enjoo e cansaço ao realizar esforço físico. “Os exames periódicos exigidos das empresas são uma boa oportunidade para detectar este e outros problemas de saúde e iniciar o tratamento e controle”, afirma o especialista.

Maia destaca que questões emocionais também podem interferir, fazendo com que a pressão sistólica aumente. “Se não tratada, a pressão alta pode levar a derrames cerebrais, doenças do coração, como infarto, insuficiência cardíaca e angina, além de insuficiência renal ou paralisação dos rins, e alterações na visão, que podem levar à cegueira. Associada a outras comorbidades, como diabetes e dislipidemias, ao tabagismo e ao uso frequente de álcool, os riscos podem aumentar drasticamente”.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico requer avaliação clínica, com a aferição da pressão em pelo menos três ocasiões, acompanhada de exames complementares, como eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico, raio-X de tórax, mapa da pressão 24 horas e Holter. Este último visa detectar, registrar, quantificar e calcular a variação do ritmo cardíaco, identificando possíveis distúrbios durante as atividades diárias do paciente.

Confirmado o diagnóstico, é primordial uma mudança de hábitos alimentares e comportamentais. O tratamento varia de acordo com cada pessoa. “Na maioria das vezes é necessária a prescrição de medicamento de uso contínuo, mas há situações em que a adoção de hábitos saudáveis é suficiente para o controle da doença. As visitas ao médico costumam ser semestrais e, mesmo não tendo sintomas, é preciso seguir as orientações, não se automedicar e muito menos suspender a medicação por conta própria”, explica o cardiologista.

Um grande aliado para que o paciente mantenha regularmente o tratamento é que toda a medicação está disponível gratuitamente, seja nas Unidades Básicas de Saúde ou nas lojas da Farmácia Popular. Basta apresentar a receita médica, que tem validade de seis meses.

Vejas as orientações para diminuir os riscos da hipertensão:

• Evitar o consumo de carboidratos, gordura e sódio em excesso, e manter hábitos saudáveis de alimentação

• Ingerir dois litros de água por dia;

• Não fumar;

• Evitar o consumo de álcool em excesso;

• Praticar atividades físicas, começando por 30 minutos, 3 vezes por semana;

• Monitorar e tratar outras doenças que possam causar a hipertensão, como diabetes, doenças renais, vasculares e da tireoide, se existirem.

Com Assessorias
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