Conhecida como uma enfermidade silenciosa, a hipertensão arterial, conhecida como “pressão alta”, é uma condição crônica que exige atenção e cuidados contínuos. Caracterizada pelo aumento da pressão do sangue contra as paredes das artérias, pode impactar a qualidade de vida e exigir mudanças no estilo de vida para manter a saúde cardiovascular em equilíbrio.

Ela está entre as principais causas de problemas cardiovasculares e complicações graves. Isso porque, na maioria dos casos, o paciente não apresenta sintomas — e é justamente aí que mora o perigo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão é um dos principais fatores de risco para complicações no coração e na circulação.

No Brasil, a condição atinge aproximadamente 27,9% da população, conforme dados da pesquisa Vigitel 2023. Entre os idosos, esse índice é ainda mais expressivo, chegando a 60%, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Mesmo sem sintomas aparentes, a elevação persistente da pressão pode causar danos significativos ao organismo. “Muitas pessoas não acreditam que estão doentes porque não sentem nada. Mas é importante entender que os sinais só surgem quando o problema já provocou consequências no corpo, o que reforça a relevância da conscientização sobre o diagnóstico precoce”, alerta a cardiologista dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Larissa Rengel.

Fatores de risco 

O envelhecimento é um dos principais elementos associados ao surgimento da pressão alta. “A hipertensão está diretamente ligada ao avanço da idade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é natural que haja mais pessoas idosas e, consequentemente, um crescimento nos casos”, explica a médica. Além da idade, o estilo de vida também exerce papel decisivo no desenvolvimento do problema. Dietas com alto teor de sódio, baixo consumo de frutas e verduras, sedentarismo e excesso de peso contribuem para o descontrole dos níveis da pressão arterial.

Os distúrbios de pressão também têm forte componente hereditário, ou seja, pessoas com histórico familiar da doença devem redobrar a atenção. A obesidade, por exemplo, está fortemente ligada à elevação da tensão arterial. “Não é incomum que pacientes que usavam três ou quatro medicamentos para o controle da hipertensão deixem de precisar das medicações após perderem 30 ou 40 quilos com a cirurgia bariátrica”, relata Larissa.

Outros fatores, como diabetes, colesterol elevado e tabagismo, frequentemente estão associados ao quadro hipertensivo. “Um paciente com pressão desregulada, diabetes e colesterol alto apresenta um risco muito elevado de sofrer um infarto ou desenvolver insuficiência cardíaca”, destaca a especialista.

Complicações ocultas

Embora infarto e AVC sejam as consequências mais conhecidas, não são as únicas. “No Brasil, essa disfunção é a principal causa de perda da função renal, levando muitos à diálise. Também pode afetar a visão, provocando perda parcial ou total da capacidade de enxergar”, observa Larissa.

Diante desse cenário, um diagnóstico preciso é essencial. “Se alguém passou por uma situação de estresse e apresentou pressão de 15 por 9, isso não significa, necessariamente, que seja hipertenso. São necessárias medições repetidas, em momentos de tranquilidade, e, em alguns casos, exames específicos para confirmar o quadro com segurança”, enfatiza.

Controle da hipertensão

Um estudo recente mostrou que cerca de 70% dos diagnosticados não conseguem manter os níveis dentro dos limites recomendados. Os principais motivos são a baixa adesão ao tratamento e a dificuldade em modificar hábitos. “Tomar o remédio é apenas uma parte do processo. É fundamental perder peso, adotar uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de sal e praticar atividade física com regularidade. E muita gente ainda não leva isso a sério”, comenta a médica.

Outro erro comum é interromper o uso da medicação por conta própria. “Muitas pessoas pensam: ‘Se eu não estou sentindo nada, posso parar por um ou dois dias’. Mas essa interrupção prejudica o tratamento e aumenta o risco de complicações futuras”, complementa Larissa.

Prevenção

Manter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente e realizar check-ups periódicos faz toda a diferença — especialmente quando esses cuidados são incorporados desde a infância e mantidos ao longo da vida. “Vale a pena dedicar alguns minutos do dia para tomar o remédio, cuidar da alimentação e se exercitar. Pode parecer simples, mas são hábitos que podem representar 20 ou 30 anos a mais com saúde e qualidade de vida”, finaliza a cardiologista.

Com o envelhecimento, fatores como menor elasticidade dos vasos sanguíneos, sedentarismo e hábitos alimentares inadequados tendem a contribuir com o aumento da pressão arterial, tornando essencial um acompanhamento médico regular.

Para Vitor Hugo de Oliveira, geriatra e CEO da Acuidar, rede de cuidadores especializados, é possível viver bem com a hipertensão, desde que haja um controle adequado. “Manter hábitos saudáveis e um acompanhamento médico contínuo faz toda a diferença na qualidade de vida. Pequenas mudanças no dia a dia, como alimentação equilibrada e prática de exercícios, ajudam significativamente no controle da pressão arterial”, ressalta.

5 dicas para prevenir a hipertensão em idosos

A seguir, confira cinco dicas fundamentais para prevenir e lidar com a hipertensão

1. Alimentação equilibrada

Uma dieta balanceada contribui diretamente para a regulação da pressão arterial. A redução do consumo de sal e alimentos ultraprocessados ajuda a evitar a retenção de líquidos e o aumento da pressão.

O ideal é priorizar frutas, verduras, legumes, grãos integrais e fontes de gorduras saudáveis, como azeite de oliva e oleaginosas. Vale ressaltar que a ingestão adequada de potássio, presente em alimentos como banana, batata e feijão, auxilia no equilíbrio da pressão.

 

2. Atividade física regular

A prática de exercícios físicos é essencial para manter a pressão arterial sob controle. Atividades como caminhadas, alongamentos, dança e musculação moderada fortalecem o sistema cardiovascular e melhoram a circulação.

Para os idosos, a recomendação é buscar atividades adaptadas à capacidade física, sempre com orientação profissional. “O corpo foi feito para se movimentar. Para quem tem hipertensão, manter uma rotina ativa ajuda a fortalecer o coração e a manter a pressão mais equilibrada”, destaca Vitor.

 

3. Acompanhamento médico contínuo

Realizar consultas periódicas é indispensável para o monitoramento da pressão arterial e ajustes necessários no tratamento. O acompanhamento médico permite identificar possíveis alterações precocemente e adotar estratégias eficazes para manter a saúde em dia.

Além disso, exames regulares ajudam a avaliar fatores como colesterol e glicemia, que também influenciam a saúde cardiovascular.

 

4. Controle do estresse

O bem-estar emocional tem um papel importante no controle da pressão arterial. O estresse excessivo pode levar ao aumento da pressão, por isso, é essencial encontrar maneiras de relaxar. Técnicas como meditação, respiração profunda e atividades prazerosas contribuem para um estado de calma e equilíbrio.

“O emocional reflete diretamente na pressão arterial. Praticar momentos de relaxamento e evitar a sobrecarga emocional são passos importantes para quem busca um controle mais eficaz da hipertensão”, orienta o especialista.

 

5. Hidratação e boas noites de sono

Beber água regularmente é fundamental para a circulação sanguínea e o funcionamento adequado do organismo. A desidratação pode levar a oscilações na pressão arterial, tornando essencial manter uma ingestão adequada de líquidos ao longo do dia.

O geriatra acrescenta que o sono de qualidade influencia diretamente a regulação da pressão, já que é durante o descanso que o corpo realiza funções importantes para a saúde cardiovascular.

 

 

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *