Em tempos de fake news, mentirinha pode virar doença

Mitomania, a síndrome da mentira compulsiva, está ligada à falta de aceitação e baixa autoestima. Hipnose pode ajudar, diz psicóloga

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Nesses tempos de fake news (a praga das notícias falsas na internet), a mentira ganha conotações cada vez mais graves. Porém, mais do que prejuízos à imagem de personalidades, marcas e instituições, a pessoa que espalha mentiras – algumas vezes sem saber que não são verdadeiras, noutras por descuido e na maioria das vezes por má fé – pode sofrer de algo patológico. É a mania de mentir, uma doença que atende pelo nome de mitomania.

No dia 1° de abril em que se comemora o Dia da Mentira, uma enxurrada de pegadinhas entre amigos e familiares promete tomar conta da internet e da vida real. Mas, brincadeiras à parte, é bom destacar que o assunto é sério e merece atenção. Neste distúrbio de personalidade, o paciente possui uma tendência compulsiva pela mentira. Os casos mais comuns começam a surgir na adolescência.

De acordo com a psicóloga Miriam Farias, especialista em hipnose clínica, a síndrome da mentira pode estar ligada à falta de aceitação e à baixa autoestima. “A pessoa pode ter medo do outro não aceitá-la como ela é”, desmistifica a especialista.

A mitomania ou mentira compulsiva em alguns casos pode ter cura e pode ser tratada com medicação, acompanhamento psiquiátrico e terapia. Porém, segundo Miriam, muitas pessoas que sofrem da doença não procuram tratamento, pois não percebem que, no futuro isso, poderá acarretar prejuízos nas relações interpessoais.

Nos casos mais leves é possível tratar a doença somente com psicoterapia com hipnose, trabalhando a autoestima e investigando tudo que está relacionado com o mundo fantasioso criado pelo paciente. O objetivo, neste caso, é trazê-lo para o mundo real e apresentando os dados de realidade da cultura em que ele está inserido”, completa a hipnoterapeuta.

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Mentira tem perna curta, mas não cola na fase adulta

Existem pessoas que são tão habilidosas em contar mentiras que não dá pra gente identificar em um primeiro contato se ela está mentindo ou não. “Geralmente são pessoas muito envolventes, sedutoras e que sabem persuadir”, explica a especialista.

Mas não leve tudo tão a sério também. Segundo a psicóloga, é da natureza do ser humano contar alguma ‘mentirinha’, principalmente nos primeiros anos de vida, como por exemplo,a criança que vivencia um “mundo mágico e imaginário”. Elas criam muitas estórias e, nesse universo imaginativo, conta mentiras.

À medida que a pessoa vai crescendo, passando da infância para a adolescência as mentiras vão diminuindo, com o desenvolvimento humano, atingimos a maturidade e quando chegamos nesta fase já não é muito comum faltar com a verdade, pois a pessoa já se torna responsável pelos seus atos e sua conduta”, explica a psicóloga.

Mas é bom ficar atento: quando a pessoa na fase adulta continua contando mentira com frequência é importante ficar atento para este comportamento, pois é inadequado para essa idade. “Neste caso, é possível que ela  esteja desenvolvendo um quadro de mitomania”, alerta Miriam.

Curiosidade

‘Trollagem’  nasceu em 1564 na França

A curiosa data da mentira surgiu na França do Século 16. O motivo? A mudança no calendário cristão. Na época, o Ano Novo era comemorado no dia 25 de março e as festividades duravam até o dia 1° de abril. Durante essa semana de boas-vindas ao novo ano as pessoas faziam festas e trocavam presentes.

O Papa Gregório 13, em 1562, instituiu um novo calendário para os cristãos, que acabou sendo chamado de “Calendário Gregoriano”. A partir de então, o Ano Novo passaria a ser comemorado no dia 1° de janeiro. Segundo os historiadores, o rei francês ignorou a nova ordem e somente dois anos mais tarde, em 1564, seguiu o decreto papal. Mesmo assim, alguns franceses resistiram à mudança, ou a ignoraram e mantiveram a comemoração na antiga data.  Daí em diante surgiu o Dia da Mentira.

Os franceses, a partir de então, iniciaram o que nos tempos atuais chamaríamos de “trollagem” e passaram a enviar presentes esquisitos e convidar pessoas para festas inexistentes, principalmente para aqueles mais conservadores que defendiam a celebração na data do calendário anterior. Assim surgiram os “bobos de abril”. A brincadeira tomou conta de toda a França, 200 anos depois migrou para a Inglaterra e se espalhou pelo mundo.

Com assessoria de Miriam Farias

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