A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus, álcool, medicamentos, substâncias tóxicas, bem como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta preocupante, indicando um aumento significativo nas mortes relacionadas às hepatites virais, atingindo a alarmante marca de 3,5 mil óbitos por dia em escala global. Entre as mais comuns estão as hepatites A, B, C, D e E, sendo os tipos B e C os mais preocupantes.
Todas as pessoas precisam ser testadas pelo menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis precisam ser testadas periodicamente. Atualmente, existem testes rápidos para a detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para toda a população. Mas nem sempre o acesso é fácil.
Para atender pacientes do SUS que aguardavam na fila pelo exame, o Grupo de Fígado do Rio de Janeiro (GFRJ), sociedade civil sem fins lucrativos, realiza anualmente um mutirão de elastografia e ultrassonografia. As ações são gratuitas, em parceria com o SUS e acontecem em vários hospitais do Rio. O início da campanha aconteceu no dia 30 de junho. A previsão é realizar 1 mil testagens gratuitas até o fim de julho. Já foram realizados mais de 60 exames e em alguns pacientes, detectadas doenças graves do fígado.
Pouco conhecida, a elastografia é um exame que mede a elasticidade do tecido hepático e a quantidade de gordura acumulada no fígado, sendo indicado também em casos de esteatose hepática (gordura no fígado). Se não for tratada corretamente, a doença é capaz de evoluir para hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer no fígado, que gera insuficiência no órgão.
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Hepatites B e C crônicas podem levar décadas para ser diagnosticadas
O mutirão do GFRJ faz parte da campanha Julho Amarelo, que conta com ações de conscientização, prevenção e combate às hepatitesvirais. Segundo Cassia Guedes Leal, presidente da ONG, lembra que no Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C.
As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. E por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas não sabem que tem a infecção, fazendo com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico“, conta Cássia.
A prevalência das hepatites virais crônicas (hepatite B e C) no Brasil gira em torno de 0,5%. O país é um dos poucos do mundo que tem tratamento gratuito para as hepatites virais B e C. Os testes são gratuitos nos postos de saúde.
Temos no SUS uma rede eficiente de centros habilitados a tratar as hepatites virais. O grande desafio é achar os pacientes com hepatites virais crônicas que não tem sintomas. Para isso, as campanhas de testagem são fundamentais. Considera-se que todos os adultos deveriam ter testagem de hepatites virais pelo menos uma vez na vida”, reforça.
Ela lembra que o Brasil é signatário de um pacto da OMS com objetivo de eliminar (não é erradicar) as hepatites virais até 2030. “Poucos países já atingiram esse objetivo. Para atingirmos os objetivos do pacto da OMS, precisamos fazer muita testagem na população”, comenta.
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Hepatites virais não apresentam sintomas, o que dificulta o diagnóstico
As hepatites são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. A doença pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
Todas são doenças silenciosas, não apresentam sintomas, mas quando presentes, elas podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
O avanço da infecção compromete o fígado, sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão.
O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhão de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e tuberculose.
Além disso, ainda que a hepatite B não tenha cura, a vacina contra essa infecção é ofertada de maneira universal e gratuita no SUS, nas Unidades Básicas de Saúde.
É importante lembrar à população que a Hepatite B tem tratamento, assim como a C. E em ambos os casos, B e C, os medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo SUS. Já a hepatite C não dispõe de uma vacina que confira proteção. Contudo, há medicamentos que permitem sua cura”, afirma.
Todas as pessoas devem ser testadas, mas em especial:
– Pessoas com história de transfusão sanguínea antes de 1992.
– Usuário de drogas
– Profissionais do sexo
– Pessoas que fazem sexo sem proteção
– Populações privadas de liberdade
– Profissionais de saúde
Saiba onde realizar a testagem gratuita no Rio de Janeiro
Hospital Federal dos Servidores do Estado: dia 9/07, 100 testes
Hospital Geral de Bonsucesso: dia 9/7,100 testes
Hospital Federal de Ipanema: 10/7, 200 testes.
Hospital Universitário Antônio Pedro /UFF: dia 11/07, 100 testes (fornecidos pelo município de Niterói)
UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda: 16/07, 100 testes, além de capacitação da rede de atenção primária à saúde do município
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ (toda a equipe da Hepatologia) – dia 23/7, 100 testes
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle: dia 26/7 – palestra e panfletagem
Centro Carioca de Especialidade: última semana de julho, 300 testes
Julho Amarelo
O Dia Mundial das Hepatites Virais é celebrado em 28 de julho, em todo planeta, e o mês é batizado de Julho Amarelo, marcando a campanha de conscientização sobre essas doenças, que representam um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A campanha foi criada em 2019 e tem como objetivo reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença.
Com informações do GFRJ