Pele vermelha, ressecada e coceira estão entre os seus principais sintomas da dermatite atópica, uma doença crônica da pele, não contagiosa, e muito comum na infância. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a doença acomete 20% das crianças no mundo – sendo que 5% apresentam a forma mais grave da doença. Aproximadamente 60% dos casos se iniciam no primeiro ano de vida. A dermatite atópica não tem idade e afeta cerca de 5% da população adulta.

Além do caráter hereditário, ela pode ser desencadeada por uma série de fatores como substâncias irritantes e alergênicas que estejam presentes em pelos de animais de estimação; alergias, fatores ambientais ou emoções, como o estresse. A coceira intensa e as lesões de pele levam o paciente a quadros de ansiedade e, em alguns casos, até à depressão. O alerta é importante neste  Dia de Conscientização da Dermatite Atópica (23 de setembro), que este ano traz o tema “Se ao menos você soubesse”.

Segundo a associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), 39% das pessoas que vivem com DA dizem sentir vergonha frequentemente ou sempre em relação à sua aparência, 35% dizem ter raiva de sua aparência e 47% afirmam que se sentem frustrados em relação a doença. As lesões causadas pelo DA podem cobrir cerca de 50% do corpo de uma pessoa, além de causar coceiras intensas e prejudicar atividades diárias e o sono.

“Ela se caracteriza por uma inflamação da pele que causa coceira intensa (quase insuportável), pele muito ressecada, placas vermelhas e infecções de pele. Em bebês, as lesões predominam no rosto, pescoço e couro cabeludo. Em crianças maiores, adolescentes e adultos, a dermatite atópica atinge as dobras dos braços e pernas, rosto e pescoço”, explica Evandro Prado, coordenador do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Doença genética e não contagiosa

O especialista conta que a dermatite atópica é considerada uma doença de base genética, onde indivíduos com histórico familiar de alergias, como asma e rinite alérgica têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Além disso, fatores ambientais como exposição a alérgenos, poluentes e mudanças climáticas também podem contribuir para um papel desencadeante. Defeitos na barreira e disfunções no sistema imunológico também estão associados à dermatite atópica.

A doença cutânea inflamatória pode afetar qualquer parte do corpo, sendo mais comum nos braços, pernas, rosto e pescoço. No Brasil, a doença afeta, aproximadamente, 20% das crianças nos primeiros anos de vida — sendo que 60% dos casos se manifestam em bebês de até 1 ano — e 3% dos adultos, segundo dados da Asbai.

O problema, que não é contagioso, caracteriza-se por um processo inflamatório da pele com períodos alternados de melhora e piora, tem caráter genético e, frequentemente, antecede episódios de asma e/ou de rinite. A dermatite atópica também pode ser desencadeada por outros fatores, como alimentos, aeroalérgenos — a exemplo de ácaros, fungos e epitélio animal (proteínas presentes na saliva, pele, urina ou excrementos dos animais) —, além de perfumes e suor.

O clima seco, típico do outono-inverno, somado à piora dos índices de poluição atmosférica nos centros urbanos, também têm impacto direto na incidência do problema.

3 cuidados básicos que podem amenizar os sintomas

A dermatite atópica se caracteriza por um processo inflamatório da pele, com períodos alternados de melhora e piora. Entre os fatores que podem agravar a dermatite atópica estão agentes como o sol, banhos quentes, uso de sabonetes não apropriados a este tipo de pele sensível, frio, entre outros agentes alergênicos, como os tecidos das roupas, que isolados ou associados agravam a coceira, vermelhidão e descamação, sensibilizando ainda mais esta pele já lesionada.

A doença incomoda e aparece principalmente nos braços, joelhos e pescoço. E, apesar de não ter cura, é possível conviver com ela incluindo pequenos cuidados diários que podem ajudar no seu controle. Paula Colpas, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e consultora da TheraSkin®, explica que o tratamento da dermatite atópica acontece principalmente pela manutenção da hidratação da barreira cutânea.

“Por se tratar de uma doença de origem genética, ainda não há formas objetivas de prevenção, dessa forma, seu tratamento deve ser voltado aos cuidados necessários para amenizar os sintomas e equilibrar os agentes externos que podem ser gatilhos para a doença”, conta.

A médica relaciona abaixo três cuidados que podem ajudar a amenizar os sintomas de quem sofre com dermatite atópica:

1.      Manter a pele limpa e seca. É importante manter toda região limpa para evitar possíveis infecções. “Opte por sabonetes líquidos syndet, livre de fragrâncias ou conservantes e, ao se secar, procure não esfregar a toalha na região sensibilizada, enxugando com toques leves e suaves”.

2.      Hidratar a pele. Quando ela está ressecada, tende a coçar, por isso, vale apostar na hidratação, com loções adequadas. “Dê preferência para loções ou creme hidratantes com composições naturais e que não agridam a pele. Isso ajudará a reduzir o desconforto e irritações”.

3.      Evitar banho longos e muito quentes. “A água quente é uma das responsáveis por alterar a barreira natural da pele, deixando-a mais ressecada. O ideal é optar por banhos curtos e com água morna”.

É importante que esses cuidados sejam continuados mesmo quando os sintomas da dermatite atópica desaparecem, assim é possível evitar que a pele fique muito ressecada e as lesões surjam novamente.

Tratamentos para dermatite atópica

Embora a dermatite atópica seja uma condição crônica, existem várias abordagens de tratamento disponíveis para aliviar os sintomas e controlar as crises. Dr. Evandro Prado detalha abaixo cada uma delas:

Cuidados com a Pele: Manter a pele bem hidratada é fundamental. Use produtos suaves e livres de fragrâncias receitados pelo médico. Banhos mornos e curtos são recomendados, não use bucha e evite água quente para não ressecar ainda mais a pele e use sabonetes líquidos e neutros.

Medicamentos Tópicos: Cremes ou pomadas à base de corticosteroides podem ser prescritos para reduzir a inflamação e a irritação durante as crises. Também existem cremes não esteroides, como os inibidores de calcineurina, que podem ser eficazes.

Antialérgicos: Os anti-histamínicos orais podem ajudar a aliviar a excitação e melhorar o sono, principalmente à noite.

Tratamentos Imunossupressores: Em casos mais graves, quando outros tratamentos não são eficazes, podem ser prescritos medicamentos imunossupressores para controlar a resposta imunológica exacerbada.

Imunobiológicos: Também chamados de anticorpos monoclonais e os inibidores de pequenas moléculas têm sido indicados para os casos de dermatite atópica moderada a grave, que não tenham apresentado resposta aos tratamentos habitualmente recomendados.

Tratamento Psicológico: As alterações na aparência da pele e a coceira persistente comprometem a qualidade de vida e provocam mudanças do comportamento, alterações do humor e do sono, isolamento, que impactam o bem-estar emocional, podendo levar à ansiedade e depressão.

“É muito importante ter a certeza do diagnóstico correto feito pelo especialista, levando em consideração a gravidade dos sintomas, a idade do paciente e seu histórico clínico”, finaliza o coordenador do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Asbai.

Produtos à base de probióticos

Cosméticos à base de probióticos são eficazes no controle da doença em crianças. Esses microrganismos, também chamados de bactérias do bem, têm efeito calmante nos processos inflamatórios da pele dos pequenos

Banhos rápidos e com temperatura amena, seguidos de hidratação intensiva da pele são parte essencial do tratamento. E, entre os produtos que têm se destacado na preferência dos dermatologistas nos últimos anos estão os itens de higiene e cosméticos à base de probióticos.

“Os cosméticos à base de probióticos têm efeito calmante nos gatilhos inflamatórios da pele das crianças. Esses gatilhos são acionados por diversos fatores, como o clima seco e a poluição que aumentam o dano causado ao colágeno e à elastina”, explica Felipe Benvenuti, médico dermatologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia (AAD).

De acordo com Benvenutti, tem crescido a oferta de produtos com esses micro-organismos por parte da indústria cosmética. “Os probióticos estão disponíveis em cremes, séruns e loções que auxiliam não somente no tratamento da dermatite atópica, mas também para o tratamento da acne, rosácea, pele hiper-reativa e sensível”, explica o dermatologista, que também frisa a importância de orientação profissional para o uso dessas formulações.

Produto eficaz e acessível

Contudo, a oferta desses produtos ainda é escassa no País e muito restrita ao segmento dos dermocosméticos. Além disso, boa parte das opções são importadas, o que acaba restringindo o acesso devido ao alto custo. Assim, para democratizar o uso desse tipo de produto por bebês e crianças de todo o país, a Verdi Natural — empresa especializada em cosméticos naturais para a primeira infância e adolescência —, lançou um sabonete e uma loção hidratante à base de probióticos.

Segundo Aline Becker, co-fundadora da Verdi Natural, mais do que pouca oferta desse tipo de produto, há pouca oferta de opções naturais para o tratamento de bebês e crianças, de forma geral. Já Estefânia Furtado de Oliveira, também co-fundadora da empresa, ressalta a importância da proximidade da marca com as mães. “Acompanhamos de perto a comunidade de mães que, todos os anos, relatam uma maior ocorrência das dermatites em seus filhos e que vêm nos probióticos uma alternativa viável de tratamento”, finaliza.

Agenda Positiva

Campanha ‘Vivendo na pele’

“Se ao menos você soubesse” é o tema do Dia de Conscientização da Dermatite Atópica (23 de setembro). A organização Crônicos do Dia a Dia está promovendo oVivendo na Pele, com o tema deste ano centrado na campanha Minha Pele, Minha Identidade.

O objetivo é promover a conscientização e desmistificação da DA e outras doenças de pele, como Alopecia Areata, Urticária Crônica Espontânea e Psoríase, que impactam a maneira como as pessoas se sentem em relação à sua própria pele.

“Ao abordarmos doenças de pele, também abordamos a saúde mental e a vulnerabilidade enfrentada por aqueles que lidam com estigmas e preconceitos relacionados à DA e outras condições crônicas de pele”,  afirma Bruna Rocha, gerente geral da CDD.

A CDD lançou um site dedicado aoVivendo na Pele“, que oferece informações sobre essas condições e destaca as campanhas de conscientização que foram iniciadas em 2019. Este ano, será disponibilizado o manual “Como Abordar Doenças de Pele na Internet”, uma fonte de informações tanto para pacientes quanto para profissionais que atuam no cuidado de pessoas com doenças de pele.

Além dessas ações, a CDD está programando a iluminação com a cor lilás de alguns pontos turísticos no país, como forma de chamar a atenção da população para a campanha, em celebração à data

Na noite deste sábado (23) serão iluminados o Elevador Lacerda, em Salvador (BA) e quatro pontos turísticos de Curitiba (PR): Estufa do Jardim Botânico, Casa da Praça do Japão, Monumento da Praça 29 de Março e Obelisco da Praça 19 de Dezembro. Já o Museu de Arte de Joinville (SC) ficará iluminado durante o sábado (23) e o domingo (24).

Com Assessorias

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