Segundo o Ministério da Saúde, a Doença de Alzheimer (DA) se define como “um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória”. Com base no relatório da Alzheimer’s Disease International, cerca de 35,6 milhões de pessoas são diagnosticadas com Alzheimer e estima-se que até o ano de 2050 mais de 130 milhões de pessoas em todo o mundo serão afetadas pela doença. Atualmente, estima-se que existam 1,2 milhão de casos da doença no Brasil, a maior parte deles ainda sem diagnóstico.

Não existe cura para o Alzheimer. Entretanto, com os avanços da medicina, estratégias que visam a qualidade de vida dos pacientes e garantem seu bem-estar já são realidade. Com isso, o tratamento é feito para retardar a evolução e preservar por mais tempo possível as funções intelectuais e executivas do paciente. Esse tratamento deve ser feito por uma equipe multiprofissional formada por médicos, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e educador físico.

“Com o apoio adequado da família, cuidadores e profissionais de saúde, é possível assegurar tranquilidade e conforto no dia a dia”, afirma Jéssica Ramalho, cofundadora e diretora da Acuidar, rede de cuidadores especializados. Para a especialista, atividades de estimulação cognitiva regular, exercícios físicos adaptados e um ambiente acolhedor e estruturado contribuem para a redução de sintomas.

Jéssica acrescenta que a presença de uma pessoa para oferecer apoio também é vital durante o tratamento. “Percebemos um aumento considerável na busca por assistência especializada para casos de Alzheimer. Acreditamos que isso reflete um impacto positivo, uma vez que o profissional oferece suporte tanto físico quanto mental ao paciente”, esclarece.

A seguir, confira algumas atividades que podem ser realizadas pelos pacientes, desde que acompanhados, no intuito de reduzir os sintomas e garantir estímulos positivos.

Inclua jogos

Trazer jogos de memória, quebra-cabeças e jogos de palavras para o dia a dia de uma pessoa com Alzheimer pode ajudar a manter o cérebro ativo e engajado. Essas atividades não apenas estimulam a memória e a concentração, mas também promovem interações sociais positivas com cuidadores e familiares. Atividades simples, como jogar cartas ou dominó, podem proporcionar diversão e exercício mental ao mesmo tempo.

Aprenda um novo idioma

Aprender um novo idioma pode ser uma excelente forma de estimulação cognitiva. Essa atividade fortalece as conexões neurais e melhora a função cerebral, além de desafiar o cérebro Mesmo que o progresso seja gradual, cada nova palavra aprendida representa um estímulo positivo para o cérebro.

Prática de um instrumento musical

A prática de um instrumento musical é outra atividade altamente benéfica para pacientes com Alzheimer. Tocar um instrumento não só envolve habilidades motoras finas, mas também requer coordenação entre mãos e mente, estimulando diversas áreas do cérebro simultaneamente.

Segundo Jéssica, a música tem efeitos positivos na cognição, memória e até no humor de pacientes com Alzheimer, evocando memórias emocionais e experiências positivas.

Atividades físicas diferenciadas são bem-vindas

Explorar atividades físicas variadas e adaptadas é uma boa opção para promover a saúde e o bem-estar de pessoas com Alzheimer. Participar de aulas de dança pode combinar exercício físico com estímulo cognitivo e social, proporcionando benefícios tanto físicos quanto mentais. A dança não apenas melhora a coordenação e a flexibilidade, mas também estimula a memória muscular e promove interações sociais positivas.

Vale ressaltar que atividades como yoga ou tai chi são excelentes opções, pois focam não apenas no movimento físico, mas também na respiração e na concentração, contribuindo para o equilíbrio emocional e a redução do estresse.

Natação adaptada

Participar de uma modalidade como a natação oferece um ambiente seguro e terapêutico para os assistidos. Este tipo de atividade ajuda a melhorar a resistência física e a coordenação, enquanto proporciona uma sensação de relaxamento e bem-estar. O contato com a água é vital nesse cenário, oferecendo uma forma de exercício que é suave nas articulações e músculos.

O ´papel da Terapia Ocupacional no tratamento da doença

O terapeuta ocupacional tem papel importante na manutenção da qualidade de vida de pacientes com demência. Esses profissionais podem auxiliar pacientes cujos quadros de demência são de moderados a graves, com impacto na execução das tarefas cotidianas, como tomar banho e alimentar-se.

“Eles são qualificados para identificar os problemas do paciente, os riscos dentro de casa e propor soluções, como exercícios e tarefas para melhorar a autonomia do paciente”, explica o médico neurologista Wyllians Borelli, coordenador de Pesquisa do Centro da Memória do Hospital Moinhos de Vento.

A partir desse trabalho, além da melhora na qualidade de vida do paciente e do cuidador, ainda é possível evitar acidentes comuns na residência, como quedas e intoxicações.

A Terapia Ocupacional (TO) no tratamento de pacientes com Alzheimer visa a reabilitação cognitiva, motora, sensoriais, adaptações e orientações para família e cuidadores, com o objetivo de recuperar as funções e estagnação de perdas”, explica a terapeuta ocupacional Syomara Cristina.

Em conjunto com as outras especialidades, a TO auxilia o indivíduo a alcançar seu nível mais elevado de habilidades, preservando aspectos cognitivos, sua independência e autonomia. O tratamento começa com avaliações e testes cognitivos, identificando os déficits específicos e, em seguida, estimula-se a sua capacidade através de atividades propostas pelo profissional.

  • Atividades de vida diária: TO trabalha com o paciente, realizando os movimentos feitos nas atividades do dia a dia, como na hora de se alimentar ou de se vestir.
  • Participação em ocupações: TO trabalha para que o paciente consiga realizar suas atividades de desejo;
  • Atividades estimulantes: atividades em termos cognitivos, motores, emocionais e sensoriais;
  • Adaptação do ambiente físico: adaptações necessárias que devem ser realizadas na casa do paciente que ajudam na diminuição do risco de quedas e uma maior segurança.

Apoio e aconselhamento de cuidadores: muitos familiares estão perdidos, não sabem como cuidar e tornar o ambiente bom para o paciente.

“Cada paciente recebe um tratamento único e personalizado, com base na avaliação do terapeuta ocupacional. De forma geral, são realizadas atividades que estimulam concentração, percepção e reminiscência, ajudando o paciente a manter suas atividades cotidianas”, relata Syomara, que atua há 34 anos como terapeuta ocupacional e tem experiência no tratamento em reabilitação dos membros superiores em pacientes com lesões neuromotoras e faz atendimentos com terapia infantil e juvenil, adultos e terceira idade.

Alzheimer: o que é, sintomas e prevenção

A doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta por deterioração cognitiva, motoras e sensoriais, comprometendo as atividades, podem com perda de equilíbrio, memória de vida diária e prática, alterações comportamentais entre outros. Essa doença afeta mais os idosos, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência na população com mais de 65 anos.

O Alzheimer destrói de forma permanente os neurônios e as células do sistema nervoso, deteriorando a capacidade de entendimento da pessoa e sua memória de curto prazo, além de gerar alterações comportamentais que se agravam ao longo do tempo.

Os principais sintomas da doença são, dificuldade para se lembrar de acontecimentos recentes; repetição da mesma pergunta várias vezes; problemas para desempenhar tarefas de rotina, como se deslocar por um caminho conhecido; irritabilidade; dificuldade para encontrar palavras para expressar ideias ou sentimentos e interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos.

Em casos mais graves, o paciente perde a autonomia e se torna totalmente dependente. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.

Ainda não existe uma forma de prevenção específica, entretanto, os médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social, regada a bons hábitos e estilos, pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença. Pessoas mais idosas e com histórico familiar devem ficar atentos quanto aos sintomas, pois são considerados fatores de risco.

O dia 21 de setembro foi escolhido pela Associação Internacional do Alzheimer, com o intuito de aumentar a divulgação de informações sobre os principais sintomas, formas de tratamento e aconselhamento para os familiares dos pacientes. No Brasil, em 2008, a Lei 11.736/2008 instituiu o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer no calendário nacional da saúde. A campanha Setembro Lilás traz diversas atividades ao longo do mês.

Com Assessorias

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