O Dia Mundial de Combate ao Câncer, 8 de abril, foi instituído com o objetivo de informar, prevenir e controlar a doença, transmitindo alertas à população. Considerado a segunda enfermidade que mais mata no mundo, o câncer abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas, que têm em comum o crescimento desordenado das células.
De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando uma prevalência de cinco anos da doença, aproximadamente 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo o mundo, sendo que 1,6 milhão delas estão no Brasil – um número que, conforme as perspectivas da entidade, seguirá crescendo.
Com base nas tendências observadas nas últimas três décadas, os investigadores estimam que o número global de novos casos de início precoce e de mortes aumentará mais de 31% e 21%, respectivamente, em 2030.
As projeções indicam uma tendência de elevação dos índices mundiais de detecção do câncer, chegando ao patamar médio de aumento de 77% em 2050 quando comparado ao cenário registrado em 2022, com 20 milhões de novos casos da doença. Isso significa que nas próximas décadas uma a cada cinco pessoas terá câncer em alguma fase da vida.
Os cânceres mais incidentes e de maior mortalidade no Brasil
Em 2022, 10 tipos de câncer representaram dois terços dos novos casos e dos 9 milhões de óbitos decorrentes da doença. O câncer de pulmão foi o mais comum em todo o mundo, com 2,5 milhões de diagnósticos (12,4% do total), seguido do câncer de mama feminino (2,3 milhões, ou 11,6%), colorretal (1,9 milhão, 9,6%), próstata (1,5 milhão, 7,3%) e estômago (970 mil, 4,9%). Globalmente, tumores de pulmão (18,7%), colorretal (9,3%) e fígado (7,8%) foram as principais causas de óbito pela doença.
No Brasil, dos 1.634.441 pacientes oncológicos em 2022 — incluindo os novos casos e aqueles diagnosticados em cinco anos —, 278.835 morreram, principalmente de tumores de pulmão, mama feminino e colorretal. As três maiores incidências foram próstata (102.519), mama feminino (94.728) e colorretal (60.118).
Considerando a previsão de novos casos em 2050, o Brasil deve registrar 1,15 milhão de novos casos, um aumento de 83,5% em comparação a 2022. As mortes por câncer também devem ter um aumento considerável: 554 mil, 98,6% a mais do que o atual volume registrado de óbitos pela doença no país.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que o Brasil deve registrar, até 2025, mais de 704 mil novos casos da doença por ano, ou seja, alcançar mais de 2 milhões de casos no período. Os tipos mais diagnosticados são o de pele não melanoma, seguido pelo câncer de mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.
Mas o que vem preocupando especialistas é o crescimento dos casos de câncer de pâncreas e fígado, com as infecções hepáticas e as doenças hepáticas crônicas, que têm maior incidência no Norte do país e já estão na lista dos dez mais frequentes.
As regiões Sul e Sudeste deverão concentrar cerca de 70% da incidência de casos totais de câncer. Na Região Sul, sobressaem os casos de câncer de pâncreas, relacionados com o tabagismo e a obesidade como fatores de risco, e que figuram entre os dez de maior incidência
“À medida que a população envelhece, as células também envelhecem, o que aumenta o risco de surgimento do câncer. E não é só isso, mas também hábitos como o tabagismo o sedentarismo, dieta rica em gordura, são fatores de risco associados à sociedade atual”, afirma Lucas Santana, coordenador do OncoCenter Dona Helena, de Joinville (SC), referência no atendimento em hematologia e oncologia.
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Alta de quase 80% em câncer abaixo dos 50 anos em três décadas
Preta Gil, Fabiana Justus e Kate Middleton. Três mulheres jovens que recentemente se viram enfrentando um desafio comum: o diagnóstico de câncer. Elas são exemplos públicos de uma realidade global: cada vez mais pessoas abaixo de 50 anos são diagnosticadas com a doença, uma faixa etária em que o câncer não é considerado comum.
Um estudo publicado recentemente na revista britânica BMJ Oncology, mostrou que, nas últimas três décadas, houve um aumento de 79% em novos casos nesse recorte de idade, com mais de 1,8 milhão de diagnósticos em todo o mundo.
Mais de 1 milhão de pessoas com menos de 50 anos morreram em decorrência de tumores em 2019, um aumento de pouco menos de 28% em relação aos números de 1990. O risco de desenvolver qualquer tipo de câncer no país antes dos 75 anos foi de 21,5%, sendo maior (24,3%) entre os homens.
Apesar de o câncer ser ainda uma doença que afeta majoritariamente pessoas na terceira idade, estando vinculada diretamente à longevidade, a análise serve como um alerta nas políticas de conscientização sobre a importância do acompanhamento médico periódico e realização de exames de rotina para detecção precoce do câncer. O tumor de mama foi o mais prevalente, mas os de traquéia e próstata vêm sendo cada vez mais comuns entre pessoas com menos de 50 anos, de acordo com a pesquisa.
“É preciso estimular a conscientização da população em geral sobre como é feita a detecção precoce de tumores e disponibilizar os serviços necessários, que incluem médicos, exames e tecnologias. Quanto mais cedo descoberta a doença, melhor o prognóstico, com resultados positivos às terapias e maiores chances de cura”, explica Carlos Gil Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc)
Países de rendimento baixo a médio, como o Brasil, o câncer precoce teve um impacto muito maior nas mulheres do que nos homens, tanto em termos de mortes como de problemas de saúde subsequentes. Isso pode estar conectado, por exemplo, às dificuldades de acesso de exames diagnósticos e medidas preventivas, como a vacina contra o HPV.
“Além dos fatores genéticos e hábitos de vida, a doença tem um componente grande socioeconômico, e o olhar para as diferenças regionais são fundamentais para sabermos onde precisamos melhorar e para onde precisamos ir. “Em muitos locais, a sobrevida de alguém pode ser influenciada por acesso a uma vaga em um hospital, um simples transporte, vacinação ou mesmo uma renda que dê para um suporte necessário em tratamentos mais agressivos, como uma nutrição adequada”, descreve Carlos Gil.
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Estudo feito pelo Global Cancer Observatory e a International Agency For Research on Cancer, entidades associadas à OMS, identificou os tipos de câncer mais letais. Após o diagnóstico do tumor maligno, a expectativa de vida é, em média, de cinco anos. Na lista estão cânceres de pâncreas, pulmão, vesícula, esôfago, fígado e cérebro e câncer de colo do útero. Especialistas da rede D´Or São Luiz listam os principais sintomas de cada um deles. Confira:
Câncer de pâncreas
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de pâncreas mais comum é do tipo adenocarcinoma, que se origina no tecido glandular. Ele corresponde a 90% dos casos diagnosticados e costuma afetar o lado direito do órgão, parte que se encontra mais perto do primeiro segmento do intestino delgado.
Entre os sintomas característicos desse tipo de câncer estão a dor abdominal, a perda de peso, o vômito e a icterícia, condição em que a pele e os olhos ficam amarelados. O diagnóstico da doença é feito por meio de exame de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, seguido de ultrassonografia endoscópica.
Ainda conforme o Ministério da Saúde, os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pâncreas incluem tabagismo, pancreatite crônica e diabete de longa data. Não há uma forma precisa e comprovada para prevenir esse tumor, mas recomenda-se manter uma alimentação saudável, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e evitar o tabagismo.
O tratamento consiste na realização de cirurgia, que é capaz de curar o paciente, desde que o câncer não tenha se disseminado no organismo.
Câncer de pulmão
De acordo com os dados do Inca, o câncer do pulmão é o terceiro mais comum entre homens e o quarto em mulheres no Brasil. Os principais fatores de risco da doença são o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco e aos agentes carcinogênicos no trabalho.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados do tabaco. Por isso, evitar o tabagismo é a principal medida para a prevenção de câncer de pulmão. Tosse, falta de ar, dor torácica, perda de peso, cansaço e presença de sangue no escarro são os sintomas mais comuns da doença.
O tratamento inclui cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia. O transplante pode ser considerado para pessoas que tiveram a doença isoladamente, em que o câncer não se espalhou para outras partes do corpo. Conforme os dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), em 2023 foram realizados 103 transplantes de pulmão.
No entanto, há casos em que pode ocorrer a rejeição do transplante. Nesse tipo de situação, os médicos podem utilizar fármacos denominados imunossupressores, que inibem o sistema imunológico e a capacidade do organismo de reconhecer e destruir as substâncias estranhas. O uso de imunossupressores aumenta a probabilidade de sobrevivência do órgão transplantado.
Câncer de vesícula
De acordo com o Ministério da Saúde, é o tipo de câncer que atinge a vesícula biliar, um órgão pequeno, ligado ao lado direito do fígado. O surgimento do tumor pode causar problemas intestinais, cólicas, intolerâncias alimentares, enjoos, vômitos frequentes, perda de peso, falta de apetite e febre.
O diagnóstico é difícil e, geralmente, tardio. Isso porque os sintomas surgem quando o paciente já está com o quadro avançado. Até o momento não há medidas específicas de prevenção, mas o Ministério da Saúde orienta manter um estilo de vida saudável e o atendimento médico regular, o que pode ajudar a detectar a doença em estágios iniciais.
Câncer de esôfago
O câncer de esôfago representa 2% de todos os tumores malignos, mas apesar de raro, o Ministério da Saúde aponta que ele está entre os mais letais. Entre os fatores de risco estão o tabagismo, o abuso de bebidas alcoólicas, a ingestão de alimentos excessivamente quentes, a obesidade, as lesões de longo prazo no esôfago e a exposição contínua a vapores químicos.
As pessoas com esse tipo de câncer geralmente apresentam dificuldade para engolir alimentos sólidos e líquidos, perda de peso, anemia e desidratação. O tratamento pode ser cirúrgico ou com sessões de quimioterapia e/ou radioterapia.
Câncer de fígado
Também conhecido como câncer hepático, é o tipo da doença que afeta as células e tecidos que formam o fígado, órgão que ajuda na digestão e na filtragem do sangue. Segundo o Ministério da Saúde, ainda não se sabe o que causa o tumor, mas há estudos que o associam com diabetes, consumo excessivo de álcool, quadros de cirrose crônica, hepatite B ou C e gordura no fígado.
Entre os sintomas mais comuns estão o aumento no tamanho do abdômen, dor abdominal, cansaço excessivo, fraqueza, fezes esbranquiçadas, palidez, perda de peso, febre e náuseas.
O tratamento envolve a retirada da lesão que acomete o órgão ou, até mesmo, a remoção completa, que costumeiramente é seguida por um transplante de fígado. Em alguns casos, também pode ser necessário a quimioterapia e/ou radioterapia.
Câncer de cérebro
O tumor cerebral pode ter sintomas que variam de pessoa para pessoa, dependendo da área afetada, conforme esclarece o Ministério da Saúde. No geral, os pacientes com essa condição relatam sentir dores de cabeça, convulsões, mudanças nas funções cognitivas, perda do equilíbrio, perda da audição, alterações na frequência respiratória e mudança na capacidade de sentir.
Os exames de imagem podem detectar os tumores cerebrais, mas, na maioria das vezes, é necessária uma biópsia para ter certeza do diagnóstico. O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação dos três procedimentos.
Câncer de colo de útero
Apesar de não ter sido listado pelo levantamento feito pelo Global Cancer Observatory e a International Agency For Research on Cancer, o câncer de colo de útero também requer atenção. A doença é a quarta causa de morte de mulheres no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde.
Entre as principais causas do câncer de colo de útero está a infecção por vírus HPV. Fatores como início precoce da atividade sexual, diversidade de parceiros, tabagismo e má higiene podem facilitar a infecção.
Esse tipo de câncer demora alguns anos para se desenvolver, mas o diagnóstico é feito em exames preventivos no ginecologista. Conforme a doença avança, as mulheres podem sentir dores, sangramento vaginal e notar a presença de corrimentos.
O Ministério da Saúde aponta a vacinação contra o HPV, o uso de preservativo durante as atividades sexuais e não fumar como os principais métodos de prevenção.
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Importância da prevenção e tratamento precoce
Os números reforçam a importância da detecção precoce e do tratamento eficaz nunca foi tão crucial. Apesar da gravidade, as enfermidades podem ser prevenidas com a adoção de cuidados no dia a dia. Para isso, as autoridades de saúde reforçam a importância do acesso à informação correta. Saber as formas de prevenção, os fatores de risco, os sintomas e as possibilidades de tratamento contribuem para evitar as doenças e, também, buscar ajuda médica se necessário.
De acordo com o Inca, quando a doença é descoberta no estágio inicial, aumentam as chances de cura e, também, a qualidade de vida do paciente durante o tratamento. A prevenção do câncer envolve ações que podem ser primárias ou secundárias. Na primária, inclui evitar exposição aos fatores de riscos e a adoção de um modo de vida saudável. Já na ação secundária, detectar e tratar as doenças pré-malignas (como exemplo, lesões causadas pelo vírus HPV). Mais uma forma de prevenção são as vacinas.
E ações como o combate ao tabagismo, ter uma alimentação saudável, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas e de carnes processadas, manter o peso corporal adequado, praticar atividades físicas, evitar exposição ao sol sem proteção, principalmente em horários de maior incidência de raios ultravioletas.
Na linha de inovações terapêuticas, uma medida a ser estudada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o uso da primeira terapia gênica contra o câncer. “A terapia gênica surgiu nos Estados Unidos nos últimos cinco anos. Do paciente com câncer, retiram-se algumas células que são modificadas geneticamente e aprendem a matar a célula do câncer”, explica o oncologista. Segundo o especialista, o problema seria o custo muito alto desse tratamento, tanto para o setor público quanto para o privado.
Panorama global do câncer
Confira a seguir os principais dados do GLOBOCAN 2022:
Mundo:
Número de novos casos de câncer: 19.965.054
Número de mortes: 9.736.520
Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 53.490.304
Top 3 por incidência: Pulmão, Mama e Colorretal
Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Fígado
Número de novos casos previstos para 2050: 35 milhões
Brasil:
Número de novos casos de câncer: 627.193
Número de mortes: 278.835
Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 1.634.441
Top 3 por incidência: Próstata, Mama e Colorretal
Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama
Com Assessorias