Com morte anunciada nesta terça (13), o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, de 89 anos, foi diagnosticado com câncer de esôfago em abril de 2024 e já apresentava metástase – quando o câncer avança para outros órgãos. Além disso, ele também lidava com uma doença autoimune, que afetava seus rins.  O político estava em cuidados paliativos após suspender o tratamento.

Dados levantados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) na base Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), mostram que o Brasil apresenta a maior incidência (em número absolutos) de câncer de esôfago da América Latina, mas é o quinto em prevalência, com 5,1 casos para cada 100 mil brasileiros.

O Uruguai, com uma população de 3,5 milhões de habitantes (quase 4 vezes menor que a população da cidade de São Paulo), aparece na 9ª posição na América Latina em número de casos absolutos (incidência) de câncer de esôfago. Porém, o país registra a segunda maior prevalência entre todas as nações latino-americanas, com 8,1 casos para cada 100 mil uruguaios.

No Brasil, o câncer esofágico é quase três vezes mais comum nos homens. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de esôfago –  sexto tipo de tumor maligno mais incidente no sexo masculino – deve ser diagnosticado por 8.200 homens brasileiros e 2.790 casos mulheres em 2025. Em âmbito mundial, de acordo com á pouco mais do dobro de número de casos entre os homens: 365 mil entre eles e 145 mil novos casos anuais entre as mulheres

Caso medidas efetivas de prevenção não sejam adotadas, a projeção do IARC/OMS para o ano de 2050 é que o número de casos anuais de câncer de esôfago salte dos atuais 511 mil para 922 mil em 2050, um aumento de 80%.

Dados do levantamento SEER do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI) apontam que quase metade (48,1%) dos pacientes com câncer de esôfago descoberto em fase inicial chegam aos cinco anos de sobrevida após o tratamento. Um alerta importante é que, ainda segundo o NCI, quatro entre dez casos de câncer de esôfago são diagnosticados já com a ocorrência de metástase.

Aumentar as taxas de diagnóstico precoce é a principal medida para redução da mortalidade por câncer de esôfago”, afirma o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Hospital de Base, de Brasília.

No cenário global, o câncer de esôfago ocupa a oitava posição entre os mais diagnosticados. “Embora seja menos falado, ele representa um desafio importante na oncologia. Avanços em terapias e estratégias de diagnóstico têm contribuído para oferecer alternativas mais eficazes de tratamento, mas a conscientização segue sendo essencial”, afirma o oncologista Mauro Donadio.

Bebidas muito quentes aumentam o risco de câncer de esôfago

Assim como observado com os demais cânceres, os tumores malignos de esôfago ocorrem pela transformação descontrolada das células. A doença se desenvolve quando as células que revestem internamente o esôfago — canal que conecta a garganta ao estômago — sofrem alterações e começam a se multiplicar de forma desordenada. À medida que progride, o tumor pode se expandir para camadas mais profundas do órgão e até comprometer estruturas vizinhas.

No caso específico do câncer de esôfago, as evidências associam o surgimento da doença à irritação crônica deste órgão, a partir de causas como tabagismo, obesidade, etilismo, hábito de consumir bebidas líquidas em altas temperaturas e baixo consumo de frutas e vegetais.  Outros fatores de risco são a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e histórico de alterações pré-cancerosas nas células do esôfago (esôfago de Barrett).

Um levantamento divulgado no periódico Annals of Internal Medicine apontou que o consumo frequente de bebidas muito quentes pode estar associado ao aumento do risco de câncer de esôfago — que se eleva ainda mais quando há o hábito de fumar ou consumir álcool.

Na maioria dos casos, o câncer de esôfago é uma doença evitável. Cabe a todos os setores da sociedade ampliar o conhecimento da população, por meio de campanhas de conscientização eficazes, sobre as medidas que contribuem para a prevenção da doença”, ressalta Rodrigo Nascimento Pinheiro.

Formas de prevenção do câncer de esôfago

Felizmente, o câncer de esôfago pode ser prevenido, mas é importante que a população em geral deixe alguns hábitos de lado. Evitar o tabagismo, moderar o consumo de álcool, manter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e não ingerir líquidos excessivamente quentes são atitudes que reduzem significativamente o risco.

 “O lado positivo é que essa é uma doença que pode, em muitos casos, ser evitada com mudanças simples no estilo de vida”, destaca Donadio. Manter uma dieta equilibrada,  praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para prevenir a doença.

Também é recomendado não fumar (lembrando que toda forma de consumo de tabaco e seus derivados é nociva, incluindo charuto, narguilé, cigarro eletrônico, entre outros); adicionar uma variedade de frutas e vegetais coloridos à dieta; manter o peso saudável e tratar o refluxo quando houver sintomas.

Além disso, o consumo de bebida alcoólica deve ser evitado. Há estudos que apontam que, para adultos saudáveis, pode ser seguro o consumo no limite de até um drinque por dia para mulheres e até dois drinques por dia para homens”, explica o presidente da SBCO.

Além disso, a vacinação contra o HPV é uma aliada importante, não só na prevenção do câncer de esôfago associado ao vírus, mas também de outros tipos, como o de colo do útero, ânus e cavidade oral.  “A vacinação contra o HPV também pode evitar que o carcinoma de células escamosas do esôfago seja causado pelo vírus. Além do câncer de esôfago, ela também pode auxiliar na prevenção do câncer do colo do útero, ânus, boca, etc”, alerta Donadio.

Como forma de prevenção, é fundamental evitar alguns hábitos que podem aumentar os riscos de desenvolvimento da doença. São eles:

  •       Ingerir bebidas quentes demais (em temperatura igual ou superior 65ºC)
  •       Tabagismo
  •       Inalar poeiras de construção civil, vapores de combustíveis, entre outros
  •       Consumir bebidas alcóolicas
  •       Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e Gama)
  •       Obesidade

Sintomas que alertam para câncer de esôfago

A neoplasia pode evoluir de forma silenciosa nas fases iniciais, o que pode atrasar o diagnóstico. Às vezes os primeiros sinais que se manifestam podem ser inespecíficos e subvalorizados e isso pode explicar o achado de uma doença já está mais avançada ao diagnóstico.

Mas em muitos casos os pacientes relatam sensação de alimento parado na garganta ou no peito, dificuldade para engolir, dor ou queimação no tórax e uma perda de peso significativa e sem explicação”, afirma o especialista.

A SBCO alerta que o câncer de esôfago em fase inicial geralmente não causa sinais ou sintomas. Porém, nas ocorrências destes sinais, é recomendado consultar um médico.

– Dificuldade em engolir (disfagia)
– Perda de peso sem causa definida
– Dor no peito ou queimação
– Piora da digestão ou azia
– Tosse ou rouquidão

Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir vômitos e hemorragia digestiva.

Persistindo qualquer desconforto, é essencial buscar avaliação médica para investigar a causa. Embora esses sintomas não signifiquem necessariamente um câncer de esôfago, apenas um diagnóstico preciso pode indicar o melhor caminho a seguir e garantir que o paciente receba o tratamento mais apropriado”, orienta.

A pessoa com histórico de esôfago de Barrett, uma condição pré-cancerosa causada por refluxo ácido crônico, tem um risco maior de desenvolver câncer de esôfago e pode haver a recomendação de rastreamento. Para tanto, é importante discutir os prós e os contras dos exames com um especialista.

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Como é feito o diagnóstico

Após a queixa do paciente, o médico irá solicitar uma endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia e em seguida, após a confirmação da doença, exames de imagem para analisar o estadiamento da neoplasia. Os mais comuns são:

Os testes e procedimentos usados para diagnosticar o câncer de esôfago incluem:

  • Estudos Radiológicos: durante estes estudos, o paciente pode engolir um líquido que inclui contraste e depois faz exames de imagem. O contraste reveste o interior do esôfago, que pode mostrar alterações no tecido.
  • Coleta de uma amostra de tecido para teste (biópsia). Por endoscopia, é retirada uma amostra de tecido que, por sua vez, é enviada a um laboratório para procurar células cancerígenas. O objetivo é determinar a extensão do câncer.

Assim que o diagnóstico de câncer de esôfago for confirmado, o médico poderá recomendar exames adicionais para determinar se o câncer se espalhou para os gânglios linfáticos ou para outras áreas do corpo. Os exames podem incluir:

  • Endoscopia — exame realizado com o paciente sedado em que um endoscópio com câmera avalia a parte interna do esôfago. “O médico passa um tubo flexível equipado com uma lente de vídeo (videoendoscópio) pela garganta até o esôfago. Usando o endoscópio, o médico examina o esôfago em busca de câncer ou áreas de irritação”, explica Donadio. Durante a endoscopia, são retirados fragmentos de lesões identificadas
  •  Ultrassom endoscópico (EUS) — uma sonda que emite ondas sonoras fica no final de um endoscópio. Este teste é feito ao mesmo tempo que a endoscopia digestiva alta e é útil para determinar o tamanho de um câncer de esôfago e o quanto ele cresceu em áreas próximas. Também ajuda a mostrar se os gânglios linfáticos foram afetados pelo câncer;
  • Broncoscopia — pode ser feita para cânceres que estão localizados na parte superior do esôfago. O intuito é ver se ele está invadindo a traqueia ou brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia aos pulmões);
  • Toracoscopia e laparoscopia — são exames que permitem que o médico veja os gânglios linfáticos e outros órgãos próximos ao esôfago dentro do tórax (por toracoscopia) ou no abdômen (por laparoscopia) por meio de uma câmera. Também podem ser usados para obter amostras de biópsia. São exames realizados com o paciente anestesiado; e
  • Tomografia computadorizada (TC) — a TC de tórax, abdomen e pelve desempenha um papel crucial na detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor.
  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT) – o exame mostra se existem alterações no metabolismo celular, produzindo imagens com tecnologia digital e recursos de raio-X. Além disso, ele analisa em qual estágio o tumor está, para que seja possível planejar o tratamento. O procedimento consiste na aplicação de uma substância que emite baixas doses de radiação à base de glicose por via venosa. Com isso, o especialista poderá investigar o consumo de glicose no organismo e eventuais problemas.

Diferentes tipos de câncer de esôfago

A doença é classificada de acordo com o tipo de células envolvidas. Os dois tipos mais frequentes da doença são o adenocarcinoma e o carcinoma de células escamosas. adenocarcinoma, que começa nas células das glândulas secretoras de muco no esôfago, ocorre frequentemente na porção inferior do esôfago. Já os carcinomas de células escamosas ocorrem mais frequentemente nas porções superior e média do esôfago.

  •       Carcinoma de células escamosas — a camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer originado nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio);
  •       Adenocarcinoma — Os cânceres que começam nas células glandulares (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior) e transição esôfago-gástrica.

Embora menos comuns, também podem surgir tumores como linfomas, melanomas e sarcomas na região esofágica, mas esses casos são considerados bastante raros.

Cirurgia, fase de diagnóstico e sobrevida em cinco anos

Após a confirmação do diagnóstico, o plano de tratamento é definido de forma individualizada, levando em conta o estágio da doença e as condições clínicas do paciente. As opções podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou uma combinação entre elas.

A escolha da terapêutica mais adequada para tratar o câncer de esôfago se baseia no estadiamento (fase em que a doença é diagnosticada, que vai de 0 a IV) e nas condições de saúde geral do paciente. A cirurgia costuma ser indicada para portadores de tumores em estágios iniciais e tem objetivo curativo. Para tumores em estágio 0 ou I (iniciais) pode-se recomendar a remoção do tumor por esofagectomia ou via ressecção (retirada) endoscópica da mucosa.

Dependendo das características, pode-se indicar, ainda, quimioterapia e radioterapia (prévias ou posteriores ao procedimento). Para tumores em estágios II e III, quando houve disseminação para linfonodos e para órgãos próximos, geralmente, indica-se a quimiorradiação (quimioterapia e radioterapia) seguida de cirurgia. Mas, em caso de tumores pequenos, pode-se realizar o tratamento cirúrgico isolado.

Já para tumores em estágio IV, com metástases à distância, busca-se aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença com tratamentos não cirúrgicos. Em estágios muito avançados é possível indicar um procedimento cirúrgico com intuito paliativo, visando melhorar a qualidade de vida do paciente. É o caso, por exemplo, da cirurgia para colocação de sonda de alimentação.

Em alguns casos, especialmente quando o tumor está mais avançado ou se espalhou para outras regiões do corpo, recorremos à quimioterapia sistêmica e, em determinadas situações, à imunoterapia. Já em casos localizados, é possível iniciar com quimioterapia e radioterapia para reduzir o tumor antes da cirurgia. Tudo é pensado para oferecer as melhores chances de controle da doença e qualidade de vida para o paciente”, finaliza Mauro Donadio.

Cirurgias em casos de câncer de esôfago

O tratamento cirúrgico para pacientes com câncer de esôfago consiste na realização de esofagectomia, que é a remoção total ou parcial do órgão e de margem de segurança (área adjacente ao tumor com tecido normal). Em alguns casos, antes de realizá-lo, pode ser preciso fazer algumas sessões de radioterapia ou quimioterapia (terapias neoadjuvantes).

A esofagectomia pode ser transhiatal, na qual o esôfago é removido por meio de incisões no abdômen e no pescoço, sendo bastante empregada no tratamento de adenocarcinomas. Há também a esofagectomia transtorácica, na qual o órgão é retirado através de incisões no tórax e no abdômen, sendo mais utilizada no tratamento de carcinomas de células escamosas.

As duas formas de cirurgia podem ser realizadas tanto por via aberta/convencional ou de maneira minimamente invasiva. Porém, quando se emprega a minimamente invasiva – por laparoscopia ou robótica, as incisões são bem menores, resultando em menor risco de sangramento, menos dor e mais rápida recuperação”, destaca Pinheiro.

Qual é o caminho do alimento após a retirada do esôfago?

Uma importante indagação dos pacientes é como ficará o trânsito do alimento após a esofagectomia. Isso porque é o esôfago que faz a ligação entre a garganta e o estômago, sendo, portanto, fundamental no processo digestivo. Rodrigo Pinheiro explica que, para reconstruir o canal e viabilizar o trânsito alimentar, é elevado o estômago até a porção remanescente do tubo esofágico, conectando-os na região torácica ou cervical.

Outra possibilidade é confeccionar um novo tubo gástrico com tecidos extraídos de outros órgãos do sistema digestivo, como estômago, intestino delgado ou intestino grosso”, acrescenta Pinheiro. Ainda segundo o presidente da SBCO, é importante que a estrutura tenha curvatura adequada e calibre similar ao do esôfago original, sendo suturada manualmente ou com o uso de grampeadores automáticos.

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Entenda o que aconteceu com Pepe Mujica

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Em abril de 2024, Mujica anunciou que foi diagnosticado com câncer de esôfago. Em uma entrevista coletiva, o ex-político disse que descobriu o tumor em um exame de rotina, e que sua saúde ficou “muito comprometida”. O ex-presidente também sofria de síndrome de Strauss, uma doença imunológica crônica.

Em janeiro desse ano, Mujica revelou que o câncer havia se espalhado por seu corpo e que não se submeteria a mais tratamentos pela sua idade. A sua esposa, Lucía Topolansky explicou em uma entrevista que fizeram o necessário para que Mujica vivesse a última parte de sua vida “da melhor maneira possível”.

O câncer no esôfago está se espalhando em meu fígado. Não consigo impedir isso com nada. Por quê? Porque sou uma pessoa idosa e tenho duas doenças crônicas. Não posso passar por tratamento bioquímico ou cirurgia porque meu corpo não aguenta”, disse Pepe em janeiro sobre o seu estado de saúde.

Após ter passado por 32 sessões de radioterapia, Mujica decidiu não realizar mais nenhum tratamento para a doença e pediu que os médicos evitassem prolongar seu sofrimento. “O guerreiro tem direito ao seu descanso”, expressou.

A notícia da morte foi dada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, que revelou no domingo (11), que Pepe passava por “um momento crítico de saúde” durante uma entrevista ao jornal argentino Tiempo. “Estamos tentando protegê-lo e impedi-lo de fazer coisas que possam prejudicá-lo. Algumas das ações recentes parecem tê-lo afetado”, comentou Orsi à imprensa.

Em dezembro de 2024, ele passou por uma cirurgia relacionada ao câncer e ficou um final de semana internado para recuperação. Durante o procedimento, feito em Montevidéu, foi colocado um stent no esôfago, um dispositivo que auxilia na autoexpansão para permitir a passagem de alimentos. Mujica havia relatado anteriormente que o canal do esôfago havia se estreitado e por isso precisaria da cirurgia.

É duplamente complexo no meu caso porque padeço de uma doença imunológica há mais de 20 anos que me afetou, entre outras coisas, os rins, o que cria óbvias dificuldades para quimioterapia e cirurgia. Tudo isso está sendo avaliado”, disse em uma entrevista em abril de 2024.

Mesmo diante da fragilidade imposta pela doença, Mujica manteve a lucidez e a serenidade que sempre marcaram sua trajetória. Sabia que seu tempo estava chegando ao fim — e, como em tantos momentos de sua vida pública, fez da despedida uma lição de humanidade e esperança. Em um de seus últimos discursos, durante um ato de encerramento de campanha em 2024, deixou palavras que agora ecoam como legado:

Sou um velho partindo. Precisamos trabalhar pela esperança. Eu te entrego meu coração. Preciso agradecer à vida porque, quando estes braços partirem, haverá milhares de braços para me substituir. Adeus”.

Com Assessorias

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