O Brasil assistiu, estarrecido, a mais um um arroubo negacionista do presidente Jair Messias Bolsonaro, recheado de ironia e desprezo à dor de milhares de famílias que estão perdendo seus entes queridos para o novo coronavírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? (…) Sou Messias, mas não faço milagre”, disse, ao ser questionado sobre o número de mortes (5.017) registro nesta terça-feira (28), mais do que na China (4.633), onde o coronavírus foi identificado no final de 2019.

Mesmo afirmando que se solidarizava com os familiares das vítimas, voltou a minimizar o seu papel na crise: “É a vida. Amanhã sou eu”, disse em conversa com jornalistas transmitida em sua página do Facebook. As declarações de Bolsonaro foram aplaudidas por apoiadores que geralmente acompanham as entrevistas.

Foi uma saia justa no novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que ao mesmo tempo dava entrevista coletiva reconhecendo “o agravamento da situação” no Brasil, com a  escalada de casos: 71.886 casos da doença, com 5.385 novas infecções confirmadas em um único dia. Só nas últimas 24 horas,  foram contabilizados mais 474 novos óbitos pela Covid-19, um recorde de confirmações oficiais em um único dia.

É um número que vem crescendo (…). Temos a manutenção dos números crescentes, e temos que encarar como um agravamento da situação”, afirmou Teich ao admitir agora que “a curva [de contágios e mortes] está aumentando”, um dia após defender a flexibilização das medidas de isolamento social.

Para presidente, números ‘não são de agora’

Enquanto o ministro Teich descartava a hipótese sustentada na véspera de que o aumento recorde no número de mortes tenha sido consequência de casos antigos acumulados e não testados, o presidente afirmava, sem apresentar evidências, que os óbitos “não são de agora”.

A equipe de Saúde do Governo atribuiu a piora da situação ao aumento de casos em algumas regiões, onde o quadro é de “maior dificuldade”, segundo Teich. O ministro não fez relação entre o relaxamento do isolamento social em algumas capitais observado nos últimos dias e o aumento nos números de mortes e contágios, mas admitiu o atendimento precário na saúde. “Tem a parte financeira, tem os respiradores, EPIs (equipamentos de proteção individual), recursos humanos”, destacou.

A estação mais fria do ano também foi apontada por Oliveira como um fator de piora nos números do coronavírus no país. “O Brasil tem uma sazonalidade de doenças respiratórias no outono e no inverno. Estamos no outono. E não é só coronavírus, é também influenza e outras doenças”, disse. “É importante que todos reforcem as medidas de proteção.”

Escalada de casos em São Paulo

De acordo com Teich, os pontos críticos da pandemia seguem sendo em São Paulo, que lidera os números de mortos e contágios no país, Manaus, Recife e Rio de Janeiro. “São Paulo pode ter uma intensidade [maior no número de casos] nas próximas semanas na Região Metropolitana”, afirmou Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde.

Antes mesmo do novo balanço nacional, o Estado de São Paulo já apontava nesta direção, com o registro na segunda-feira de 224 novas mortes. A taxa de ocupação de doentes por covid-19 nos hospitais do Estado mais populoso do país também segue uma crescente: 61,6% dos leitos de UTI estão ocupados, assim como 44,5% das enfermarias.

Já na Grande São Paulo, esse número é ainda maior, com 81% das UTIs ocupadas e 70% das enfermarias. A média de tempo que um paciente com covid-19 fica na UTI é de 15 dias. Portanto, é possível internar apenas dois pacientes por leito a cada mês.

Rio de Janeiro tem recorde de mortes

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou que registrava, até esta terça-feira (28), 8.504 casos confirmados e 738 óbitos, 259 óbitos em investigação e 140 descartados.
Foram registrados 5.554 casos somente na cidade do Rio, onde 456 pessoas morreram. Em todo o Estado, foram registrados mais 61 óbitos, o maior número desde o início da pandemia. Ao todo, as 738 vítimas fatais foram registradas nos seguintes municípios. Veja o painel de monitoramento de casos no Estado do Rio de Janeiro em painel.saude.rj.gov.br.

Medidas de prevenção

– Proteger nariz e boca ao espirrar ou tossir;
– Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres e copos;
– Lavar frequentemente as mãos, especialmente após espirrar ou tossir;
– Utilizar álcool em gel nas mãos;
– Evitar tocar o rosto.

Dúvidas – Para mais informações, ligue gratuitamente para o número 160 ou acesse www.saude.rj.gov.br e www.coronavirus.rj.gov.br.

Com El País e Agência Brasil

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