O Big Brother Brasil mal começou e já trouxe à tona um assunto que está mexendo com a curiosidade de todos: a famosa dieta dos 40 ovos diários de Gracyanne Barbosa. Com direito a “ovômetro” e tudo, a musa fitness consumiu 18 ovos apenas nos dois primeiros dias de programa. “Eu vou ter que barganhar muito para poder comer esses ovos“, confessou Gracyanne nos primeiros dias de confinamento. Antes de entrar na casa, a BBB disse comer 40 ovos diariamente.
A preocupação da influenciadora vai além da simples manutenção de sua dieta – representa um desafio real para atletas e praticantes de musculação que dependem de uma alimentação específica para manter seus resultados. O assunto tem gerado debates nas redes sociais e muitas dúvidas sobre este alimento que, nas últimas décadas, passou de vilão a herói na nutrição.
Não é a primeira vez que a dieta do ovo chama atenção no BBB. Na edição 2021, o instrutor de crossfit Arthur Picoli afirmou consumir entre 20 e 24 ovos diariamente. O número alto chamou a atenção de muitas pessoas para suas escolhas alimentares incomuns e gerando debates sobre a adequação nutricional e os limites da alimentação voltada para objetivos estéticos.
Essa prática não é incomum, sendo frequentemente realizada por praticantes de atividade física para ganhar massa muscular mais rapidamente, já que o ovo é rico em proteína. Assim como Gracyanne, a influenciadora Virginia Fonseca também chamou atenção ao revelar que consome 20 ovos por dia em sua dieta pós-parto.
Mas afinal, por que tanta gente está apostando neste alimento? Ouvimos duas especialistas a respeito. Confira!
Os benefícios deste superalimento
O consumo de ovos é uma prática bastante comum e considerada saudável, especialmente quando feito de forma equilibrada, é versátil, nutritivo e econômico. O ovo é um dos alimentos mais consumidos no mundo, é rico em proteínas, vitaminas e minerais essenciais, ele é uma verdadeira potência nutricional que pode trazer inúmeros benefícios para a saúde.
O ovo é realmente considerado um superalimento, de baixo custo, versátil e muito rico nutricionalmente falando. Ele é rico em proteínas de alta qualidade, rico em aminoácidos essenciais, contém vitaminas A, D, E, K, possui colina, que melhora a memória, o zinco ajuda na imunidade, albumina que auxilia na recuperação muscular. Cada unidade tem cerca de 6 gramas de macronutrientes”, afirma a nutricionista Vanessa Di Santo, que ficou conhecida após participar do reality show “A Grande Conquista 2”, transmitido pela Record TV.
De acordo com a nutricionista, estudos recentes têm comprovado que os ovos são uma ótima opção para quem busca o emagrecimento, o ganho de massa magra e até para a saúde cerebral. Por ser uma fonte de proteína tem uma digestão mais lenta, o ovo promove a sensação de saciedade, espaçando as refeições e por isso o consumo de albumina é associado a dietas de redução de peso.
De acordo com Cris Ribas Esperança, nutricionista do Instituto do Bem Estar Giulliano Esperança, os ovos são uma fonte de proteína completa e de alta qualidade, contendo todos os aminoácidos essenciais necessários para a construção e reparo de tecidos corporais.
Além disso, são ricos em nutrientes como colina, vitamina D, vitamina B12, selênio e antioxidantes como luteína e zeaxantina, que desempenham papeis importantes na saúde ocular e cerebral, na função imunológica e na saúde geral do organismo.
Risco de sobrecarga aos órgãos
Apesar dos benefícios nutricionais dos ovos, é importante considerar os potenciais impactos negativos de consumir uma quantidade tão elevada diariamente. Oconsumo excessivo de ovos pode trazer alguns malefícios à saúde, especificamente quando não é balanceado com uma alimentação variada, como o aumento do colesterol, sobrecarga renal, ganho de peso, problemas metabólicos, deficiência de outros nutrientes, risco de intoxicação alimentar e desconfortos gastrointestinais.
Uma ingestão excessiva de proteína pode sobrecarregar os órgãos responsáveis pelo metabolismo das proteínas, como os rins e o fígado. O consumo deste superalimento pode aumentar os níveis de colesterol no sangue e causar impacto na saúde cardiovascular.
Embora indivíduos saudáveis possam ser capazes de tolerar temporariamente uma ingestão maior de proteínas, aqueles com condições médicas pré-existentes, como doença renal, devem ser especialmente cautelosos”, afirma a nutricionista.
Excesso de colesterol
Outra preocupação é o conteúdo de colesterol nos ovos. Apesar de décadas de controvérsia, estudos mais recentes sugerem que o colesterol dietético tem um impacto menor nos níveis sanguíneos de colesterol do que se pensava anteriormente. No entanto, para algumas pessoas, especialmente aquelas com predisposição genética ou histórico de doenças cardiovasculares, limitar o consumo de colesterol pode ser recomendado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de colesterol seja inferior a 300 mg. Para pessoas com histórico de doenças cardíacas, o limite é de 200 mg. No entanto, pesquisas recentes indicam que não há uma relação direta entre a quantidade de colesterol ingerido e os níveis de colesterol no sangue. Para ter uma alimentação saudável e equilibrada, é importante diversificar os tipos de gordura presentes nos alimentos.
Existem vários estudos sobre isso, ele já foi visto como vilão. Porém, estudos recentes indicam que o colesterol obtido por meio da alimentação tem menos influência do que se imaginava no aumento do nível de LDL, o colesterol ruim, e no crescimento de mortalidade por doenças cardiovasculares. Conforme a última diretriz brasileira sobre dislipidemia (aumento anormal de gorduras no sangue), o consumo moderado de ovo não aumenta significativamente o nível de colesterol ruim em pessoas saudáveis”, comenta Vanessa.
Falta de fibras
Cris Ribas Esperança alerta ainda que a falta de fibras na dieta pode ter consequências significativas para a saúde, já que as fibras desempenham um papel crucial na digestão, na saúde intestinal e no controle do peso. A ausência de fibras pode levar a problemas como constipação, aumento do risco de doenças cardiovasculares e síndrome do intestino irritável.
Além disso, é importante abordar a questão da variabilidade na dieta. Embora os ovos sejam uma excelente fonte de proteína e nutrientes, uma dieta equilibrada deve incluir uma ampla variedade de alimentos de diferentes grupos alimentares para garantir a ingestão adequada de todos os nutrientes essenciais. “Focar excessivamente em um único alimento pode resultar em deficiências nutricionais e desequilíbrios”, adverte.
Falta de carboidrato
Vanessa Di Santo alerta que, assim como qualquer excesso pode causar alguma alteração na saúde e com o ovo não seria diferente, a dieta focada em ovos pode comprometer sua saúde hormonal, com a falta de carboidrato.
Uma dieta focada só em ovos pode acarretar em deficiência nutricionais, impactando a saúde, por isso a necessidade de diversificar os alimentos, tanto para o corpo no geral quanto para seu intestino”, afirma a nutricionista.
Segundo ela, o número de unidades que podem ser consumidas varia conforme a dieta, a genética, o histórico familiar, as doenças existentes e o próprio preparo do alimento.
Mas a sugestão para pessoas saudáveis que não praticam atividades físicas de alta intensidade diariamente ou esteja com alguma exceção na dieta seja de até 3 ovos inteiros dia. Lembrando que para quem consome muitos ovos ao dia é necessário fazer acompanhamento com um profissional de saúde.”
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Necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa
No contexto dos atletas, especialmente os que praticam fisiculturismo, onde as dietas podem ser altamente restritivas e focadas em objetivos específicos de desempenho e estética, é importante reconhecer que suas práticas alimentares podem não ser adequadas nem sustentáveis para o público em geral.
É crucial enfatizar que as necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa, e não há uma abordagem única que seja adequada para todos. O consumo de 40 ovos por dia é extremamente atípico e não reflete uma prática nutricionalmente equilibrada ou sustentável para a maioria das pessoa”, afirma Cris.
Segundo ela, a ênfase excessiva em quantidades extremamente altas de proteínas e a exclusão de certos grupos alimentares, como alimentos ricos em fibras, pode comprometer a saúde a longo prazo e não deve ser vista como um modelo a ser seguido por todos. “Cada indivíduo tem necessidades nutricionais únicas, e uma abordagem equilibrada e individualizada para a alimentação é essencial para promover a saúde e o bem-estar geral”, completa.
Equilíbrio e moderação
Por tudo isso, é essencial que as pessoas busquem orientação individualizada de um profissional de saúde qualificado, como um nutricionista, para desenvolver um plano alimentar personalizado que atenda às suas necessidades nutricionais específicas e promova a saúde a longo prazo. Uma abordagem colaborativa e baseada em evidências é fundamental para garantir que as escolhas alimentares sejam sustentáveis, equilibradas e adequadas às necessidades individuais de cada pessoa.
Embora os ovos sejam uma fonte valiosa de nutrientes, consumir 40 ovos por dia é excessivo e não é recomendado como parte de uma dieta equilibrada e saudável. Uma abordagem nutricionalmente adequada deve priorizar a variedade, o equilíbrio e a moderação, atendendo às necessidades individuais de cada pessoa para promover a saúde e o bem-estar a longo prazo”, finaliza Cris Ribas Esperança.
Com Assessorias
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