O Ministério da Saúde anunciou que mais de 1,5 milhão de brasileiros que contemplam o grupo prioritário do Programa de Imunização Nacional (PNI) ainda não compareceram aos pontos de vacinação para tomarem a segunda dose da vacina. São Paulo lidera a lista de estados com as maiores taxas de ausência, contabilizando cerca de 343 mil atrasos, logo depois vem Bahia (148 mil) e Rio de Janeiro (143 mil).
Com esses indicadores e o atraso na vacinação como um todo, em comparação a outros países, o Brasil parece estar cada vez mais distante de um plano de imunização efetivo e o consequente controle da pandemia. Além disso, a desinformação e falta de medidas restritivas de isolamento ainda são obstáculos para as autoridades científicas.
Euclides Matheucci, diretor científico da DNA Consult, alerta que a vacinação é a forma mais efetiva de conter a disseminação do vírus, somada às normas de restrição e uso de máscara. “Algumas pessoas foram infectadas mais de uma vez pelo coronavírus e a chance disso ocorrer é muito maior com as variantes que circulam pelo país. Os atrasos na segunda dose atrapalham o plano de contenção do vírus, já que a imunização não é eficaz quando se toma apenas uma dose de vacinas que demandam duas aplicações”, explica Matheucci.
Em relação à variante P1, identificada em Manaus, o especialista adverte sobre o seu maior poder de propagação e infecção. “A variante P1 é muito mais infecciosa do que as outras variantes. Ela possui 17 mutações no genoma do vírus, sendo que três dessas mutações estão justamente na proteína Spike, que conecta o vírus à célula humana, facilitando a infecção nas pessoas. Além disso, estudos estão demonstrando que a variante P1 consegue afetar e causar problemas sérios em pessoas mais jovens”, completa.
Um dos grandes problemas no país hoje com essa pandemia que tem atingido níveis descontrolados é que quanto mais pessoas são infectadas, mais o vírus se prolifera e cada vez que o vírus se prolifera dentro de uma célula, ele acumula mutações. Essas mutações podem ser benéficas para o vírus tornando-o mais forte, como no caso da P1. Existe o risco ainda de surgirem mutações que se sobrepõem às vacinas, reinfectando pessoas que já têm anticorpos. Por isso é tão importante acelerar o processo de vacinação”, finaliza Matheucci.