A série britânica Adolescência, disponível na Netflix, reacendeu o debate sobre a comunicação entre pais e filhos. A série explora diversos aspectos da vida de jovens durante a adolescência, período repleto de mudanças emocionais, sociais e físicas. A trama aborda questões familiares, amizades, relacionamentos e os desafios internos enfrentados pelos personagens, tornando-se uma excelente base para discutir temas de saúde mental que afetam os adolescentes.
A adolescência é uma fase complexa, marcada por descobertas, formação de identidade e vulnerabilidades emocionais, especialmente quando vivida sob o olhar constante das redes sociais. A série traz à tona os dilemas dos jovens contemporâneos com uma linguagem sensível e direta; enquanto isso, o Instagram, desde o ano passado, já possui mudanças importantes voltadas ao público menor de 18 anos, com foco em privacidade, segurança e envolvimento dos pais.
As atualizações da rede social da Meta levantam reflexões sobre como os adolescentes estão interagindo com o ambiente digital e quais responsabilidades cabem às famílias, marcas e empresas de tecnologia nesse cenário. As medidas não são isoladas: fazem parte de uma resposta crescente à pressão por ambientes digitais mais seguros, éticos e saudáveis.
Fenômeno nas redes sociais e no streaming, a série tem despertado discussões sobre bullying, violência juvenil e os limites da responsabilidade legal de pais e instituições de ensino. A trama acompanha Jamie, um adolescente acusado de um crime brutal contra uma colega de escola, explorando os impactos sociais e psicológicos do bullying.
Neste Dia Nacional de Combate ao Bullying (7 de abril), o Portal Vida e Ação relança a sua série ‘Adolescentes’ para tratar dos temas que envolvem essa difícil fase de desenvolvimento.
Bullying e assédio moral: violência emocional afeta milhares de estudantes no Brasil
Com um aumento de 67% nos casos de bullying em 2024, vítimas relatam sofrimento e especialistas alertam sobre necessidade urgente de intervenção
O assédio moral nas escolas tem se tornado um problema cada vez mais alarmante no Brasil. Em 2024, os casos dessa violência cresceram 67%, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, com 2.346 denúncias registradas contra 1.399 no ano anterior. Diante desse cenário preocupante, especialistas alertam sobre a necessidade de medidas eficazes para combater esse problema e garantir um ambiente seguro para estudantes.
A série “Adolescência” lança um olhar sensível sobre o universo dos jovens, trazendo à tona temas como a busca por pertencimento, os desafios da autoestima e, principalmente, o impacto do bullying. A produção escancara como pequenas agressões verbais e físicas, muitas vezes banalizadas, podem deixar marcas profundas, um reflexo do que acontece na realidade de muitos jovens.
As pessoas acham que piadas sobre meu corpo são inofensivas, mas isso me machuca mais do que elas imaginam. Cheguei a evitar ir para a escola porque não queria ouvir as mesmas humilhações todos os dias”, relata Kethelyn da Silva, uma jovem de 15 anos que enfrenta essa realidade diariamente e compartilha a dor de ser alvo constante de comentários injuriosos.
O impacto de uma crítica maldosa vai além do ambiente escolar, afetando a autoestima, o rendimento acadêmico e a saúde mental das vítimas. Muitos alunos desenvolvem quadros de ansiedade, depressão e, em casos extremos, chegam a ter pensamentos suicidas. Para a psicopedagoga Gleiciane de Oliveira Maziotti, é fundamental que a escola esteja preparada para identificar e intervir nessas situações.
Precisamos de uma educação mais preparada, que promova o respeito e a empatia. Quando a escola ignora o problema ou trata como algo menor, ela contribui para que a violência continue”, ressalta.
Assim como mostrado na série da Netflix, a construção de um ambiente seguro passa pela conscientização de alunos, professores e responsáveis. “Campanhas educativas, acompanhamento psicológico e a criação de canais de denúncia são estratégias essenciais para combater o problema. Além disso, a participação ativa dos pais na vida escolar e nas redes sociais dos filhos pode ser um fator determinante para identificar mudanças de comportamento que indiquem que algo está errado”, afirma Gleici.
O aumento expressivo das denúncias nos últimos anos mostra que a sociedade está mais atenta ao problema, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que todas as crianças e adolescentes possam estudar sem medo. Criar uma cultura de respeito e acolhimento dentro e fora das escolas não é apenas uma necessidade, mas um compromisso com o futuro de toda uma geração.
Implicações jurídicas para escolas e pais diante de crimes cometidos por menores
No Brasil, algumas leis estabelecem diretrizes para o combate à intimidação sistemática, tornando obrigatória a adoção de medidas preventivas pelas escolas. A negligência no enfrentamento do problema pode gerar responsabilidade civil objetiva para as instituições de ensino. Além disso, o Código Civil prevê que os pais ou responsáveis legais respondam por atos ilícitos cometidos por seus filhos menores.
O advogado Francisco Gomes Jr., presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor), destaca que a prática de bullying é crime no Brasil desde o início de 2024, quando uma lei estabelece multas e detenção para tal conduta. “O bullying praticado em ambiente escolar é de maior gravidade, causando aumento de até 50% na pena.
Menores de 18 anos não respondem criminalmente, mas estão sujeitos a medidas socioeducativas como internação ou prestação de serviços para a comunidade. Além disso, as famílias podem ser acionadas civilmente se o menor cometeu bullying e serão obrigados a indenizar prejuízos materiais e morais para a vítima”, explica.
A série tem despertado reflexões sobre a influência das redes sociais e subculturas digitais na radicalização de jovens, levantando questionamentos sobre o acesso de adolescentes a redes sociais e a necessidade de políticas públicas eficazes para a prevenção do bullying e da violência nas escolas.
A Austrália, por exemplo, já aprovou lei proibindo menores de 16 anos de acessarem redes sociais e países europeus estudam medidas semelhantes. “Não podemos ser omissos em permitir o livre acesso a adolescentes ainda em formação, sob o risco de não controlarmos reações comportamentais que tais meios geram, como mostra a série”, conclui o advogado.
Agenda Positiva
Debate sobre a série ‘Adolescência’ na Casa do Saber
Em meio à repercussão da série da Netflix, nesta terça-feira (8), às 19h30, a Casa do Saber promove um evento gratuito para discutir cultura de ódio entre jovens, redes sociais, misoginia, intolerância, extremismo, limites familiares, papel da escola, entre outros. Os interessados em participar da aula podem se inscrever gratuitamente pelo site.
Como sociedade, a gente precisa de soluções concretas e coletivas. Regulação urgente das mídias, as escolas promovendo encontros com especialistas e famílias, psicólogos e psiquiatras mais conectados com a rotina escolar. E, claro, educação socioemocional para ajudar os alunos a lidarem com tudo isso”, destaca a educadora Antônia Burke.
Diretora de Educação da VOZ Futura, ela é uma das convidadas da masterclass online que irá debater as reflexões provocadas pela obra, ao lado da psicanalista Marielle Kellerman, e apresentadora do podcast Lá Fora, e da também psicanalista e socióloga Ingrid Gerolimich.
Com Assessorias
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