A cada hora são diagnosticados quase cinco casos e duas pessoas morrem de câncer colorretal, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) – 41.010 casos em 2021/19.603 óbitos em 2018*. Essa incidência de casos representa um aumento de mais de 12% em relação ao índice anterior, de 2019.

O câncer colorretal é o segundo tipo de tumor mais frequente no nosso país e o terceiro em número de mortes. Características brasileiras que têm aumentado nos últimos anos, como sobrepeso e alimentação rica em alimentos processados e carne vermelha, são alguns dos fatores de risco.

Devido a esse panorama, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) abraça o Março AzulMarinho, campanha mundial para prevenção desse tumor, visto que em 27 de março celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino.

Se a tendência nos últimos anos da doença tem sido de aumento, 2021 tem um fator mais preocupante, que é o impacto da pandemia no diagnóstico dos diversos tipos de câncer. Estudo realizado pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein* avaliou o impacto da pandemia da Covid-19 no tratamento e diagnóstico de casos de câncer.

Foram analisados dados extraídos de prontuários eletrônicos para comparar os volumes de pacientes em um centro oncológico nos períodos de março a maio de 2019 e março a maio de 2020. Na comparação entre os dois períodos houve 45% de cancelamentos de consultas e queda nos seguintes itens: 56,2% de novas visitas; 27,5% no número de pacientes submetidos a tratamento sistêmico intravenoso; e 57,4% no início de novos tratamentos.

“No geral, podemos destacar que houve uma diminuição significativa no número de pacientes submetidos a tratamento de câncer após a pandemia. Embora isso possa ser parcialmente superado por opções terapêuticas alternativas, como drogas antineoplásicas orais, pode ter havido impacto significante nos resultados clínicos como início tardio do tratamento do câncer”, afirma Sérgio Eduardo Alonso Araujo, líder da equipe que conduziu o estudo no Einstein, membro titular e presidente eleito da SBCP

No caso específico do câncer colorretal, para os pacientes menos sintomáticos ou com tumores em estágio inicial, atrasos de 30 dias ou um pouco mais possivelmente não pioram o prognóstico. “No entanto, para pacientes sintomáticos ou com algum grau de desnutrição secundária à doença ou para aqueles com a doença já disseminada, o atraso no tratamento é catastrófico”, explica.

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Diagnóstico precoce

A SBCP ressalta que o câncer colorretal é um dos poucos tipos de tumor que podem ser prevenidos. Cerca de 90% dos casos originam de um pólipo, que é uma lesão causada pelo crescimento anormal da mucosa do intestino grosso. Inicialmente são pequenos e benignos, mas podem crescer e se tornarem malignos. Daí a importância de serem removidos por meio da colonoscopia, exame de imagem realizado sob anestesia com um aparelho flexível introduzido no ânus até o intestino.

A recomendação geral é que a primeira colonoscopia seja realizada aos 50 anos, mas quando há histórico de tumor intestinal na família, o rastreamento deve ser iniciado antes, de acordo com indicação do coloproctologista.

O exame de sangue oculto nas fezes, mais barato e acessível à população, também é uma ferramenta que pode auxiliar no diagnóstico. Ele detecta a presença de sangue não visível a olho nu nas fezes e, caso seja encontrado sangue na amostra, a recomendação é realizar uma colonoscopia para investigação.

Fatores de risco

O tumor intestinal está relacionado a fatores de risco como:

– Histórico familiar de câncer;

– Sobrepeso/obesidade;

– Idade igual ou superior a 50 anos;

– Dieta com excesso de alimentos processados e carne vermelha;

– Tabagismo;

– Ingestão de bebidas alcoólicas em demasia;

– Doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn.

 

Sintomas

Entre os sintomas do câncer colorretal estão:

– Sangue nas fezes;

– Alterações dos hábitos intestinais (diarreia ou prisão de ventre persistente);

– Desconforto abdominal;

– Cólica;

– Dor na região anal;

– Fraqueza;

– Anemia;

– Emagrecimento repentino.

Ao notar qualquer um desses sintomas, a recomendação é buscar um coloproctologista para diagnóstico e tratamento adequado.

 

Prevenção

A prevenção do câncer colorretal está muitas vezes associada a hábitos de vida, por isso são recomendados:

– Praticar exercícios físicos regularmente;

– Manter o peso sob controle;

– Não fumar;

– Não consumir bebidas alcoólicas em excesso;

– Ter uma alimentação rica em verduras, frutas, legumes, farelos e cereais integrais;

– Beber cerca de 2 litros de água por dia;

– Evitar o consumo excessivo de carne vermelha e alimentos ultraprocessados e embutidos como salsicha, peito de peru, linguiça, salame e presunto.

Tratamento

Atualmente as opções de tratamentos para o câncer colorretal estão cada vez mais modernas e efetivas, aumentando as chances de cura. Tumores pequenos podem ser retirados por colonoscopia ou resseções locais. Já os maiores e em estados avançados contam com opções cirúrgicas, como laparoscopia, robótica ou cirurgias abertas, disponíveis no SUS. Há ainda opções auxiliares de tratamento, como radioterapia e quimioterapia.

Agenda Positiva

Especialistas da SBCP participarão de lives no perfil para leigos da entidade no Instagram (@portaldacoloproctologia) para esclarecer a população. Os encontros acontecem nos dias 16, com os Drs. Carmen Manzione Nadal e Paulo Maurício Chagas Bruno falando sobre “Como saber se posso ter câncer de intestino? – fatores de risco e prevenção”, e 29, com as Dras. Lucia Câmara e Shirlane Frutuoso abordando “Sintomas e tratamentos para o câncer de intestino”.

 

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