A perda auditiva é uma das deficiências mais comuns na população brasileira. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a surdez já atinge 500 milhões de pessoas no mundo; e até 2050, a estimativa é acometer 1 bilhão. No Brasil, são 5,8 milhões de brasileiros acometidos pela perda auditiva.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Otologia, de cada mil crianças nascidas no país, três a cinco já nascem com deficiência auditiva. Além disso, a surdez pode ser adquirida ao longo da vida, infelizmente. Pelo menos 800 milhões de pessoas sofrem alguma perda auditiva no mundo, entre as quais mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Neste cenário, o Dia Nacional de Prevenção a Surdez (10 de novembro) tem como meta alertar a população sobre a prevenção e combate a surdez, conscientizando as pessoas sobre a importância de manter cuidados diários com a audição. As doenças auditivas podem ocorrer em decorrência de fatores genéticos, envelhecimento, traumas e, também, por maus hábitos, como som alto em excesso. Apesar de poucos casos registrados, a Covid-19 afetou a perda auditiva temporária ou definitiva de alguns pacientes.

Para Osmar Person, coordenador da Comissão de Residência Médica da Universidade Santo Amaro (Unisa), alertar a população sobre a prevenção da surdez é muito importante. “Um descuido durante a higienização dos ouvidos pode até mesmo perfurar o tímpano”, alerta o especialista. Em casos de sintomas como zumbidos, dificuldade para ouvir ou até mesmo necessidade de aumentar o volume do rádio ou da televisão é recomendado buscar a orientação de um otorrino que poderá avaliar e indicar o tratamento mais adequado.

Alexandre Colombini, médico otorrinolaringologista, ressalta que todo o sintoma que impossibilita a pessoa de escutar direito é considerado surdez ( pode ser total ou parcial). Essa doença pode começar desde o ventre materno com com problemas de má-formação na orelha interna do bebê ou com problemas de infecção gestacional, por exemplo, que também pode comprometer essa audição.

É fundamental que o paciente procure um especialista na área caso pare de escutar, pois quanto mais cedo tratar melhores serão os resultados.  Entre o diagnóstico, pode ser desde um cerumin (rolha de cera) que está atrapalhando a audição até uma perda induzida por ruídos excessivos ou induzida por medicações fortes, tumores, acidentes ou traumas”, explica.

O que pode causar surdez

De acordo com o Ministério da Saúde, a perda ou diminuição da capacidade de ouvir pode ser causada por uma série de fatores: otites mal curadas ou de repetição; uso de remédios ototóxicos – prejudicais à audição; problemas no tímpano, tumores, envelhecimento, frequentar ou trabalhar em locais barulhentos; uso contínuo de fones de ouvido em volume alto; hereditariedade, entre outros fatores.

Para evitar a deficiência auditiva, é preciso ter em mente alguns cuidados com a audição, assim como fazemos com o restante de nosso corpo. Achar que surdez é uma preocupação somente na terceira idade é ideia ultrapassada. Apesar do distúrbio ser frequente em idosos devido à degeneração das células sensoriais da audição ou do nervo auditivo, a perda auditiva também pode atingir crianças, adolescentes e adultos; e isso já vem ocorrendo em escala cada vez maior por causa da ‘overdose’ sonora que nos rodeia.

Sempre que sentirem uma diminuição na audição ou zumbido – o que pode ser o primeiro sinal de perda auditiva -, as pessoas devem buscar a orientação de um médico otorrinolaringologista. É preciso investigar as causas e tomar providências imediatas para evitar o agravamento do quadro. Se for constatada perda auditiva, uma das opções de tratamento é com o uso de aparelhos auditivos”, explica a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.

Dicas para evitar a perda de audição precoce

A boa notícia é que podemos tomar precauções para evitar a perda de audição precoce. Existem várias formas de prevenção. A fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex, que é especialista em audiologia, dá várias orientações.

• Em casa, modere o som da TV e de aparelhos sonoros (em volume de até 60 decibéis);

• Não ligue a TV, rádio, máquina de lavar, liquidificador e outros eletrônicos ao mesmo tempo;

• Evite o som muito alto no carro e circule com os vidros fechados para evitar os ruídos externos;

• Não deixe seus ouvidos se costumarem ao som alto, nem em casa, nem no carro, nem no trabalho. Preste atenção e proteja-se;

• Cuidado com a música alta nas academias. O barulho pode chegar a 110 decibéis. Proteger a audição também é cuidar do corpo;

• Evite permanecer por longos períodos em ambientes fechados com música alta ou ruídos em excesso;

• Em festas, shows ou micaretas, fique longe das caixas de som. Se houver zumbido nos ouvidos é sinal de alerta que deve ser investigado;

• Use protetores auditivos em você e, principalmente, nas crianças, quando estiver em locais muito barulhentos;

• Dê um descanso aos ouvidos. Mantenha-se em silêncio sempre que possível, principalmente depois de dias agitados. A prática traz uma série de benefícios, inclusive para a audição;

• Crianças, adolescentes e adultos que usam fones de ouvido com frequência correm maior risco de perda auditiva, principalmente ao ouvirem música em volume elevado e por horas seguidas. O limite máximo é de 85 decibéis por 45 minutos;

• Cuidado com objetos pontiagudos ou cotonetes na região da orelha. Eles podem empurrar a cera para o tímpano e até perfurar a membrana timpânica, afetando a audição;

• Cuidado com gripes, otites e sinusites mal curadas. Infecções frequentes ou que não foram devidamente tratadas podem causar danos à audição;

• Cuidado com medicamentos que podem causar danos à audição, como anti-inflamatórios e até aspirina, que tomados em excesso podem levar à perda auditiva;

• No ambiente de trabalho, não esqueça de utilizar protetores auriculares sempre que exposto a ruídos elevados;

• Atenção motoqueiros! Motocicletas, principalmente as de média e altas cilindradas, emitem ruídos em torno ou acima de 95 decibéis, o que é prejudicial à audição;

• Quem tem mãe e/ou pai com problemas auditivos deve procurar um especialista com antecedência. Em muitos casos, a perda de audição é fator genético;

• Faça o teste da orelhinha no bebê logo após o seu nascimento, mas avalie novamente a audição na época da alfabetização. Criança que não ouve bem tem dificuldades na aprendizagem.

Prevenção é a palavra-chave para cuidar da saúde auditiva

1- Nunca manipule o seu ouvido com haste flexível, com grampo de caneta, pois pode levar a traumas no tímpano e ouvido que pode causar perda da audição;

2- Automedicação sem orientação médica ou receita caseira como azeite quente;

3- Evitar ficar próximo de caixas de sim e moderação no uso de fones de  ouvidos sempre com o volume até a altura indicada. 

4- Para garotada uma alerta e cuidado com o som auto no carro e lugares fechados ( que não vaza). Acima de 85 decibéis ainda são piores.

5- Após o nascimento do bebê faça o teste da orelhinha e fique atento na fase da alfabetização da criança.

6- Atenção às doenças do ouvido, como as otites; qualquer sensação incômoda, procure logo um otorrinolaringologista.

7- Assoe o nariz, de forma suave, duas vezes por dia. A medida evita a entrada de secreções que podem causar perda auditiva, dor, pressão nos ouvidos e zumbido.

8- SOS alimentação saudável ajuda na audição, sabia?  Em um estudo realizado foi evidenciado a associação de alto consumo de carboidratos a maior predisposição de desenvolvimento de perda auditiva relacionada a idade (2). 

9- Já atividades físicas regularmente aliadas a uma alimentação saudável diminui o risco de perda auditiva. Um estudo realizado em Boston mostrou que um Índice de Massa Corporal maior (IMC maior ou igual a 25) e maior circunferência da cintura estão relacionados com um aumento do risco de perda auditiva. Essa pesquisa realizada com mulheres mostrou que as que caminhavam por duas ou mais horas por semana tinham menor probabilidade de sofrer perda auditiva.

Novembro Laranja, pela conscientização do zumbido

Apesar de muito conhecido pela campanha de saúde do homem – Novembro Azul -, o penúltimo mês do ano também é marcado por outras duas datas relacionadas à saúde auditiva: Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez (10) e Dia Nacional de Conscientização do Zumbido (11). Devido às datas, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES) adere às campanhas com objetivo de conscientizar a população sobre os crescentes números relacionados à surdez em todo o planeta.

Um estudo conjunto feito pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda, em 2019, revela a existência de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. A surdez atinge 54% de homens e 46% de mulheres, com predominância de 57% na faixa de 60 anos de idade ou mais. Apenas 9% dessas pessoas nasceram com essa condição, e 91% adquiriram ao longo da vida. A metade foi antes dos 50 anos.

Entre os que apresentam deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos. Do total pesquisado, 87% não usam aparelhos auditivos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 500 milhões de surdos no mundo e, até 2050, haverá pelo menos 1 bilhão em todo o planeta. Por essas razões, as entidades médicas e os especialistas consideram a campanha como essencial para o diagnóstico da condição.

A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 5 de setembro com 1.500 brasileiros surdos e ouvintes. Nove em cada dez brasileiros afirmaram ser favoráveis aos direitos das pessoas com deficiência. A pesquisa indica que a maior parcela de deficientes auditivos está na Região Sudeste (42%), seguida pelo Nordeste (26%) e Sul (19%). Já as regiões Norte, com 7%, e Centro-Oeste, com 6%, detêm os menores percentuais de surdos.

A médica Aída Regina Monteiro Assunção, chefe do setor de otorrinolaringologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, associa os primeiros sinais do problema à qualidade de vida das pessoas.

“Um dos primeiros sintomas da perda auditiva é o aumento do volume da televisão e a dificuldade para entender o que estão falando. A pessoa começa a perguntar ‘hein’?? ‘O que’? ‘Não ouvi ou não entendi’. Mas existem muitas causas também. A idade, doenças crônicas, exposição a ruído e o uso de medicamentos tóxicos para o ouvido”, analisa Aida Regina.

A médica destaca que é preciso adotar cuidados ao higienizar os ouvidos ao não recomendar a utilização dos tradicionais cotonetes.

“Ouvido não se limpa. Diferente de outras partes do corpo, não se deve introduzir nada no conduto auditivo. Hastes flexíveis provocam mais problema. Elas não limpam o ouvido. Aquelas pessoas que tem uma produção de cerume excessiva devem procurar o otorrinolaringologista para remoção periodicamente”, analisa a médica.

Um dos principais problemas que afetam a saúde auditiva é a exposição dos ouvidos ao volume do som, principalmente quando ele está associado aos fones de ouvido.

“Não existe um fone mais ou menos adequado. A questão dos fones é o volume do som. Para proteção, existem diversos modelos e quem trabalha com ruído de forte intensidade precisa usar os protetores tipo concha, que são mais eficazes. Acredito que a exposição a ruídos e o uso indiscriminado de medicações são algumas das razões para o aumento do número de pessoas com problemas auditivos”, opina a otorrinolaringologista. “É preciso muito cuidado com as atividades de lazer. Festas, shows, cultos. Às vezes o volume do som e o tempo de exposição sem proteção nessas atividades não é valorizado. Podendo ser um fator de perda auditiva e aparecimento de zumbido.

Zumbido é problema para 28 milhões de brasileiros

A Campanha Nacional de conscientização sobre o zumbido é promovida anualmente com objetivo de conscientizar a população sobre a realidade de 28 milhões pessoas que sofrem com o problema no Brasil. Os zumbidos podem aparecer associados a outros sintomas como tontura, intolerância a sons e, principalmente, após a perda auditiva. A percepção dele é diferente para cada pessoa, e os sons relatados de diversos tipos, como apito, chiado, motor, cachoeira, entre outros.

Essa campanha foi criada em 2006 pela Profª Drª Tanit Ganz Sanchez para realizar ações voluntárias de divulgação do assunto durante todo o mês de novembro, período que inclui o Dia Nacional de Conscientização do Zumbido (11). A partir de 2014, a campanha recebeu o apelido de Novembro Laranja, inspirada no Outubro Rosa, e passou a ser promovida também pelo Instituto Ganz Sanchez e pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Perda de audição agrava isolamento do idoso nesta pandemia

Manter o ânimo e a disposição para enfrentar os desafios da vida está mais difícil atualmente por causa da pandemia do coronavírus, principalmente para quem já passou dos 50 anos. Mas, como a música nos lembra, é preciso saber viver, e também envelhecer. Para isso, é essencial procurar se envolver em atividades prazerosas, mesmo dentro de casa. Estar conectado ao mundo, escutar bem os sons das músicas, das conversas, dos programas na TV e até mesmo acompanhar as lives que invadiram as redes sociais. No entanto, tudo isso é muito complicado quando há dificuldades para ouvir.


A surdez não tratada muitas vezes isola o indivíduo de sua família e dos amigos. Pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de Gothenburg, na Suécia, publicada na revista Journal of Personality, comprova que pessoas com surdez têm maiores problemas de relacionamento e convívio social.


Durante o estudo, 400 indivíduos com idades entre 80 e 90 anos foram avaliados durante seis anos. Os pesquisadores analisaram a capacidade mental e física, assim como aspectos da personalidade, como extroversão e estabilidade emocional. Eles verificaram que os idosos ficaram menos extrovertidos com o passar dos anos. E fator determinante, segundo eles, foi a perda auditiva. Os resultados mostraram que perda de audição afeta diretamente a qualidade de vida, em relação a situações sociais.

“Falar sobre deficiência auditiva nunca é fácil, por causa da resistência que as pessoas têm em admitir a dificuldade para ouvir. Mas trazer à tona o problema é a melhor coisa a fazer. Neste sentido, o apoio e o incentivo da família são fundamentais. O tratamento da perda de audição resulta em melhoras significativas na qualidade de vida do idoso”, afirma a Fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.

Alguns indivíduos já experimentam algum grau de perda auditiva a partir dos 40 anos, por causa do processo natural de envelhecimento, que é diferente em cada um. Mas depois dos 65 anos, a perda auditiva, conhecida como presbiacusia, tende a ser mais severa. Por isso, o melhor é procurar um especialista aos primeiros sinais de surdez.

“Uma boa adaptação ao aparelho auditivo e o uso diário são importantes para resgatar os sons do cotidiano e recuperar o bom ânimo. Infelizmente, muitas vezes, quando se procura tratamento, a dificuldade auditiva já é grande. A perda auditiva acontece de maneira lenta e progressiva e, com o decorrer dos anos, a deficiência atinge estágios mais avançados”, explica Vidal.

É importante procurar um médico otorrinolaringologista para receber orientações. Muitas vezes, a indicação é de uso de aparelho auditivo. Caberá então ao fonoaudiólogo recomendar o tipo e o modelo de aparelho que atende às necessidades de cada um. Atualmente, há uma diversidade de modelos de aparelhos, discretos, com design moderno, adequados para diferentes graus de perda auditiva; e o que é melhor, que não afetam a vaidade e elegância. Então, por que não procurar logo uma ajuda?

Com Assessorias

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