Por Carine Lemes*
Em 1992, a Federação Mundial de Saúde Mental instituiu a data de 10 de outubro como o Dia Mundial da Saúde Mental com objetivo de promover a conscientização, educação e apoio aos que sofrem com transtornos mentais. Desde então, ocorreram avanços significativos no campo da Psicologia e Psiquiatria, gerando espaço para discutir abertamente e sem estigma o tema.
Mas o que é mesmo a saúde mental? A Organização Mundial da Saúde (OMS) define este conceito como um “estado de bem-estar em que o indivíduo reconhece as suas próprias habilidades, pode trabalhar com os estresses normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera, e é capaz de contribuir para a sua comunidade”.
Aproximadamente 10% da população mundial sofrem com transtornos mentais, porcentagem que representa mais de 700 milhões de pessoas. De acordo com a OMS, cerca de 12 milhões de pessoas sofrem de depressão no Brasil, sendo a maior taxa da América Latina.
Os problemas começam cada vez mais cedo: 50% dos transtornos mentais têm início antes dos 14 anos. E, infelizmente, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio – a maioria delas, tinha algum transtorno mental.
Cresce a preocupação com a saúde mental no trabalho
Diante dos números preocupantes, a saúde mental não pode ser tratada como uma preocupação isolada. Ela é um eixo estruturante da saúde global dos indivíduos e da sociedade. Por isso, cada vez mais aumenta a preocupação com a saúde mental também no ambiente de trabalho, além de outros setores da vida.
Um estudo realizado pela Vittude mostrou que 33% dos colaboradores avaliados apresentaram algum tipo de transtorno mental em nível severo ou extremamente severo. Dentre as patologias consideradas no estudo estão ansiedade, depressão e estresse.
A pesquisa “Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC) do mercado”, realizada pela Zenklub, que mostra como está o bem-estar emocional em 13 setores no primeiro semestre de 2023, revelou que nenhum dos setores avaliados chegou ao índice mínimo ideal de bem-estar que o estudo exige.
Problemas relacionados à saúde mental no trabalho também impactam os cofres públicos devido à necessidade de licenças médicas. De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho devido a transtornos mentais, incluindo depressão, distúrbios emocionais e Alzheimer.
Esses números evidenciam a crescente necessidade de apoio e cuidado com a saúde mental em nossa sociedade. Além de mais acesso ao tratamento, é preciso tornar as informações sobre o tema mais acessíveis e assim gerar o fortalecimento do papel da sociedade civil por meio de uma atitude empática com os afetados pelas doenças do século XXI.
Daí a importância de campanhas como Setembro Amarelo, que há 8 anos é lembrada no Portal ViDA & Ação com uma série de reportagens. No Brasil, a campanha Janeiro Branco, que chama atenção para esses problemas e também é destacada em nosso site, vem crescendo a cada ano.
Saúde mental é alicerce para uma vida plena, diz especialista
O Dia da Saúde Mental reforça a importância de empresas e pessoas pensarem sobre questões que envolvem a saúde mental em todas as esferas da vida, como destaca a coach, palestrante e diretora da Febracis Paraná, Daniella Kirsten.
“A saúde mental é o alicerce para a construção de uma vida plena. Cuidar dela não é apenas um ato de amor próprio, mas também um investimento em nossa produtividade e felicidade. Pensando nisso, é importante ter ações que possibilitem uma maior conexão entre o bem-estar mental e o sucesso em todos os aspectos da vida”, diz.
Segundo ela, Independentemente do nível de escolaridade, faixa etária, etnia ou região que habita, todos podemos ser afetados quando o assunto é saúde mental. No ambiente de trabalho, a saúde mental desempenha um papel significativo não apenas na produtividade, como também na satisfação dos funcionários e na criação de um ambiente de trabalho saudável.
“Empresas que investem em programas de bem-estar mental para seus funcionários, colhem as vantagens de uma equipe mais engajada e produtiva. Além disso, há um benefício enorme na qualidade de vida das pessoas, algo que deve ser prioridade nas organizações, que devem ter como principal objetivo o desenvolvimento e o bem-estar de seus funcionários”, explica Daniella.
Confira 5 dicas para manter a saúde mental pessoal e profissional:
Daniella Kirsten traz cinco dicas para cuidar melhor da saúde nos relacionamentos pessoais e profissionais. Confira e coloque em prática:
Pratique o autoconhecimento
Entender nossas emoções e aprender a gerenciá-las é fundamental para a saúde mental. Nesse ponto algumas ações práticas podem ajudar como a prática de Mindfulness, a criação de um diário emocional e o autoquestionamento constante.
Use a comunicação a seu favor
Falar abertamente sobre questões de saúde mental ajuda a reduzir o estigma e a buscar apoio quando necessário. Busque praticar a comunicação aberta e honesta com amigos e familiares sobre os seus sentimentos e pensamentos, isso cria um ambiente de apoio e reduz pontos de gatilhos emocionais. Se necessário, busque grupos de apoio onde haja acolhimento de pessoas que enfrentam os mesmos problemas que você. Além disso, esteja à disposição para ajudar quem também precisa de apoio.
Busque o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional
Estabelecer limites e encontrar tempo para atividades que tragam alegria é fundamental para a saúde mental. Estabeleça limites claros entre o seu tempo pessoal e profissional, desligando-se do trabalho em horários determinados. Defina prioridades, identificando o que é mais importante para você em sua vida pessoal e profissional. Concentre-se nessas prioridades e delegue ou elimine tarefas menos significativas. Também é importante reservar um tempo para fazer uma “recarga de energias” como momentos para fazer atividades físicas, hobbies ou simplesmente descansar.
Seja um agente de promoção de ambientes de trabalho saudáveis
As políticas organizacionais em prol da saúde mental ajudam a saúde dos funcionários e da própria empresa. Incentive o seu empregador a promover programas de conscientização, apoie a implementação de políticas de apoio à saúde mental e contribua para a criação de uma cultura de apoio, onde os funcionários se sintam à vontade para discutir questões de saúde mental e procurar ajuda sempre.
Busque apoio profissional
Se você está enfrentando desafios emocionais, não hesite em procurar a ajuda de um profissional, uma vez que essas pessoas são capacitadas para oferecer apoio e orientação.
- *Carine Lemes é estudante universitária, social media, leitora desde criança e criadora de conteúdo de viagem no Instagram @destinosquesonhei. Apaixonada por esportes de aventura, idiomas e aprender novas culturas. Desde o intercâmbio social na Costa Rica em 2020, tem o propósito de viajar o mundo e inspirar outras pessoas a aproveitarem a vida. Atua como estagiária de Jornalismo no Portal ViDA & Ação pela Universidade Cândido Mendes (Ucam).