Usar testosterona sem recomendação médica pode gerar sérios danos à saúde de homens e mulheres. O alerta é de especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), que aproveitam a semana dedicada ao Dia Nacional do Homem (15 de julho), para reforçar a conscientização do uso de esteroides anabolizantes.

Recomendado em tratamentos de reposição hormonal, onde há o diagnóstico de hipogonadismo – quando o organismo não produz a quantidade adequada de hormônios sexuais, como testosterona, por exemplo – o uso inadequado do hormônio pode causar complicações no funcionamento de órgãos como coração e fígado, além de problemas psiquiátricos, infertilidade e câncer.

A cultura do corpo perfeito ocupa tanto espaço na sociedade que já virou, inclusive, prática esportiva. Os bodybuilders – como são chamados – têm rotinas intensas de treinos, dietas rigorosas e um estilo de vida extremamente disciplinado, com acompanhamento de diversos profissionais. O problema é quando a vontade de ter silhuetas bem definidas em corpos sarados burla o próprio organismo com altas doses de esteroides anabolizantes, sem recomendação médica, também chamados de bomba.

“O uso disseminado de testosterona, sem recomendação médica, especialmente por jovens que querem melhorar a aparência física, é alarmante e carece de programas específicos de educação, prevenção, tratamento e reabilitação, especialmente no Brasil”. Dr. Clayton Luiz Dornelles Macedo, Presidente da Comissão Temporária de Endocrinologia do Exercício e Esporte, da SBEM. O médico explica que isso se dá visto a sua grande prevalência, os potenciais danos que essas drogas podem causar ao organismo, a faixa etária jovem de usuários e o mercado clandestino envolvido.

Sobre o projeto Bomba: Tô Fora

O projeto Bomba: Tô Fora é um programa educacional de prevenção ao uso de esteroides anabolizantes e similares. Para tanto, ele fornece ferramentas de informação sobre os malefícios decorrentes da utilização dessas drogas. A proposta também é desenvolver centros de assistência interdisciplinar aos usuários de esteroides e anabolizantes no Brasil.

Os dois primeiros ambulatórios serão na Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo e no Ceclin – Medicina do Esporte da Universidade de Caxias do Sul. A ideia é abordar o tema de forma ampla, buscando reduzir o uso deste tipo de substância. Além disso, esclarecer a população e usuários, e atendê-los adequadamente, dando suporte para sua reabilitação.

Dr. Clayton ressalta a importância do envolvimento de toda a sociedade médica na questão e destaca a participação da SBEM Nacional na campanha. “A SBEM, unida com outras instituições, está junto nesta causa. Os endocrinologistas são extremamente sensibilizados e preocupados com a má prática de prescrição dessas substâncias de forma não ética e estão engajados na mobilização.

A iniciativa tem ainda o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Traumatologia do Esporte (SBRATE). “O Conselho Federal de Medicina também deferiu o pedido de apoio. Juntos vamos mostrar que os danos são maiores do que os ganhos”, alerta o médico.

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