De acordo com dados levantados pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Nacional (SBACV), no período de janeiro de 2012 a maio de 2022, mais de 425 mil brasileiros foram hospitalizados para tratamento de trombose. Contudo, é importante ressaltar que muito provavelmente esta estatística é subestimada, e pode representar apenas a ponta do iceberg, e que talvez o número real de casos pode ser significativamente maior.

O principal desafio é a busca de dados epidemiológicos confiáveis, de pacientes internados, sobretudo na rede pública. Existe dificuldade em identificar os pacientes com a doença no banco de dados DATA-SUS. Isso pode resultar na subnotificação de casos de tromboembolismo, especialmente durante o período de internação, quando o risco da doença é maior.

Esta lacuna na coleta de dados pode ser responsável pela aparente baixa incidência de casos relatados no Brasil, quando comparados com os Estados Unidos e outros países da Europa, onde considerando-se as diferenças populacionais, as taxas de internações por trombose e embolia pulmonar chegam a ser seis vezes maiores.

O assunto ganha destaque neste Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, celebrado em 16 de setembro. A data é dedicada à conscientização sobre essa condição de saúde séria, muitas vezes silenciosa, que envolve a formação de coágulos sanguíneos. Esses coágulos podem desencadear complicações graves, como embolia pulmonar, que por sua vez pode levar ao óbito.

Subnotificação: uma questão de saúde pública

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Fabio Rossi, esta é uma questão de saúde pública e, junto a autoridades da saúde, a entidade está empenhada em um projeto para tornar compulsória a notificação de casos internados de tromboembolismo venoso no Brasil.

Também para combater a subnotificação e garantir que medidas eficazes sejam tomadas para prevenir a trombose e suas potenciais complicações graves, a SBACV-SP está promovendo uma série de eventos científicos e sociais com o objetivo de conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre os fatores de risco, e os sinais e sintomas, e a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento imediato dessa doença.

É importante compreender as situações de risco e, igualmente importante, a necessidade de um diagnóstico imediato e preciso para garantir uma resposta eficaz na prevenção e tratamento da trombose

“É de extrema importância que tanto a população em geral quanto os órgãos de saúde estejam plenamente conscientes dos perigos associados à trombose, principalmente o seu potencial de desencadear uma embolia pulmonar, uma condição gravíssima que, quando não tratada a tempo, pode resultar em óbito”, reforça o Dr. Fabio Rossi.

Segundo ele, a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da trombose desempenham um papel crucial na preservação da vida e da saúde de indivíduos em todo o mundo. “Portanto, é fundamental promover a educação e a conscientização contínuas sobre os riscos e os sinais de alerta da trombose, incentivando a busca de atendimento médico imediato diante de qualquer suspeita, e investir em esforços conjuntos para combater essa grave ameaça à saúde pública”.

Falta de informação e de diagnóstico: obstáculos para combater a doença

Somente no Brasil, a trombose atinge cerca de 180 mil pessoas por ano, segundo dados da SBACV. No mundo todo, estima-se que esse número seja de 10 milhões. Apesar de ser uma doença prevenível,  muitos são hospitalizados em decorrência do tromboembolismo venoso. A enfermidade pode acarretar diversas complicações e até levar à morte se não tratada adequadamente. Mas a doença pode ser evitada com detecção e tratamento precoces. Por isso, é importante atuar na prevenção.

trombose venosa profunda, uma condição caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) nas veias, é uma enfermidade silenciosa, então nem sempre apresenta sintomas. Em alguns casos, os sinais são dor nos membros inferiores, inchaço e aumento da temperatura nas pernas.

“A trombose venosa profunda pode levar a uma série de condições médicas potencialmente fatais, incluindo embolia pulmonar, se os pacientes não tiverem o cuidado apropriado”, afirma o cirurgião vascular e endovascular Eduardo Ramacciotti, professor da Loyola University Chicago (EUA) e chefe do departamento de Medicina Cardiovascular do Hospital e Maternidade Dr. Cristóvão da Gama.

Por esse motivo, a avaliação médica é essencial para checar a predisposição à trombose ou seu desenvolvimento, a fim de determinar medidas profiláticas para prevenção ou a melhor abordagem terapêutica para combater a doença. O diagnóstico preciso e o tratamento eficaz são fundamentais para evitar a sua progressão.

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O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose foi oficialmente instituído no Brasil a partir de 2012, com a criação da Lei nº 12.629/2.012, com o objetivo de ampliar a conscientização sobre a doença, reduzir o número de casos não diagnosticados, além de incrementar medidas para a prevenção baseada em evidências.

A data também pretende incentivar sistemas de cuidados de saúde de forma a criar estratégias para garantir “melhores práticas” para a prevenção, diagnóstico e tratamento e incrementar os recursos adequados para estas ações e o apoio à pesquisa para reduzir a carga da doença trombótica.​

A enfermidade ocorre quando há formação de um trombo (sangue coagulado no interior de um vaso), que pode surgir em uma artéria ou veia. “Em alguns casos, a trombose pode levar a complicações, como embolia pulmonar (quando o trombo vai parar no pulmão) ou amputação do membro. Um diagnóstico e tratamento precoce evitam tais complicações”, explica o cirurgião vascular do CEMA, Carlos Hugo Guillaux.

“A trombose venosa acontece quando há formação de coágulo sanguíneo em uma ou mais veias. O coágulo bloqueia o fluxo de sangue, causando dor ou edema na região. Caso esse coágulo se desprenda e se movimente na corrente sanguínea, ocorre a embolia, que pode levar a lesões graves e fatais. Por isso é tão importante trabalhar na prevenção da doença”, explica Marcelo Zanoni, médico especialista em cirurgia vascular, endovascular e ecografia vascular.

Conheça os tipos de trombose

Trombose Venosa – Tipo mais comum, ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia. As veias são os vasos responsáveis por trazer o sangue de volta dos tecidos para o coração. Existem dois subtipos de trombose venosa:

Trombose Venosa Profunda – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia profunda do corpo, sendo os membros inferiores os mais afetados. Pode ocorrer em pacientes acamados ou com pouca mobilidade muscular dos membros inferiores, após cirurgias ortopédicas, imobilização do membro inferior, uso de anticoncepcional e por predisposições hereditárias;

Tromboflebite (ou flebite) – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia superficial, geralmente no braço ou perna.

Trombose Arterial – Ocorre quando o sangue coagula no interior de uma artéria. As artérias são os vasos que levam o sangue do coração de volta aos tecidos de todo corpo. A causa mais comum, nesse caso, é a aterosclerose.

Grave, trombose arterial pode afetar cérebro e coração

A saúde vascular é essencial para uma vida plena e ativa e para a qualidade de vida de qualquer pessoa. Os problemas de circulação estão entre algumas das doenças mais comuns especialmente para pessoas mais idosas, mas também podem atingir pessoas de idades distintas. Os riscos são maiores em idosos, mas a trombose pode afetar qualquer pessoa, especialmente mulheres.

“Isso porque há o uso de anticoncepcionais sem prescrição médica, que influenciam fatores de coagulação, e a gravidez que causa o aumento de peso e redução de mobilidade, diminuindo o fluxo sanguíneo”, explica o cardiologista Lucas Cirilo, cardiologista da Clínica Censo, localizada em Parauapebas (PA).

A doença pode se manifestar de diferentes formas. Caso ela afete uma veia, é definida como trombose venosa, mas se o coágulo estiver numa artéria, surge a trombose arterial. Apesar do primeiro caso ser mais comum, a trombose arterial apresenta consequências mais graves para saúde. 

“Na maioria das vezes, os sintomas da trombose arterial são o AVC ou o infarto, duas das maiores causas de morte no mundo. Nesse caso, os primeiros sinais já são graves. Isso porque o fluxo sanguíneo direcionado ao cérebro e coração – órgãos vitais – são interrompidos pela obstrução do trombo na artéria. Daí, surge a necessidade de prevenção”, complementa Lucas.

Um dos principais tipos é a trombose venosa profunda, que ocorre quando um trombo (coágulo sanguíneo) se forma dentro de uma veia, principalmente nos membros inferiores, interferindo no fluxo sanguíneo normal.

“Em algumas circunstâncias esse trombo pode se “soltar” da veia ser levado pela circulação até as artérias pulmonares, levando sua obstrução, situação conhecida como embolia pulmonar”, destaca o cirurgião vascular do Hospital Edmundo Vasconcelos, Vinicius Bertoldi.

O médico aponta que entre os principais sintomas da trombose venosa profunda estão o inchaço, dor e sensibilidade na área afetada, vermelhidão ou calor na pele sobre a veia, a aparição de veias dilatadas e visíveis e a sensação de peso ou cansaço nas pernas.

“Caso haja a suspeita de trombose, o ideal é buscar ajuda médica imediatamente. O médico realizará a avaliação dos sintomas, fará exames especializados e determinará o melhor plano de ação”, esclarece.

Segundo ele, alguns tratamentos podem ser feitos de forma individualizada e podem incluir o uso de anticoagulantes para prevenir o crescimento do coágulo e reduzir o risco de complicações, a compressão graduada para melhorar o fluxo sanguíneo e reduzir o inchaço e, em alguns casos, até mesmo procedimentos minimamente invasivos podem ser recomendados para remover ou dissolver o coágulo.

Fique atento aos fatores de risco para a trombose

Outro aspecto importante é a conscientização sobre a doença para identificar fatores de risco e sintomas, aumentando as chances de sucesso nos tratamentos preventivos e terapêuticos. Há três condições que podem levar o sangue a coagular dentro de um vaso. São elas: lesão da parede vascular, alterações no fluxo sanguíneo e na coagulação sanguínea.

A trombose pode acontecer de maneira espontânea, mas geralmente está ligada a fatores de risco que favorecem o seu desenvolvimento, como predisposição genética/ histórico familiar, idade avançada, hospitalizações prolongadas, gestação, pós-parto, pós-cirúrgico, obesidade, uso de contraceptivos e de hormônios, consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo e falta de movimentação, além de doenças crônicas, agudas ou degenerativas como câncer e AVC (Acidente Vascular Cerebral), entre outros.

Algumas pessoas são mais propensas a desenvolver a doença. “Pacientes em pós operatório em grandes cirurgias, lesões musculares graves ou traumas, redução da circulação sanguínea por imobilização prolongada, aumento do hormônio chamado estrogênio, que pode ser causado por uso de pílulas anticoncepcionais, gravidez e uso de testosterona exógena. Além de algumas doenças crônicas, como as cardiovasculares, pulmonares e câncer, obesidade, história prévia ou familiar de trombose e idade avançada”.

“No caso da trombose venosa, existem alguns fatores de risco, como imobilidade prolongada causada por internação hospitalar, viagens longas, imobilização por fraturas, pacientes acamados ou repouso após cirurgias; predisposição genética, idade avançada, obesidade, gravidez, câncer, tabagismo, quimioterapia, uso de hormônios e varizes. Quanto maior o número desses fatores, maior é a chance de o paciente desenvolver esse tipo de trombose”, explica o médico.

Já a trombose arterial, na maioria das vezes, ocorre ante um processo de aterosclerose arterial, que é a formação de placas de gordura e cálcio na parede da artéria. Entre os fatores de risco para esse tipo de trombose estão o tabagismo, diabetes, hipertensão, colesterol alto, sedentarismo, obesidade, histórico familiar e idade avançada.

Segundo a SBACV-SP, é fundamental estar atento aos perigos da doença em várias situações, especialmente quando se apresentam fatores de risco. Além do período pós-operatório, nas internações hospitalares, é importante ficar vigilante nas seguintes circunstâncias:

Longos Períodos de Imobilidade: Ficar sentado ou deitado por longos períodos, como durante viagens de avião ou repouso prolongado devido a uma lesão, pode aumentar o risco de trombose.

Histórico Familiar: Pessoas com histórico familiar de trombose têm maior probabilidade de desenvolver a condição.

Idade e Sexo: A trombose pode afetar pessoas de todas as idades, mas o risco aumenta com o envelhecimento. As mulheres que usam contraceptivos hormonais ou estão grávidas também podem estar mais suscetíveis.

Obesidade e Doenças Crônicas: Doenças como diabetes e hipertensão, assim como a obesidade, podem aumentar o risco de trombose.

Uso de anticoncepcionais e tabagismo: as duas situações, sobretudo quando associadas, aumentam muito o risco de trombose.

Para aqueles que estão prestes a passar por um procedimento cirúrgico, é essencial estarem atentos e tomar medidas preventivas:

Converse com seu Médico: Antes da cirurgia, discuta com seu médico os riscos de trombose associados ao procedimento e quais medidas serão tomadas para prevenir a condição.

Movimente-se Regularmente: Durante o período de recuperação após a cirurgia, faça exercícios de movimentação das pernas, sempre seguindo as orientações médicas.

Use Meias de Compressão: Se recomendado pelo seu médico, o uso de meias de compressão pode ajudar a manter o fluxo sanguíneo adequado nas pernas.

Mantenha-se Hidratado: Beber água suficiente é importante para evitar a viscosidade do sangue, que pode contribuir para a formação de coágulos.

Evite Fumar e Álcool: Fumar e consumir álcool em excesso podem aumentar o risco de trombose, por isso, evite esses hábitos durante o período de recuperação.

A SBACV-SP tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).

Fatores de risco para desenvolver Trombose Venosa Profunda:

– Idade;
– Uso de medicações, como contraceptivos orais, quimioterápicos e tratamentos hormonais;
– Obesidade;
– Presença de varizes nas pernas;
– Gravidez;
– Pós-parto;
– Tabagismo;
– Câncer;
– AVC (Acidente Vascular Cerebral);
– Traumatismos, principalmente nas extremidades inferiores (risco de TVP por volta de 70%);
– Doenças crônicas, como insuficiência cardíaca e doenças pulmonares crônicas;
– Doenças agudas, como infarto do miocárdio, e infecções, como pneumonia;
– Fraturas ósseas.

Saiba mais

Quais são os sintomas de trombose?

É importante sempre estar atento ao seu corpo e consultar um médico regularmente para o diagnóstico e tratamento necessário. Os sintomas mais comuns da trombose são edema e dor no local afetado.

A trombo embolia pulmonar exige ainda mais atenção, pois nela pode haver dor no peito e falta de ar. Já a trombose nas pernas costuma causar dor nas panturrilhas, que podem se espalhar para o pé e tornozelo, ocasionando inchaço, sensação de peso e calor nas pernas, além de vermelhidão na região.

A trombose venosa, que afeta as veias das pernas, é a mais comum. Para que os pacientes nessas condições fiquem atentos, os sintomas clínicossão dor, inchaço e vermelhidão na região afetada, em sua maioria, nos membros inferiores.

“As manifestações mais comuns são edema (inchaço) em uma das pernas, dor de aparecimento súbito, dificuldade para andar, musculatura da panturrilha endurecida e, em casos de embolia pulmonar, dor no peito e falta de ar. Se você desenvolve um desses sintomas, é importante procurar atendimento médico o mais rápido possível”, destaca o cirurgião vascular e endovascular Fábio Cypreste..

Já quando consideramos a trombose do sistema arterial, as manifestações clínicas são decorrentes da falta de irrigação sanguínea no território que deveria ser irrigado pelo vaso acometido, podendo ser, entre outros, um acidente vascular cerebral (AVC) ou um infarto agudo do miocárdio (IAM), ambas condições sérias e potencialmente muito graves. Os principais sintomas na trombose arterial são: dor súbita ao caminhar, alteração da sensibilidade (dormência ou formigamento), alteração de motricidade, diminuição da temperatura, palidez ou cianose (coloração azulada na pele).

Evite a trombose com hábitos saudáveis

Apesar de haver diversos tratamentos minimamente invasivos, o ideal é atuar de forma a se prevenir da doença

Hábitos simples, como beber muita água, manter-se em um peso adequado, praticar atividades físicas e evitar o cigarro são dicas recorrentes para prevenir uma série de doenças. Mas você sabia que é possível com essas mesmas dicas evitar também a trombose?

trombose está relacionada a diversos hábitos e quadros como o sedentarismo, colesterol alto, diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo e histórico familiar. Por isso, a prevenção é fundamental.

Bertoldi explica que mesmo com os tratamentos à disposição, o ideal é atuar de forma preventiva para evitar a trombose.

“Mantenha-se ativo, evite o sedentarismo, hidrate-se adequadamente e mantenha um peso saudável. Se você estiver em um grupo de risco, converse com um médico sobre as medidas específicas de prevenção”, finaliza.

O primeiro passo para reduzir as chances de desenvolver a doença é adotar estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, hidratação adequada, prática de atividades físicas e visitas regulares ao médico. Não ficar muito tempo sentado ou parado em pé e usar meias de compressão também pode ajudar a diminuir a ocorrência de trombos nos membros inferiores.

Fábio Cypreste diz que é possível evitar a trombose com uma vida saudável. “A prevenção é feita através de alimentação saudável, evitar o tabagismo, realizar atividade física regular, manter-se no peso ideal e realizar check up vascular regularmente”, afirma ele, citando ainda as precauções em outros casos.

“Utilizamos escalas de risco para o desenvolvimento da trombose em pacientes que estão internados ou vão ser submetidos a algum procedimento cirúrgico e assim passamos anticoagulantes em dose preventiva, além do uso de meias elásticas e bombas de compressão pneumática”, detalha.

As principais recomendações são:

• Procure um especialista para saber se você pertence ao grupo de risco e adote as medidas preventivas recomendadas pelo profissional;

• Pare de fumar. O cigarro provocam lesões nas veias e artérias;

• Restrinja o consumo de bebidas alcoólicas;

• Faça exercícios regulares. Os sintomas podem ser atenuados se você praticar caminhadas, por exemplo;

• Se você trabalha muitas horas sentado, ande sempre que possível. Levante-se para tomar água, ir ao banheiro;

• Use meias elásticas, especialmente se você tem varizes;

• Não faça automedicação. Procure assistência médica mediante algum sintoma.

5 dicas para evitar a trombose

Para evitar a trombose é importante cuidar bem da sua saúde. Confira abaixo cinco dicas para incluir na sua rotina e auxiliar na prevenção da doença:

  • Hidrate-se: Beba de 1,5 a 2 litros por dia de água. Além de manter a pele hidratada, o organismo fica mais saudável.
  • Evite ficar muito tempo sentado: ao ficar muito tempo na mesma posição, a circulação sanguínea fica prejudicada. Por isso, levante e faça caminhadas, mesmo que em um pequeno espaço.
  • Meias de compressão: o uso das meias de compressão é recomendado pois elas aliviam dores e inchaços. A terapia de compressão atua como uma camada muscular que pressiona suavemente as paredes das veias, ao mesmo tempo em que permite o fechamento das válvulas, fazendo com que o fluxo de sangue volte para o seu estado normal. Existem diversos modelos de meias de compressão no mercado e seu uso pode ser preventivo.
  • Pratique exercícios: praticar atividades físicas é importante e auxilia muito na saúde, reduzindo o estresse, aumentando a sensação de bem-estar, melhorando a qualidade do sono e reduzindo as dores no corpo.
  • Evite o consumo de álcool, cigarro e comidas gordurosas: é fundamental evitar o consumo de álcool e tabaco em excesso. Isso vale também para alimentos gordurosos e salgados, que contribuem para a retenção de líquidos, o que pode potencializar inchaços nas pernas.

Milhões de vidas perdidas e bilhões de dólares gastos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma meta global para reduzir em 25% o número de mortes prematuras por doenças não infecciosas até 2025. Para isso é fundamental focar em medidas para redução da trombose, bem como no esclarecimento à população das suas causas e principalmente prevenção.

A trombose é caracterizada pelo desenvolvimento de um coágulo (trombo) dentro de um vaso sanguíneo. Isso causa o entupimento do vaso e dificulta o retorno venoso ao coração.

A doença acomete principalmente as veias das pernas (trombose venosa profunda) e pulmões (embolia pulmonar). O “peso” desses distúrbios é incalculável: milhões de vidas perdidas e bilhões de dólares gastos para tratar e cuidar dos indivíduos acometidos.

Os principais fatores de risco são adquiridos e relacionados a imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, cirurgias, hospitalizações e fraturas. Fatores hereditários também estão envolvidos.

Os sintomas da trombose são: dor, edema (inchaço) unilateral, vermelhidão na pele, cianose (coloração azul arroxeada), dilatação do sistema venoso superficial, aumento da temperatura local, empastamento muscular (rigidez da musculatura da panturrilha) e dor à palpação.

A trombose venosa localizada nas pernas não oferece risco de morte. Entretanto, o coágulo pode se desprender, migrar pela corrente sanguínea e se alojar nos vasos sanguíneos do pulmão – conhecido como embolia pulmonar, que apresenta risco de morte.

Esse coágulo bloqueia a artéria pulmonar, restringindo o fluxo de sangue nos pulmões. Os sintomas da embolia pulmonar são mais nítidos e o atendimento deve ser feito imediatamente: dor no peito, falta de ar, tosse repentina (com possibilidade de expectorar sangue), sudorese e tontura, entre outros.

Quem teve Covid segue com mais chances de ter trombose

Um estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) ano passado afirma que a Covid-19 aumenta o risco de desenvolver coágulos sanguíneos graves até seis meses depois do contágio. A pesquisa, realizada por uma equipe de especialistas da Suécia, revela que existe um risco maior de trombose venosa profunda até três meses após a infecção por Covid-19.

Segundo os pesquisadores, uma embolia pulmonar pode ocorrer até seis meses após o contágio e um evento hemorrágico até dois meses depois. A possibilidade aumenta em pacientes com comorbidades ou que desenvolveram uma forma severa da Covid-19. O estudo também aponta que houve mais casos de trombose durante a primeira onda da pandemia do que na segunda e terceira.

O cirurgião vascular e endovascular Fábio Augusto Cypreste Oliveira, que atende em Goiânia, percebe o resultado desse estudo no seu dia a dia e explica que a Covid-19 passou a ser um fator de risco para a trombose.

“Hoje sabemos que a Covid é uma doença infectocontagiosa que altera o estado normal de coagulação, podendo levar a trombose. Na prática clínica diária observamos que os pacientes com Covid tem em média quatro vezes mais chance de desenvolver trombose venosa e cerca de 17 vezes mais chances de desenvolver embolia pulmonar, principalmente em pacientes com estágio grave e internados”.

Segundo ele, os fatores são múltiplos e ainda estão em estudos, mas sabemos que os pacientes com Covid também podem ter outros fatores de risco para o desenvolvimento da trombose, tais como: internação prolongada, idade avançada, tabagismo, uso de hormônios e tratamento para câncer. “Essa associação é determinante para o desenvolvimento dessa doença circulatória”, detalha o médico.

Leia mais – Trombose x Covid

Existe tratamento para trombose?

Sim, a trombose tem cura e seu tratamento consiste em barrar o aumento do coágulo, remover o trombo e prevenir a embolia ou danos definitivos nas válvulas venosas. Em geral, o tratamento é realizado com substâncias anticoagulantes que dificultam a formação e crescimento do trombo, impossibilitando o avanço da obstrução das veias e a piora da doença.

O tempo de tratamento varia de acordo com a gravidade do caso. Por isso, é importante consultar um médico para tratar a trombose desde os primeiros sinais, prevenindo assim o agravamento da doença. O tratamento da trombose venosa profunda visa facilitar e dissolver esse coágulo, evitar a progressão da doença e diminuir os riscos de ele se soltar e causar embolia pulmonar, que pode ser fatal.

“Os anticoagulantes são os medicamentos mais utilizados, nesse caso. Meias elásticas são indicadas para melhorar os sintomas e diminuir as chances de síndrome pós-trombótica. Elas auxiliam a diminuir a dor e inchaço nas pernas”, detalha o cirurgião vascular.

Para alívio da dor o médico pode prescrever analgésicos; em alguns casos são recomendados anticoagulantes. Já a trombose arterial vai ser tratada a depender da gravidade do caso.

  1. “Pode variar desde um tratamento clínico até cirurgias complexas, que podem ser feitas por via endovascular ou aberta, como pontes de safena e uso de próteses sintéticas. Em casos avançados a trombose pode inviabilizar o membro pela falta de oxigenação para os tecidos, nesse caso a cirurgia de amputação é a única escolha possível, para poder salvar a vida do paciente”, explica o médico do Hospital CEMA.

Além do controle da pressão arterial, diabetes e colesterol alto e do peso adequado, é importante praticar atividades físicas regularmente, evitar o cigarro, usar meias elásticas (principalmente as pessoas que tiverem varizes), movimentar-se assim que possível, após uma cirurgia, e em viagens longas. Beber bastante água, comer alimentos saudáveis também entram como medidas preventivas importantes.

Fábio Cypreste salienta que o tratamento para trombose não muda, independente de sua causa. “De uma forma geral, o tratamento é o uso de medicamentos anticoagulantes, que podem ser administrados pela veia, de forma subcutânea ou oral. O objetivo é evitar a progressão da trombose e ajudar o organismo a dissolver esses coágulos. Em casos mais graves, a retirada desses coágulos pode ser realizada através de cateterismos, mas é importante identificarmos a causa, de forma a tratá-la e evitar assim a recorrência da trombose”.

“O tratamento da trombose venosa garante mais qualidade de vida aos pacientes. Por exemplo, o uso de biomedicamentos (como a enoxaparina) para prevenção e tratamento da doença tem se mostrado muito eficiente e seguro, com perspectivas muito positivas tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde”, explica Ramacciotti.

Por isso, se o paciente vai fazer cirurgia, tem histórico de trombose, um simples escore de risco (escore de Caprini) pode indicar quais pacientes vão se beneficiar do uso de anticoagulantes para evitar ou eliminar trombos.

prevenção ou o controle efetivo da trombose venosa profunda ainda contribui para a redução de custos com complicações, menos hospitalização e maior giro de leitos para atender pessoas com outras doenças graves ou que passam por cirurgias.

“O uso inteligente e racional dos recursos ajuda a manter o equilíbrio financeiro e possibilita investir mais em novas tecnologias no âmbito assistencial”, finaliza o especialista.

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Alerta para a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide

Conhecida por ser uma séria condição de saúde, a trombose ocorre quando um coagulo sanguíneo se forma e obstrui o fluxo normal do sangue, podendo causar complicações potencialmente fatais, como a embolia pulmonar. O risco deste evento aumenta significativamente quando há um processo inflamatório no corpo, como é o caso de algumas doenças autoimunes sistêmicas.

Entre as enfermidades desta categoria, as mais propensas ao quadro de trombose são: o Lúpus Eritematoso Sistêmico, a Artrite Reumatoide e, a principal delas, a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAF).

“A inflamação generalizada que acontece nestas doenças deixa o corpo em um estado pró-trombótico, isto é, propenso a tromboses. Já na SAF, a produção de anticorpos que atacam especificamente proteínas ligadas aos fosfolipídios resulta em uma coagulação anormal, com o consequente aumento do risco de eventos trombóticos, sendo esta a principal manifestação da doença”, explica Marília Furquim, reumatologista da Imuno Brasil.

Outro alerta da especialista para a SAF é que ela pode, inclusive, se manifestar durante a gestação e gerar complicações como abortos repetitivos, óbitos fetais, pressão alta e parto prematuro.

Ainda, a doutora chama a atenção para os fatores que podem reduzir o risco de trombose em pacientes autoimunes e mostra uma abordagem multidisciplinar eficiente:

– Monitoramento regular da saúde vascular;

– Manter um estilo de vida saudável com a prática de exercícios físicos regulares e dieta equilibrada;

– Evitar a todo custo outras condições que aumentam o risco de trombose, como o tabagismo e a imobilidade;

– Seguir sempre as recomendações médicas a fim de evitar complicações graves e controlar o estado inflamatório das doenças autoimunes

Com Assessorias

 

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